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Conservação e uso de parentes silvestres de plantas cultivadas reúne especialistas nacionais e internacionais na Embrapa
Foto: Claudio Bezerra
Marcelo Brilhante (esquerda) e Hannes Dempewolf, do Global Crop Diversity Trust
Especialistas do Brasil e do exterior participaram ontem (04/04) de reunião técnica sobre conservação e uso sustentável de parentes silvestres de plantas cultivadas na sede da Embrapa, em Brasília, DF. O objetivo foi discutir ações para incrementar o uso dessas espécies, que constituem um manancial genético à disposição da pesquisa agropecuária brasileira pelas características de adaptação ao meio ambiente desenvolvidas ao longo do processo evolutivo. O evento foi promovido pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e pelo Fundo Global da Diversidade Agrícola (Global Crop Diversity Trust - CBDT).
Nos parentes silvestres, podem estar as respostas para questões que afligem a sociedade contemporânea, como estresses climáticos e proliferação de pragas e doenças, entre outras. Entretanto, a introdução maciça de culturas exóticas e a destruição dos ambientes naturais representam ameaças iminentes a esse acervo vivo de conhecimentos. Segundo o chefe-geral da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, José Manuel Cabral, é importante incentivar o uso dos parentes silvestres em programas de melhoramento genético.
Já há pesquisas sendo feitas nesse sentido na Unidade. A pesquisadora Patrícia Messenberg apresentou os resultados de êxito obtidos com parentes silvestres de amendoim em programas de biotecnologia. “É importante que melhoristas de outras culturas comecem a adotar essa estratégia”, reforça Cabral.
A Embrapa e o Fundo Global da Diversidade Agrícola mantêm cooperação para intensificar as pesquisas nessa área desde 2015.
Projeto da Embrapa prioriza a conservação de parentes silvestres fora de seus habitats
Um dos estudos de caso apresentados ontem durante a reunião técnica foi o projeto liderado pelo pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Marcelo Brilhante, que conta com aporte financeiro de US$ 150 mil do Fundo Global. O projeto envolve outras cinco unidades da Embrapa – Arroz e Feijão, Clima Temperado, Cerrados, Hortaliças e Mandioca e Fruticultura – e tem como base interesses comuns entre a Embrapa e o Global Trust.
“Hoje, a prioridade do Fundo Global é a conservação ex situ (fora do local de origem) de parentes silvestres de espécies de importância para a alimentação, especialmente daquelas que constam do anexo I do TIRFAAA - Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos para a Alimentação e a Agricultura (cevada, batata, batata-doce, girassol, milho, milheto, arroz, feijão, berinjela, entre outras) ”, explica a chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Marília Burle.
Entre essas, foram definidas como bases de estudo do projeto quatro espécies de interesse para a agricultura mundial: arroz, batata-doce, batata e um cereal conhecido internacionalmente como finger millet, cujo nome científico é Eleusine coracana. A escolha dessas espécies de deve ao fato de possuírem parentes silvestres em várias regiões brasileiras, sendo que muitos ainda não estão conservados nos bancos genéticos do país. O objetivo das instituições é garantir a conservação dos parentes silvestres dessas espécies, com o máximo de variabilidade possível, a partir de ações de coleta aliadas à integração aos bancos de conservação.
Ações de pesquisa estão sendo definidas por análise GAP
As ações de pesquisa estão sendo definidas por análise GAP, ferramenta que permite melhorar processos e tarefas a partir do levantamento de lacunas existentes na situação atual para alcançar a situação ideal a partir do SIG – Sistema de Informação Geográfica. No caso da Embrapa, essa análise está sendo feita em bancos de dados de herbários brasileiros para conhecer a situação atual dos parentes silvestres dessas espécies que já foram coletados no Brasil, de forma a identificar as regiões em que essas ações precisam ser intensificadas ou, até mesmo, iniciadas. A ferramenta GAP tem sido usada também para avaliar os materiais conservados nos bancos de germoplasma brasileiros.
Por isso, o projeto envolve também instituições externas à Embrapa que trabalham com parentes silvestres, como o Ministério do Meio Ambiente e o Instituto de Botânica da Universidade de São Paulo (USP). Os representantes dessas instituições também estiveram presentes à reunião técnica.
Fernanda Diniz (MTb 4685/DF)
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
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