Tripes

Conteúdo atualizado em: 18/02/2022

Autores

Alexandre Pinho de Moura - Embrapa Hortaliças

Jorge Anderson Guimarães - Embrapa Hortaliças

Miguel Michereff Filho - Embrapa Hortaliças

 

Os adultos de T. palmi são insetos pequenos, têm asas estreitas e franjadas, medem cerca de 1 mm de comprimento, apresentam coloração amarelo-clara e são cobertos de cerdas grossas e de coloração preta. Suas ninfas são ápteras, muito ativas e têm a coloração amarelada. Tanto os adultos quanto as ninfas vivem na face inferior das folhas. As fêmeas adultas inserem seus ovos na epiderme das folhas, os quais têm coloração esbranquiçada e formato de rim. A pupação ocorre no solo. Esses insetos completam seu ciclo de desenvolvimento em 21 a 25 dias em condições torpicais, a depender também do hospedeiro.
 
As fêmeas de T. tabaci são de coloração que varia do amarelo-claro ao marrom e possuem em torno de 1 mm de comprimento e 2 mm de envergadura. Têm asas longas, estreitas e franjadas, pernas mais claras que o corpo, abdome com 10 segmentos, ovipositor curvado para baixo e com vários dentes. Cada fêmea põe de 20 a 100 ovos durante toda sua vida, ou seja, durante cerca de 20 dias. Seus ovos são colocados nos tecidos mais tenros das folhas, de onde eclodem ninfas cerca de quatro dias após a oviposição, as quais têm cerca de 1 mm de comprimento e apresentam coloração amarelo-esverdeada.
 
Esses insetos formam colônias e alimentam-se de seiva, colocando seus ovos nas partes da planta onde, posteriormente, procedem ao ataque. As ninfas diferem dos adultos por serem mais claras e por possuírem as pernas e as antenas quase incolores. O período ninfal de T. tabaci varia de 5 a 15 dias, a depender da temperatura ambiente. Suas ninfas passam por um período de imobilidade de cerca de 24 horas, na própria planta ou no solo. Tanto adultos quanto ninfas alimentam-se sugando a seiva das plantas.
 
A espécie F. schultzei é maior quando comparada às outras duas descritas anteriormente, apresentando de 1 a 3 mm de comprimento, coloração variável e asas relativamente longas e franjadas. Suas formas jovens (ninfas) distinguem-se dos adultos por possuírem coloração mais clara e por não apresentarem asas (ápteras). Normalmente seu ciclo tem duração de 15 dias. Essa espécie é considerada uma das mais importantes em várias regiões do Brasil, atacando, além das solanáceas, o algodão, o amendoim, o sorgo, a cebola e diversas espécies de plantas ornamentais
 
As três espécies de tripes são consideradas polífagas, transferindo-se facilmente dos restos de cultura de uma determinada lavoura ou de plantas daninhas para a pimenteira. Esses insetos reproduzem-se muito rapidamente, sendo sua proliferação favorecida em períodos quentes e secos, mas também pode surgir em condições de baixas temperaturas associadas à estiagem. Tanto os adultos quanto as ninfas causam grandes danos à cultura. Alimentam-se em grupos nas folhas, ao longo das nervuras; no caule, próximo às gemas de crescimento; nas flores, nas pétalas e nos ovários em desenvolvimento; e na superfície dos frutos, que ficam deformados, sem brilho e ásperos. Provocam numerosas cicatrizes e deformações, podendo levar a planta à morte.
 
Além dos danos diretos, os tripes são responsáveis por causarem danos indiretos por meio da transmissão do vírus do vira-cabeça-do-tomateiro (“Tomato Spotted Wilt Virus – TSWV”, “Groundnut Ring Spot Virus – GRSV” e “Tomato Chlorotic Spot Virus – TCSV”). Os sintomas mais comuns dessa virose são os seguintes: mosaico amarelo, faixa verde nas nervuras e anéis concêntricos nas folhas, paralisação do crescimento e deformação dos frutos. Os prejuízos decorrentes do ataque desses insetos variam de acordo com a época de ataque. Plantas infectadas ainda na sementeira ou logo após o transplantio têm a produção totalmente comprometida, enquanto plantas infectadas tardiamente têm sua produção quantitativa e qualitativa menos afetadas.

Controle
 
Os tripes devem ser amostrados da mesma maneira como foi descrito para os pulgões e o nível de controle adotado para esses insetos-praga é de um inseto adulto por ponteiro.
 
Assim como comentado anteriormente para os pulgões, o combate aos tripes deve ser realizado de forma integrada, utilizando-se de diversas táticas de controle e preventivamente. Deve-se dar prioridade, portanto, à produção de mudas em viveiros localizados longe dos campos de produção e protegidos por telas que não permitam a entrada dos tripes. O uso de cultivares de pimenteira tolerantes ou resistentes às viroses é outro fator importante e que deve ser considerado em programas de manejo integrado dessa praga.
 
Evitar plantios novos em áreas adjacentes a plantios mais antigos, bem como a instalação de lavouras de forma escalonada e realizar a erradicação de plantas hospedeiras nativas, de solanáceas silvestres e de solanáceas cultivadas voluntárias são medidas que também devem ser adotadas objetivando o controle dessa praga. Outras medidas de controle como realizar a eliminação de plantas infectadas com viroses, a incorporação ou a queima de restos culturais e a implantação de barreiras vivas (Crotalaria, milho ou sorgo) ao redor da área de cultivo também podem e devem ser adotadas.