12/09/18 |   Family farming  Agroindustry  Food security, nutrition and health

Embrapa realiza Dia de Campo sobre qualidade do leite em Valença (RJ) e Rio Preto (MG)

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Photo: Aline Bastos

Aline Bastos - Participantes do Dia de Campo de Valença (RJ) em frente ao tanque coletivo de armazenamento de leite cru.

Participantes do Dia de Campo de Valença (RJ) em frente ao tanque coletivo de armazenamento de leite cru.

Nos dias 31 de agosto e 1º de setembro ocorreu os Dias de Campo de Higienização de Tanques de Leite nos municípios de Rio Preto (MG) e Valença (RJ), promovido pela Embrapa Agroindústria de Alimentos, Embrapa Gado de Leite e parceiros. O objetivo foi repassar orientações técnicas para produção de leite com qualidade, desde a ordenha até o transporte para o laticínio, com foco em protocolos de higienização de tanques coletivos refrigerados de armazenamento de leite cru. Nos dois dias eventos, participaram cerca de 40 agricultores familiares, produtores de leite, técnicos extensionistas rurais e pesquisadores. 

A programação dos Dias de Campo de Higienização de Tanques de Leite contemplou três estações: cuidados na ordenha; higienização de tanques coletivos de armazenamento de leite; análises e pagamento por qualidade. Os eventos também marcaram a instalação de duas Unidades Demonstrativa de Referência de Higienização de Tanques de Leite: uma no tanque comunitário da Associação dos Produtores Rurais do Vale de Santana (APROVAS), em Rio Preto (MG), e outro no distrito de Coroas em Valença (RJ), ligado à Cooperativa Boa Nova. Um manual e um folder contendo, de forma detalhada, as orientações técnicas, normativas e legais relacionadas à produção, higienização dos tanques, armazenamento e transporte de leite também foram distribuídos aos participantes. “Com o apoio da Emater-MG, da Cooperativa Boa Nova e de outros parceiros, a proposta agora é expandir essas recomendações técnicas para outros tanques coletivos de agricultores familiares nas principais bacias leiteiras do Estado do Rio de Janeiro e Minas Gerais, que produzem mais de 30 mil litros de leite diariamente”, afirmou André Dutra, analista da área de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agroindústria de Alimentos, e líder do projeto que visa a manutenção da qualidade do leite cru obtido em condições adequadas de ordenha, através de procedimentos operacionais adequados de higienização do tanque de resfriamento.

Cuidados na ordenha
Durante os Dias de Campo, a equipe da Embrapa Gado de Leite repassou orientações técnicas ligadas à ordenha de vacas leiteiras, e apresentou o Kit Embrapa de ordenha  para produção de leite com qualidade. “Os cuidados na ordenha demandam utensílios simples e de baixo custo; e leva menos de dois minutos. É preciso estabelecer uma rotina de ordenha em cada propriedade, pois é um investimento com alto retorno e que beneficia a todos”, orientou Sérgio Rustichelli Teixeira, pesquisador da Embrapa Gado de Leite (MG). Espera-se que o uso do Kit Embrapa, com suas variações e adaptações, possa contribuir com a melhoria da qualidade do leite e, com isso, aumentar a renda do produtor e a qualidade dos produtos lácteos que chegam às indústrias e ao consumidor. 

O consumidor final está cada dia mais exigente, dispensando produtos de baixa qualidade e disposto a pagar um pouco mais por qualidade. Leites, queijos, manteigas e iogurtes de qualidade dependem essencialmente de uma matéria-prima produzida de forma higiênica e respeitando os protocolos sanitários. “Precisamos sempre buscar melhorar a cada dia a qualidade do leite produzido na nossa região e incentivar aquele produtor que tem dificuldade”, afirma Viviane Clementino, extensionista da Emater-MG, uma das apoiadoras do evento. 

Higiene do tanque de armazenamento
Com a obtenção de leite de qualidade durante a ordenha é imprescindível tomar todas as precauções para manutenção dessa qualidade até o consumo. Nos tanques comunitários de Rio Preto (MG) e Valença (RJ) foram apresentados os novos protocolos de higienização do tanque que envolve as etapas de limpeza e sanitização. A limpeza é realizada com água a temperatura ambiente e auxiliada  com esponja de espuma, escova com cerdas de nylon e detergente neutro ou alcalino clorado. “Para  etapa da sanitização, recomendamos o uso de produtos registrados na Anvisa, como o hipoclorito de sódio ou cálcio, dicloroisocianurato e o dióxido de cloro estabilizado, sendo esse último dispensado do enxágue após aplicação e tempo de contato. Isso é fundamental, já que muitas vezes a água utilizada no meio rural não recebe tratamento adequado e pode voltar a contaminar o recipiente de armazenamento no final do processo”, afirma André Dutra. Testes iniciais com o dióxido de cloro estabilizado no tanque comunitário de Coroas, em Valença (RJ) indicaram uma redução do nível de bactérias na superfície do tanque de armazenamento de leite cru de 14800 UFC/cm2 para menos que 9 UFC/cm2, sendo UFC: unidade de formação de colônias. A equipe da Embrapa já avalia realizar um estudo mais amplo e controlado para validar esse resultado.

Análises e pagamento por qualidade
Há dois parâmetros de qualidade de leite: contagem de bactérias totais (CBT), relacionadas à higiene desde a ordenha; e contagem de célula somáticas (CCS), relacionadas a doenças como mastite. Quanto menor as taxas de CBT e CCS, maior é a qualidade do produto. A veterinária da Cooperativa Boa Nova, Fernanda Silva, que trabalha com qualidade de leite repassando orientações técnicas para mais de 300 cooperados, alertou aos participantes do Dia de Campo em Valença (RJ) que, segundo dados recentes da Clínica do Leite, mais de 80% dos laticínios no Brasil já realizam pagamento por qualidade. Portanto, não é algo para se preocupar no futuro, mas sim agora, no presente. “Quem não conseguir oferecer leite com qualidade, em breve estará fora do mercado. Estamos ajustando a nossa política de pagamento para premiar cada vez mais o bom produtor”, disse Júlio César Costa, diretor da Cooperativa Boa Nova, de Valença (RJ), um dos apoiadores do evento. 

Muitos produtores rurais ainda não consegue obter um leite com mais qualidade, porque ainda se prendem a práticas repassadas de pai para filho, e que garantiram a subsistência de toda a família por mais de uma geração. “Não conseguiremos ser mais bem remunerados se não nos adequarmos à legislação e às novas técnicas para melhorarmos a qualidade do nosso produto. Fico contente em saber que a Embrapa está aqui para nos ajudar nisso”, afirma David Ramos, presidente da Associação dos Produtores Rurais do Vale de Santana (APROVAS), em Rio Preto (MG), cujo lema é “Associados produzindo leite de qualidade”. Outros três presidentes de associações de produtores de leite do sul de Minas Gerais também participaram do Dia de Campo em Rio Preto: Mauro Cunha, da Associação dos Produtores Rurais Casa de Pedra, Sílvio Oliveira, da Associação dos Produtores Rural de São Jorge; Marina Oliveira, da Associação dos Produtores Rurais do Tanque de São Miguel. Essa última, durante o evento, já fez o convite à Embrapa para a realização de um Dia de Campo para seus associados em 2019.  

Aline Bastos (MTb 31.779/RJ)
Embrapa Agroindústria de Alimentos

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