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Pint of Science discute efeitos das emissões de gases de efeito estufa da pecuária no aquecimento global
Pecuária e emissões de gases de efeito estufa foi tema da discussão realizada na noite de terça-feira (24), no Vila Brasil, em São Carlos (SP). O bar foi cenário do debate "Vacas, puns, arrotos e seus efeitos sobre o planeta", que teve a participação da pesquisadora Patrícia Anchão Oliveira (Embrapa Pecuária Sudeste), do professor Carlos Henrique Prado (Universidade Federal de São Carlos - UFSCar) e da jornalista Simone Bezerra, da Rádio UFSCar.
O bate papo fez parte de mais uma noite de discussões do Pint of Science, evento que ocorre até esta quarta-feira (25), em 12 países simultaneamente. A proposta é levar o cientista para falar diretamente com o público em um ambiente descontraído.
Apesar da noite fria, o debate foi quente e a participação intensa. Segundo o estudante Ronaldo Fernandes, que faz Doutorado em Química na UFSCar, o tema tem causado muitas controvérsias no meio científico. "A comunidade ainda está bastante dividida. Alguns cientistas apoiam a ideia de que o aquecimento global não tem causa antrópica, ou seja, que não é causado pela ação do homem. Enquanto outros defendem que são causas antrópicas e precisamos pensar de imediato, porque o futuro corre riscos. As gerações futuras podem enfrentar grandes catástrofes climáticas e cabe a nós decidirmos o que fazer agora. Se a gente se calar talvez não haja mais tempo de fazer algo para as próximas gerações", destacou Fernandes.
Os participantes da mesa concordam que há muita polêmica e desinformação quando se trata desse tema. Patrícia falou da importância em se conhecer o processo de forma ampla e não fragmentada. Para a pesquisadora, na maioria das vezes as pessoas têm uma visão segmentada e olham apenas uma parte do processo. Em relação às emissões de GEE na pecuária, não se deve considerar apenas o animal de forma isolada, mas sim o sistema de produção.
Ela ressaltou que os resultados de pesquisas nessa área têm demonstrado que é possível mitigar as emissões de gases de efeito estufa com manejo adequado do animal e das pastagens, uso adequado de insumos, melhoramento genético, adoção de sistemas integrados de árvores, pastagem e agricultura e manejo nutricional.
O professor Carlos Henrique apresentou para o público um experimento realizado em Ribeirão Preto para saber se as pastagens brasileiras vão suportar o aquecimento global. De acordo com o professor, o Brasil tem uma vantagem enorme na pecuária em relação aos outros países porque tem uma área grande de pastagem. "O país é hoje o maior exportador de carne do mundo. A pastagem é o que sustenta essa vantagem de produção de carne. Com o experimento queríamos saber se nossas pastagens terão condições de sustentar essa vantagem com as mudanças climáticas", contou.
O experimento simulou um clima com aumento de temperatura e de gás carbônico para saber se as pastagens iriam suportar o aquecimento global. De acordo com Carlos Henrique, os resultados não foram animadores.
O público mostrou-se bastante interessado pelo debate e preocupado com o futuro do planeta com o aumento das emissões de gases de efeito estufa e as mudanças climáticas. Os questionamentos foram desde as comparações entre as emissões dos animais e os automóveis até o uso de tecnologias para redução das emissões.
Na avaliação da jornalista Simone Bezerra, a receptividade da plateia foi grande. "O debate, que estava previsto para o final, foi iniciado já durante as apresentações. O público quer se informar. A ciência precisa ir onde as pessoas estão, porque elas são curiosas e têm sede de informação. O evento foi fantástico para isso", afirmou.
Na percepção do professor Carlos, o debate adicionou um tempero a mais na comida. Além disso, ele sublinhou a importância de levar à ciência a espaços novos. "Foi diferente, porque a gente fica muito preso na sala de aula, em palestras, em ambientes acadêmicos. Em um lugar mais descontraído, você acaba sendo até mais criativo", concluiu.
Patrícia considerou o Pint of Science uma oportunidade para o setor de pesquisa interagir com o público e discutir questões de sustentabilidade e ter novos enfoques.
Gisele Rosso (MTb 3091)
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