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24/03/16 |   Manejo de Recursos Hídricos

Chuvas, navegação, consumo humano: palestras sobre água abordam usos e preocupações

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Foto: Ana Maio

Ana Maio - Público acompanha abertura do evento sobre água

Público acompanha abertura do evento sobre água

O Dia Mundial da Água foi comemorado nesta terça-feira (22) em Corumbá com uma série de palestras realizada no auditório Águas do Pantanal, na Embrapa Pantanal. A diversidade de temas envolvendo esse bem transformou a discussão em uma oportunidade para refletir sobre a sustentabilidade e os riscos envolvendo seus diferentes usos. 
 
O evento foi promovido pela Prefeitura de Corumbá, por meio da Secretaria de Saúde – Vigilância em Saúde Ambiental – em conjunto com a Embrapa Pantanal, UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Marinha do Brasil e Sanesul (Empresa de Saneamento do Estado de Mato Grosso do Sul). A abertura teve a participação da chefe-geral da Embrapa Pantanal, Emiko Resende, e da gerente de Vigilância em Saúde da prefeitura, Viviane Ametla. Antes disso, uma dupla de bailarinos da oficina de dança da prefeitura apresentou uma coreografia ao som da canção Cuitelinho (Paulo Vanzolini/Antônio Xandó).
 
Geohidro Pantanal
 
A primeira palestra ficou a cargo do pesquisador Antonio Carlos Padovani, da Embrapa Pantanal, que apresentou o Geohidro-Pantanal, um portal de informações hidrológicas da bacia do Alto Paraguai-Pantanal. Atualmente as informações estão hospedadas na rede social Facebook e podem ser acessadas pelo link: https://www.facebook.com/Geohidro-Pantanal-593932390647332/, mas em breve a Embrapa Pantanal deve disponibilizar o conteúdo em sua página.
 
Segundo Padovani, o objetivo do Geohidro é fornecer informações técnico-científicas. Para isso, o pesquisador utiliza diversas fontes e disponibiliza uma série de mapas. Ele afirmou que entre o conteúdo produzido estão os alertas de níveis de cheia, que influenciam diretamente atividades como a pecuária e a pesca na região. O primeiro alerta de cheia do Pantanal neste ano foi emitido no dia 8 de janeiro e permitiu que pecuaristas da região de Miranda e Aquidauana transferissem suas boiadas para áreas mais altas.
 
Padovani mostrou todo o potencial do portal, que traz ainda informações sobre chuvas acumuladas, dias sem chuvas, distribuição pluviométrica, previsões trimestrais, semanais e diárias de chuvas feitas por instituições brasileiras e estrangeiras, além de mapas indicando ventos, relevo e inundações. O pesquisador convidou o público presente a estudar essas informações para poder compreender melhor o Pantanal e trabalhar com planejamento em diversas áreas, inclusive a saúde pública.
 
Sinalização náutica
 
O segundo palestrante foi o capitão de Fragata Maurício dos Santos Silva, do 6º Distrito Naval da Marinha do Brasil. O tema abordado por ele foi Água e Navegação. O capitão começou apresentando o SSN (Serviço de Sinalização Náutica) do Oeste e explicou que, a partir de levantamento hidrográfico, oferece dois produtos: a sinalização náutica e a carta náutica.
 
Segundo ele, um dos serviços oferecidos pelo SSN é o "Aviso aos Navegantes", um conteúdo dinâmico que atualiza os responsáveis por embarcações a respeito de eventuais adversidades nas hidrovias. Maurício Silva falou ainda sobre o Fórum "Rumos da Hidrovia", realizado em novembro do ano passado, que discutiu ações para o desenvolvimento sustentável do transporte no rio Paraguai.
 
Unidades de conservação
 
As palestras continuaram com o professor Jorge de Souza Pinto, da UFMS, sobre Unidades de Conservação e ICMS Ecológico. Com formação em contabilidade e doutorado em meio ambiente e desenvolvimento sustentável, Jorge traçou uma perspectiva que une as duas áreas: a preservação da água e do ambiente depende de recursos monetários.
 
O professor lembrou que quando uma unidade de conservação é destruída, a coletividade enfrentará consequências. E mais: os impactos não ocorrem necessariamente no presente, e sim no futuro. Por isso as decisões envolvendo a gestão das UCs são importantes. 
 
Ele apresentou diversos dados sobre as unidades de conservação do Mato Grosso do Sul e apontou que, em 2014, o ICMS ecológico arrecadou R$ 68 milhões no Estado. Esse recurso é repassado aos conselhos municipais de meio ambiente, que definem sua aplicação. 
 
Vigiágua
 
Outra palestra foi realizada pela coordenadora de Vigilância em Saúde Ambiental, a bióloga Marly Santos. Ela mostrou como funciona o sistema de monitoramento da qualidade da água em Corumbá, o Vigiágua. O controle de coliformes totais e fecais, por exemplo, é feito regularmente nas áreas urbana e rural e nos assentamentos. A água coletada no município precisa ser enviada para análise em Campo Grande no prazo de 24 horas. 
 
Marly falou que durante as coletas, se for o caso, a equipe da secretaria já orienta moradores sobre o tratamento e armazenamento da água para consumo. Também ocorre a distribuição de hipoclorito de sódio nas áreas onde o tratamento é precário. 
 
A bióloga aproveitou a palestra para criticar o desperdício de água por parte da população e enumerou as principais doenças causadas por água contaminada, bem como as formas de preveni-las.
 
Hemodiálise
 
O último palestrante foi Marcel Marcondes, técnico em tratamento de água de uma clínica de hemodiálise de Corumbá. Ele explicou todo o processo de filtragem da água que é utilizada no tratamento de cem pacientes da cidade. Os números impressionam: de cada 10 mil litros de água que chegam, apenas 150 litros/hora são utilizados.
 
Isso ocorre, segundo ele, porque em um primeiro processo de filtragem a água é desmineralizada, saindo dos filtros sem quaisquer componentes minerais ou químicos. "Nessa etapa, 70% da água é desprezada", afirmou. A segunda etapa consiste na deionização – processo que a torna adequada para a hemodiálise. Mais uma vez, apenas 30% são aproveitados.
 
Marcel disse que a clínica tem dialogado com órgãos responsáveis para promover o reaproveitamento dessa água descartada. "Fizemos as contas e estamos jogando fora R$ 250,00 por hora com essa água que não é utilizada", afirmou. Os pacientes tratados em Corumbá utilizam os equipamentos até quatro horas por dia, três vezes por semana.
 
 

Ana Maio (Mtb 21.928)
Embrapa Pantanal

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