Visando não apenas atender as questões emergenciais, mas principalmente realizar um diagnóstico aprofundado da realidade e elaborar um plano de trabalho de recuperação e fortalecimento da vitivinicultura no Estado do Rio Grande do Sul é o objetivo do Grupo de Trabalho (GT) em prol da Vitivinicultura, que realizou sua primeira reunião na quarta-feira, dia 12 de junho, na Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves. Esse GT foi criado na reunião da Câmara Setorial da Uva e do Vinho, ocorrida em 21/05/2024, visando a atenção aos impactos das chuvas extremas registradas ao longo do mês de maio. “A proposta deste trabalho é verticalizar as ações técnicas de entidades diretamente ligadas ao setor para a recuperação da vitivinicultura nas áreas impactadas no estado”, pontuou Henrique Pessoa dos Santos, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Uva e Vinho, que coordena a iniciativa. Serão diferentes ações, atualmente realizadas de forma independente, em prol do setor. O trabalho envolve duas grandes etapas: o diagnóstico detalhado dos impactos nas propriedades e o conjunto de medidas para recuperação das propriedades. Iniciando os trabalhos, nesta primeira reunião aconteceram apresentações e discussões sobre o diagnóstico da situação. Thompsson Didone, chefe do Escritório da Emater/RS-Ascar Bento Gonçalves, compartilhou os levantamentos iniciais realizados por drones e que no presente momento está realizando visitas individuais às propriedades para levantar um diagnóstico das perdas da propriedade de uma forma geral. “Ainda existem propriedades em que não conseguimos chegar. Além das perdas na viticultura, estamos levantando todas as perdas nas propriedades, elaborando laudos circunstanciais para termos uma dimensão dos prejuízos e de como está a nossa região” pontuou. Ele destaca que estes documentos são fundamentais para apoiar o desenvolvimento de políticas públicas. Os danos causados pelas fortes chuvas também foram apresentados pela pesquisadora da Embrapa Uva e Vinho Rosemary Hoff, a partir de imagens de satélite, expondo a real dimensão dos deslizamentos que ocorreram na região. “Já sabemos que diferentes entidades estão realizando levantamentos de prejuízos junto aos produtores. Contudo, queremos unir essas informações, agregando dados de empresas vinícolas, análises por mapeamento via satélite e as informações já compiladas da Plataforma Regional Sul (Equipe de pesquisadores da Embrapa, organizada desde o início do ano). Neste aprofundamento do diagnóstico, as áreas impactadas serão detalhadas nos aspectos geotécnicos e ambientais, buscando apoio de geólogos e outros profissionais, para classificação das áreas erodidas e degradadas e definição dos locais de riscos para ocupação e cultivos. Esse banco de dados único será importante para um diagnóstico preciso e o ajuste das reais necessidades das propriedades impactadas, definindo possibilidades para o agricultor permanecer em atividade”, pontuou Pessoa. A partir do diagnóstico detalhado, o grupo irá avançar no Plano de Trabalho para recuperação das áreas rurais, visando oferecer alternativas de manejo ou de aptidão de uso, visando a permanência a atividade rural. “Caso não seja possível ou não queiram permanecer na viticultura, nosso objetivo é apresentar outras possibilidades para que o produtor não abandone a propriedade”, destacou Pessoa. Dentre as possibilidades de ações iniciais que poderão ser abordadas, foram citadas a recuperação dos ambientes naturais e das áreas produtivas, a revisão do plano diretor rural, abarcando as questões de adaptação climática, entre outras. A proposta é que no próximo encontro (previsto para 26/06/2024) novos avanços no diagnóstico e nas definições de ações sejam já alinhados. Integram o grupo de trabalho representantes das seguintes entidades: Comissão Interestadual da Uva, Embrapa, IFRS-Campus Bento Gonçalves, Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul – CONSEVITIS-RS, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, SENAR, Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação, Emater/RS-Ascar.