O agronegócio da batata envolve cerca de 5 mil produtores numa área de produção anual de cerca de 130 mil hectares. O cultivo contribui também para renda e segurança alimentar de milhares de pequenos produtores. A produção brasileira, alicerçada em poucas cultivares oriundas da Europa e da América do Norte, serve basicamente para o abastecimento do mercado interno, sendo 70% canalizado para o mercado fresco, 10% para indústria de chips e palha e 10% para indústria de produtos pré-elaborados congelados, especialmente palitos pré-fritos. As áreas de cultivo concentram-se nas regiões tropical (65%) e subtropical (35%). Particularidades intrínsecas a estes ecossistemas fazem com que as cultivares importadas sejam altamente demandantes de insumos, elevando os custos de produção, além de apresentarem limitações quanto às épocas propícias de cultivo em função, principalmente, de restrições impostas pela ocorrência de temperaturas elevadas ao longo do ciclo. Fato agravado com as tendências globais de mudanças climáticas.
Nessa circunstância, o desenvolvimento de cultivares com maior adaptação ao cultivo no país é fundamental para a sustentabilidade da cadeia da batata. Além de melhor adaptação às condições brasileiras, os distintos segmentos de mercado apresentam demandas específicas que direcionam o programa de melhoramento.
No segmento de batata fresca uma única cultivar estrangeira ocupa 90% do mercado, a qual, embora apresente elevado potencial produtivo e com excelente aparência de tubérculo, não apresenta versatilidade de uso, além de vida curta de prateleira. Nesse contexto, será desenvolvida a Solução para Inovação 1 (S1), que prevê a disponibilização de cultivares para mercado fresco, com multiuso culinário, elevado potencial produtivo, adaptadas às condições de elevada temperatura e baixa amplitude térmica.
Com relação à indústria a mudança de hábito dos consumidores promoveu expressivo crescimento no setor. Como resultado, há uma pressão para o aumento de área para produção de batata para atender este segmento, que é dividido em dois mercados, indústria de chips/palha e de palitos. A expansão desses mercados está condicionada ao suprimento de matéria-prima adequada, em quantidade e qualidade. Assim, cultivares desenvolvidas com foco em batata para indústria, além das características que atendam aos requisitos para o adequado processamento devem ter atributos agronômicos, como elevada produtividade e adaptação às principais regiões produtores, cuja tolerância ao calor é imprescindível, bem como atributos de pós-colheita (capacidade de armazenamento refrigerado), que assegurem estabilidade de produção e abastecimento da indústria ao longo do ano.
Nesse sentido, será desenvolvida a Solução para Inovação 2 (S2), que prevê a disponibilização de cultivares para indústria de processamento na forma de palitos pré-fritos congelados e para a indústria de processamento na forma de chips/palha, com elevado potencial produtivo, qualidade de fritura e adaptadas às condições de elevada temperatura e baixa amplitude térmica. Um terceiro segmento pujante no país é o mercado de produtos orgânicos, assim como também é crescente o foco em alimentos funcionais, ou seja, de batatas de polpa colorida, com presença de carotenoides e antocianinas.
No mercado brasileiro predominam batatas de película e polpa clara, não havendo disponibilidade de batatas coloridas. Nesse contexto e para aprimorar e desenvolver novos mercados, será desenvolvida a Solução para Inovação 3 (S3), que prevê a disponibilização de cultivares, com características para nichos especiais de mercado, com foco na satisfação e saudabilidade do consumidor. Esses produtos serão desenvolvidos utilizando metodologia geral aplicada em programas de melhoramento de batata, promoção e transferência de novas cultivares.
Para concretizar a disponibilização dos ativos propostos, o programa de melhoramento genético de batata possui uma forte parceria com Associação Brasileira da Batata, que estabelece os locais e produtores para as unidades de observação dos clones em desenvolvimento, assim como contratos com as principais indústrias do país para os mercados de chips/palha e de palitos pré-fritos congelados. Com isso, assegurando que os produtos desenvolvidos pelo programa estejam diretamente vinculados à cadeia da batata. Os trabalhos serão iniciados com materiais remanescentes de projeto anterior.