A expedição
No dia seguinte, a expedição saiu após um farto café da manhã. As crianças seguiam em frente, acompanhadas por Leão, o cão de Estela. Mais atrás, os pais e os avós dos garotos caminhavam animados. Logo chegaram à cachoeira, que estava com a mesma aparência, feiosa, do dia anterior. Após uma rápida olhada, o grupo decidiu seguir o curso d’água, procurando indícios para solucionar o mistério da água turva do córrego.
No primeiro trecho percorrido, a vegetação era bastante espessa e nunca fora cortada. Havia lá algumas árvores cujos troncos eram tão grossos que podiam ser abraçados por uma dúzia de pessoas, uma ao lado da outra. Além disso, a fauna da mata refletia a sua própria preservação: macacos de diversos portes, aves multicoloridas, antas, jaguatiricas e pacas eram exemplos dos animais que por ali passavam.
Após uma hora de caminhada, de repente a mata mudou de configuração. Ficou mais aberta, com menos árvores de grande porte e com menos vestígios de animais. Depois de alguns passos, o grupo encontrou, em plena mata, uma clareira, que não era nada natural. E, nesse ponto, uma pastagem alcançava a água.
Segundo o avô de Amai, havia naquele trecho pegadas de gado por toda a parte, as quais pareciam esmagar as plantas, transformar a terra em lama, e fazer que essa lama se misturasse à água, deixando-a turva e barrenta.
– Esse sítio é do José, mas eu não sabia que ele estava criando gado. - comentou Ana.
– Ele comprou umas rezes há poucas semanas, disse vô Mazico. Encontrei-o na estrada quando aguardava a entrega delas. Só não sabia que ele havia limpado a área para que elas viessem pastar e beber água aqui…
– Na escola, vô, falaram que isso não é "limpar". O nome certo seria "desmatar"! Aliás, o professor disse também que tirar esse pedaço de floresta não é algo legal. - completou Amai, com ar sério.
– É verdade! - acrescentou estela. Também na minha escola os professores disseram que esse desmatamento pode provocar aumento da temperatura da água. Ensinaram, ainda, que isso influencia no crescimento de algas, e pode até levar à morte dos peixes. Além do mais, a retirada da mata pode facilitar a entrada de areia na água, o que a deixará escura e barrenta... como aconteceu aqui, ó, entre vários outros problemas.
- O que faremos? – perguntou Arthur.
– Sim! O que faremos? – retrucaram Amai e Estela.
– Precisamos pensar com calma, disse Ana. Afinal, a propriedade é dele…
– Sim! De fato esse sítio é dele! Porém, há leis – a ser cumpridas por todos nós – que regulamentam atividades de desmatamento, para que essas atividades jamais venham a prejudicar a natureza, em qualquer que seja o lugar – argumentou Alceu. Assim, sugiro voltarmos ao sítio, e lá pensarmos numa solução para esse problema.
E assim o fizeram.