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14/12/16 |   Transferência de Tecnologia

Sistema Plantio Direto em Hortaliças é apresentado a produtores de brócolis do sul de MG

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Foto: Raphael Melo

Raphael Melo -

Identificar cenários favoráveis ao uso de tecnologias sustentáveis tem sido uma premissa básica em ações previstas nas linhas de pesquisa da Embrapa Hortaliças (Brasília, DF). Um dos exemplos vem do sul de Minas Gerais, no município de Senador Amaral, onde foi apresentado o Sistema Plantio Direto em Hortaliças (SPDH) no cultivo de brócolis, cultura que tem registrado um substancial crescimento nos últimos anos – o plantio da hortaliça nessa região ocupa praticamente a metade da sua área de produção agrícola no estado. A apresentação do plantio direto de brócolis na palha a produtores ocorreu durante o Dia de Campo, realizado no dia nove de novembro último, promovido pelos pesquisadores Nuno Madeira, Raphael Melo e Agnaldo Carvalho, em parceria com a Emater-MG.

Grande produção e também muitos transtornos ligados à fitossanidade, principalmente aqueles relacionados à presença da hérnia das crucíferas - doença causada pelo fungo de solo Plasmodiophora brassicae, que sobrevive por muitos anos nas áreas infestadas - são comuns ao panorama local. Segundo os pesquisadores, o SPDH pode ser uma importante ferramenta para mitigar problemas fitossanitários e fisiológicos, possibilitando maior sustentabilidade e estabilidade à produção. A iniciativa, de acordo com Melo, foi um desdobramento do projeto "Transferência da Tecnologia Sistema Plantio Direto de Hortaliças para Multiplicadores e Produtores de Regiões Serranas do Sudeste Brasileiro", já encerrado, e que contemplava ações nessa linha.

"No sul do Minas Gerais, assim como nas demais localidades com a mesma topografia, o preparo de solo no cultivo de hortaliças é muito intenso e a preocupação com a conservação muito precária, situação que é agravada pelo fato de os produtores não serem donos das áreas cultivadas, mas apenas arrendatários, e sem vínculos permanentes com a terra não têm a mesma preocupação com as futuras lavouras, ou com as futuras gerações", destaca o pesquisador.

Ele explica que a escolha de Senador Amaral como o primeiro município a ser apresentada a tecnologia deveu-se à observação de que já existia nas áreas de produção uma prática de rotação de culturas, seja com aveia ou com milho, importantes na formação de palhada para o SPDH. Uma outra razão foi a demanda dos produtores, que estão se defrontando com dificuldades na produção de brócolis. "As áreas estão ficando cada vez mais degradadas, pela erosão, assoreamento dos recursos hídricos, em resumo por uma série de problemas ambientais, e os produtores estão percebendo que um fator preponderante para essas ocorrências tem origem na falta de conservação do solo".

A lavoura do senhor João Batista da Silva foi a escolhida para acolher o Dia de Campo por se tratar de um produtor com possibilidade de levar adiante o cultivo com o plantio direto. "Ele já dispunha de um maquinário pronto e se dispôs a fazer essa unidade demonstrativa, plantando aveia para deixar a cobertura e fazer o plantio de brócolis". As recomendações dos pesquisadores receberam o reforço de técnicos da Emater-MG, que também atuaram na promoção do evento ao convocar estudantes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais - Campus Inconfidentes, e agricultores da região, "atores fundamentais nas ações de transferência da tecnologia".

SISTEMA PLANTIO DIRETO

O Sistema de Plantio Direto em Hortaliças (SPDH) segue três princípios básicos: o revolvimento localizado do solo, restrito às covas ou sulcos de plantio; a diversificação de espécies pela rotação de culturas, com a inclusão de plantas de cobertura para produção de palhada; e a cobertura permanente do solo.

Entre os benefícios do SPDH apontados destacam-se a redução nas enxurradas em torno de 90% e nas perdas de solo em torno de 70%, minimizando processos erosivos; a economia de água em culturas irrigadas em até 30%; a diminuição na mecanização em até 75%; a regulação térmica proporcionada pela palhada com redução dos extremos de temperatura em até 10ºC na superfície do solo; incremento nos teores de matéria orgânica e maior ação biológica de minhocas e outros organismos; a menor dispersão de doenças, pelo não revolvimento do solo e redução de enxurradas e respingos; e a redução nas capinas pela barreira proporcionada pela palhada para as plantas infestantes.

Relatos de acompanhamentos realizados em áreas cultivadas com uso da tecnologia apontam que, em função da preservação ou recuperação da qualidade do solo, os níveis de adubação têm sido diminuídos sem prejuízo na produtividade de lavouras.

Anelise Macedo (MTB 2.749/DF)
Embrapa Hortaliças

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