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A cientista que revolucionou a agricultura

Falar de Johanna Döbereiner não é tarefa fácil. Mulher de personalidade forte, que desbravou a ciência e enfrentou diversos obstáculos até conseguir provar que suas pesquisas seguiam no caminho certo, ela sempre esteve um passo a frente da realidade da sua época. Acreditou em si e seguiu em frente. Venceu barreiras desde a juventude, quando, ainda bem nova, precisou deixar Praga às pressas, em um pós-guerra na República Tcheca que culminou com a perseguição da população de língua alemã - situação em que se enquadrava e que implicou na morte de sua mãe, em um campo de concentração.

Depois disso, na então Alemanha Ocidental, teve o contato com a terra e a agricultura. Trabalhou em fazendas para sustentar a si e aos avós e custear os estudos na Faculdade de Agronomia. Veio para o Brasil seguindo o pai, também ele um cientista, e foi nas terras brasileiras que aprendeu de verdade a fazer ciência. Seguindo os ensinamentos da mãe, que desde cedo primou pela educação isonômica entre ela e o irmão, sem diferenciação por causa do gênero, destacou-se em um universo predominantemente masculino. Conquistou o respeito de seus pares e, aos poucos, alçou isso a patamares superiores, sendo mundialmente reconhecida pelo seu trabalho.

Johanna foi cientista, mulher e mãe. Recebeu inúmeros prêmios e homenagens. Liderou a pesquisa na Embrapa Agrobiologia e orientou bolsistas que hoje estão espalhados pelo Brasil inteiro, quiçá pelo mundo. Foi chefe da Unidade, mas jamais deixou a pesquisa de lado para focar somente nos trâmites administrativos e burocráticos de uma instituição governamental de pesquisa. Acumulava funções com maestria, como se estivesse de fato regendo uma orquestra.

Tal dinamismo não foi ofuscado pelos anos de vida. Fosse aos 30 ou aos 70, Johanna mantinha o brilho no olhar, a rigidez na apuração dos dados e a convicção de que somente a ciência e a busca pelo conhecimento poderiam contribuir para uma agricultura mais sustentável. "Tenho ideias para mais 50 ou 60 anos. Não vou viver tudo isso. Temos que trocar informações e conhecimentos. A ciência precisa disso", dizia.

Seu nome entrou para a eternidade. Entre as muitas homenagens que recebeu - em vida ou póstumas - mais uma soma-se à lista: é a homenageada de 2016 da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, promovida em todo o País pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.

Conheça mais sobre a vida e a carreira de Johanna

 

Galeria de fotos

Produção científica

Ao longo de 50 anos de carreira, Johanna Döbereiner assinou mais de 500 publicações. Confira aqui os principais títulos e saiba como ter acesso a todos.

Prêmios e homenagens

Confira aqui os prêmios e homenagens recebidos por Johanna Döbereiner em vida. 

Na mídia

As quase cinco décadas de trabalho de Johanna Döbereiner repercutiram em jornais, tevês e revistas. Veja aqui um pouco do que foi publicado sobre ela.

O que eles falam sobre Johanna:


24/10/2016     
Legado de Johanna Döbereiner - depoimento de Maurício Lopes
Duração: 1:40"   ¦   276 Visualizações
10/10/2016
Legado de Johanna Döbereiner - depoimento de Eliseu Alves
Duração: 2:05"   ¦   403 Visualizações
28/09/2016
Legado de Johanna Döbereiner - depoimento de Mariangela Hungria
Duração: 1:44"   ¦   685 Visualizações
28/09/2016
Legado de Johanna Döbereiner - depoimento de Silvia Regina Goi
Duração: 3:15"   ¦   375 Visualizações


O legado: Johanna e as pesquisas sobre FBN

O cerne da pesquisa de Johanna Döbereiner sempre foi relacionado à fixação biológica do nitrogênio (FBN) e às bactérias capazes de realizar esse processo, por meio da captação do nitrogênio presente no ar e transformação em um elemento assimilável pelas plantas. Seus estudos avançaram a tal modo que contribuíram definitivamente para possibilitar o avanço do programa Pró-Álcool e também para colocar o Brasil como segundo maior produtor mundial de soja, atrás apenas dos Estados Unidos. A FBN possibilita a substituição de adubos químicos nitrogenados, oferecendo, assim, vantagens econômicas, sociais e ambientais para o produtor, para o consumidor e para o meio ambiente. Estima-se que a FBN tenha uma contribuição global para os diferentes ecossistemas da ordem de 258 milhões de toneladas de nitrogênio (N) por ano, sendo que a contribuição na agricultura é estimada em 60 milhões de toneladas.