A indústria cervejeira nacional consome, atualmente, cerca de 1,3 milhões de toneladas de malte. Por sua vez, a indústria de malte instalada no Brasil supre ao redor de 40% deste volume, consumindo cerca de 680.000 t de cevada. Assim, o setor produtivo de cevada vem suprindo, em média, apenas 30 % deste consumo. O agronegócio brasileiro de cevada e malte gera renda anual superior a US$ 100 milhões, ocupando terras, maquinário e mão de obra de mais de cinco mil propriedades. A produção contratada antes do plantio garante à cevada cervejeira liquidez de mercado, estimulando a inovação tecnológica da produção. Além disso, a cevada vem sendo importante alternativa de inverno nos sistemas de produção de grãos na Região Sul e, mais recentemente, também em regiões de produção irrigada do Sudeste e Centro-Oeste. Para ser produzida, a cevada precisa apresentar vantagem econômica em relação ao trigo, necessitando estar em constante evolução tecnológica. Nesse sentido, faz-se imperativa a disponibilidade de material genético cada vez mais competitivo - qualidade industrial, produtividade e resistência a doenças são demandas pelos produtores e malterias, também em constante evolução tecnológica. Dentre as tecnologias de produção, a disponibilização contínua de cultivares tem sido a maior contribuição da Embrapa a este agronegócio. Diante da possibilidade de expansão da produção de cevada, a demanda por novas cultivares é crescente, caracterizando grande oportunidade para o programa de melhoramento da Embrapa seguir impactando positivamente esta cadeia agroindustrial. O projeto tem por objetivo a criação de cultivares mais competitivas e a contínua melhoria da base genética utilizada. O material genético criado no âmbito do projeto, quando incorporado ao sistema produtivo, deverá contribuir para o aumento da produtividade média atual em, pelo menos, 500 kg/ha e para a redução do número de aplicações de fungicidas na Região Sul, assim como para a consolidação/expansão da produção comercial em regime irrigado nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do País. Ademais da melhoria da base genética do programa de melhoramento de cevada da Embrapa, busca-se a inovação tecnológica do processo de seleção via ferramentas biotecnológicas, a identificação de fontes efetivas de resistência a doenças e a análise genética de características de interesse para o melhoramento da espécie no Brasil. As linhagens geradas serão avaliadas quanto ao valor de cultivo e uso, caracterizadas para DHE e validadas agronômica e qualitativamente nas regiões de adaptação pela Embrapa Trigo em parceria técnico-financeira com todas as empresas de fomento à produção de cevada no País (AmBev, Agrária, Grupo Petrópolis e Malterie Soufflet Brasil). Além de aporte financeiro para a operacionalização das atividades, as empresas executarão ensaios VCU e, principalmente, a caracterização qualitativa necessária para utilização pela indústria, além da inclusão das cultivares registradas à produção comercial para fins cervejeiros. As cultivares aprovadas como cervejeiras serão registradas e protegidas pela Embrapa e transferidas, pelas empresas parceiras formais da Embrapa e participantes do projeto, aos setores produtivos de sementes e de grãos.