Cinco etnias são contempladas na nona edição dos "Diálogos Agroecológicos com Povos Indígenas"
Cinco etnias são contempladas na nona edição dos "Diálogos Agroecológicos com Povos Indígenas"
Na linha do tempo dos cursos “Diálogos Agroecológicos com povos indígenas”, que acontecem desde 2004 e que já contemplaram diversas etnias, a nona edição realizada no período de 18 a 22 de setembro apresentou uma característica diferenciada das outras versões anteriores: o “Diálogos Agroecológicos Sobre Conservação e Uso de Recursos Genéticos e Segurança Alimentar – Povos Indígenas da Terra Indígena Parque do Tumucumaque e Terra Indígena Paru d’Este”, coordenado pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília-DF), contou com a participação de cinco etnias de uma só vez: Tiriyá, Katxuyana, Txikiyana, Wayan e Aparaí, pertencentes ao chamado Complexo Tumucumaque, localizado em grande parte no norte do Pará e numa pequena faixa do Amapá.
Desde o início dos cursos a Embrapa Hortaliças (Brasília-DF) é parte integrante da programação por tratar de temas de interesse dos grupos indígenas, cujas demandas passam fundamentalmente por dois princípios básicos: como ajudar os povos a enfrentar os desafios da conservação dos recursos genéticos e quais ações poderiam ser desenvolvidas com vistas ao resgate dos alimentos tradicionais dos grupos, para os quais as perdas de espécies ancestrais de plantas cultivadas pelas tribos representam também o desaparecimento de suas raízes culturais. Nesse processo, a contribuição da Embrapa é fundamental, de acordo com Cecília Awaeko, da etnia Apalai, para quem “os diálogos mostraram que não só é possível resgatar uma tradição alimentar que se perdeu, como entender a importância de novas práticas para ajudar a recuperar a saúde da terra”.
“Antigamente, a gente não precisava se preocupar porque sempre mudava de lugar, a terra ganhava outros cultivos e renovava automaticamente. Hoje, como ficamos sempre no mesmo espaço, a terra começa a ficar fraca, o que prejudica a planta e a produção de sementes – para corrigir isso, a Embrapa chamou a atenção para a necessidade de colocar ‘vitamina’ na plantação”, anota Cecília. Um dos pontos altos da visita, segundo ela, foi o “reencontro” com a batata-doce Guariba, que era cultivada por sua tribo e se perdeu ao longo do tempo. “Ter a oportunidade de poder resgatar um alimento que considerávamos perdido fez valer a pena ter feito essa longa viagem até Brasília”.
Vale destacar que além da Embrapa Hortaliças, a programação capitaneada pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia envolveu também uma visita à Ecovila Aldeia do Altiplano e à Embrapa Cerrados (Planaltina-DF), encerrada numa roda de conversa na Embrapa Sede, com temáticas de interesse da população indígena do Brasil.
MEMÓRIA
O volume 2 da Coleção Povos e Comunidades Tradicionais, lançada durante a realização do VI Congresso Latino-Americano de Agroecologia e X Congresso Brasileiro de Agroecologia (12 a 15/09/2017), contou com a participação dos pesquisadores da Embrapa Hortaliças Nuno Madeira, Neide Botrel, Geovani Amaro e Sabrina Carvalho.
Intitulado “Diálogos agroecológicos: conservação da agrobiodiversidade e segurança alimentar indígena” o capítulo I do segundo volume traz uma retrospectiva das cinco etnias representadas nos diálogos a partir de 2004 – Krahô, Apinajé, Canela, Kayapó, Pareci e Xavante – juntamente com as características relacionadas a cada povo.
“Cada visita que recebemos de cada um desses grupos cria novas oportunidades, novos olhares e trocas de saberes”, registra a pesquisadora Neide Botrel, que divide a coordenação dos cursos na Embrapa Hortaliças com o pesquisador Nuno Madeira.
Anelise Macedo (MTB 2.749/DF) com colaboração de Gislene Alencar (MTB/MG 05653JP)
Embrapa Hortaliças
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