Brasileiros e chineses trocam experiências sobre cadeia produtiva do bambu
Brasileiros e chineses trocam experiências sobre cadeia produtiva do bambu
Com o objetivo de realizar intercâmbio de conhecimentos sobre o bambu, uma equipe composta por pesquisadores da Academia Chinesa de Floresta (Chinese Academy of Forestry, CAF) e do Centro Nacional Chinês de Pesquisa em Bambu (China National Research Center of Bamboo) esteve no Brasil, entre os dias 8 a 21 de outubro, com uma extensa agenda em São Paulo, Brasília e Acre.
No Acre, os pesquisadores chineses estiveram na Floresta Estadual do Antimary, onde puderam conhecer o Plano de Manejo para Extração Madeireira e uma área com alta incidência de bambu. A equipe também esteve no Projeto de Desenvolvimento Sustentável Bonal. A visita começou pelas obras da agroindústria de processamento de palmito de pupunha e, na sequência, os pesquisadores ministraram uma palestra sobre o plantio de bambu para produção de broto comestível.
Cerca de 20 produtores rurais participaram da conversa. Para o agricultor Moisés Bezerra da Costa a possibilidade de produzir brotos de bambu em conserva é animadora. “Nós temos grande interesse em fazer nossa agroindústria funcionar o ano todo. Quando finalizarmos a construção, vamos processar o palmito de pupunha até outubro, época em deixamos de colher para que a planta rebrote. E para a fábrica não parar, queremos diversificar e o broto de bambu é uma boa alternativa”, afirma.
O Centro de Vocação Tecnológica para o Bambu, vinculado à Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac), ajudou a organizar a visita e possui um projeto de fomento à produção de bambu na Bonal. A bióloga e coordenadora da Divisão de Sementes Florestais da Funtac, Rosângela Melo, explica que pretende instalar um plantio experimental lá. “Temos prevista a aquisição de mudas e já cadastramos oito agricultores interessados em destinar uma parte da sua área para o cultivo do bambu. Por isso trouxemos os chineses aqui, para que eles pudessem incentivar os moradores a plantar bambu e produzir brotos como alimento, que é o primeiro produto do longo ciclo do bambu e pode gerar renda”, afirma.
Os pesquisadores chineses pretendem elaborar um novo projeto a ser apresentado ao governo chinês, com mais ações para troca de conhecimentos. “Nós notamos as diferentes condições ambientais em que ocorre o bambu aqui e na China. Às vezes, essa floresta com bambu é vista como um problema pela população local, especialmente as espécies de Guadua. Acreditamos que podemos, com a experiência chinesa, ajudar o Acre a driblar estas dificuldades, com a proposição de novas formas de processamento do bambu nativo, bem como incentivando a introdução e o cultivo de novas espécies”, afirma o vice-presidente da Academia Chinesa de Floresta, Huang Jian.
Em São Paulo, a delegação esteve em Tatuí, onde ministrou dois cursos, um sobre manejo da moita de bambu para produção de brotos comestíveis e outro sobre produção de mudas de bambu. Foi realizada ainda visita ao viveiro da Associação Brasileira de Produtores de Bambu (Aprobambu). Em Itapeva, os chineses visitaram o Centro de Capacitação Tecnológica em Bambu da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), quando ministraram palestra para estudantes, agentes governamentais e agricultores e anunciaram a doação de equipamentos ao município para produção de brotos de bambu. “Essa parceria é fundamental porque disponibiliza a tecnologia correta, nós não vamos começar do zero. Já teremos condições de iniciar com técnicas que permitem elevar a produtividade, a escolher as melhores espécies e como operar de maneira rápida e econômica, com menor tempo de cozimento do broto”, afirma a coordenadora do Centro de Capacitação Tecnológica em Bambu, a professora Juliana Cortez, da Unesp Itapeva.
“No Brasil, as condições para cultivo do bambu são excelentes, por isso é importante estarmos juntos, podemos aprender muito e pode ser uma boa alternativa para os dois países” afirmou o pesquisador da Academia Chinesa de Floresta, Ding Xingcui.
Em Brasília, os pesquisadores estiveram na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e conversaram sobrea as formas de ampliar o intercâmbio de material genético de bambu entre os dois países. O intuito da delegação da CAF é tornar esse processo mais simples e ágil através de instrumentos mais específicos de cooperação para esse fim. “Mais do que intercâmbio de material genético, o trabalho conjunto com a China vai envolver pesquisas de adaptação das espécies chinesas às condições brasileiras, caracterização genética, conservação e também multiplicação a partir de técnicas de propagação in vitro”, disse o chefe-geral da Unidade, José Manuel Cabral, que recebeu a delegação junto com outros pesquisadores.
Memorando de Entendimento
Em 2011, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) assinou um Memorando de Entendimento (MoU) com o Ministério de Ciência e Tecnologia da China (MOST) para fortalecer a cadeia produtiva de bambu no Brasil. Um dos focos dessa parceria é troca de conhecimentos entre diversos atores e por isso a vinda dos pesquisadores chineses ao Brasil. “A Embrapa é a instituição executora pelo lado brasileiro, enquanto a CAF é a instituição executora pelo lado chinês”, esclarece a articuladora de Cooperação Internacional da Embrapa Acre, Patrícia Drumond, responsável pelas ações executadas no âmbito do memorando.
Em 2017, cerca de 30 profissionais brasileiros estiveram na China, foi o caso do engenheiro florestal Bruno Flangini, que possui uma marcenaria em Rio Branco e pretende atuar com ripas de bambu, do empresário Jandir Sandrin Júnior, da Laminados Triunfo, e da bióloga da Funtac Rosangêla Melo, entre muitos outros pesquisadores e profissionais que atuam nos diversos segmentos que compõem a cadeia produtiva de bambu no Brasil.
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