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Dia do Algodão reúne mais de 300 participantes em Goiás
Foto: Sérgio Cobel
O pesquisador da Embrapa Algodão, Camilo Morello, apresentou as novas cultivares BRS 430 B2RF, BRS 432 B2RF e BRS 433 FL B2RF
A 14ª edição do Dia do Algodão em Goiás reuniu mais de 300 pessoas entre produtores, técnicos, cientistas e autoridades, na Fazenda Pamplona – SLC Agrícola, no município de Cristalina, no último dia 21. Durante o evento, os participantes puderam conferir as tecnologias e inovações voltadas para aumentar a produtividade, a qualidade e a sustentabilidade da cultura do algodão. Entre elas, estavam as três novas cultivares de algodão transgênico resistentes a lagartas e ao herbicida glifosato, desenvolvidas pela Embrapa Algodão e Fundação Bahia, o uso de drones para maior eficiência da adubação nitrogenada, apresentado pela Embrapa Instrumentação, e o modelo de pulverização eletrostática, pela Embrapa Meio Ambiente.
O presidente da Embrapa, Maurício Lopes, e o novo diretor-executivo de Pesquisa e Desenvolvimento, Celso Moretti, participaram do dia de campo e conheceram o circuito de tecnologia para controle do bicudo.
As quatro estações técnicas receberam mais de 160 pessoas, que acompanharam as palestras. Uma delas era sobre Sistemas de Produção Soja-Milho-Algodão. A apresentação tratou de estimativas de custo de produção e rentabilidade, entre outros tópicos. Para o representante da Fundação Goiás, Élio de la Torre, o sistema de produção do algodão, combinado com soja e milho, traz benefícios quando feito com manejo adequado das três culturas no mesmo solo. “Há mais sustentabilidade. Entendemos as semelhanças entre cada cultura para que trabalhem em sinergia, agregando benefícios”, afirma. Entre as vantagens estão o melhor combate a pragas, doenças e ervas daninhas.
A segunda estação abordou o uso de drones para maior eficiência da adubação nitrogenada. Conforme o pesquisador da Embrapa Instrumentação, Lúcio Jorge, existem câmeras especiais que são usadas em drones que dão um indicativo do estágio da planta e possibilitam um manejo variável do nitrogênio. “Sensores infravermelhos calculam índices de vegetação e podem calcular o momento de adubar e ver se esta adubação foi bem feita”, ressalta.
Cultivares
As características de diferentes cultivares, apresentadas por diferentes laboratórios, também foi tema de uma das estações. Características fisiológicas, agronômicas, de manejo e performance foram o centro da apresentação. Para o gerente técnico da J&H, Rinaldo Grassi, as pesquisas indicam variações na produtividade de cultivares conforme o solo, o clima, o manejo e o bioma mudam, entre outros fatores. “Cada uma possui uma velocidade de crescimento, uma época de plantio mais adequada, uma quantidade certa de população de plantas por hectare, características de fibra, etc. Cabe ao técnico e ao produtor definir qual cultivar se encaixa melhor com os objetivos da produção”, explica.
O pesquisador da Embrapa Algodão, Camilo Morello, apresentou as novas cultivares BRS 430 B2RF, BRS 432 B2RF e BRS 433 FL B2RF, materiais de alta produtividade, fibra de qualidade superior e tecnologia Bollgard II Roundup Ready Flex (B2RF, da Monsanto), que conferem a resistência ao glifosato e às principais lagartas do algodoeiro. “Além da transgenia, a BRS 433 FL tem como principal característica a fibra longa, podendo chegar a 34 mm e alta resistência da fibra, com média superior a 43 gramas/força de resistência. A produtividade máxima alcançada na BRS 433 FL B2RF foi de 375 @/ha e rendimento médio de fibra de 38,5%”, afirmou. Para produzir uma fibra longa o posicionamento de semeadura da cultivar BRS 433 FL B2RF deve ser no início da safra, ou seja, na abertura de plantio.
O manejo da Fazenda Pamplona, sede do Dia do Algodão, também atraiu interessados em saber como a lavoura atingiu uma média de 330 @/ha. Aspectos como a escolha da cultivar, áreas, adubações, uso de inseticidas, herbicidas e fungicidas, manejo do bicudo e pluviometria, entre outros, apontaram os caminhos para uma maior produtividade. “Queremos mostrar como trabalhamos, nosso planejamento e resultado. Este ano superamos a meta de produção”, comemora o coordenador de produção da fazenda, Rafael Belle. “Em qualidade e produtividade, estamos entre os melhores do mundo”, conclui.
Combate ao bicudo e pulverização eletrostática atraem a atenção do público
Duas ações que buscam maior sustentabilidade à produção, com redução do uso de defensivos, o Projeto Bicudo, coordenado em Goiás pelo Fialgo, e o projeto de pulverização eletrostática desenvolvido pela Embrapa, chamaram a atenção do público.
O modelo de pulverização eletrostática foi apresentado pelo pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Ademir Chaim. Ele explica que o sistema conta com uma fonte de alta tensão, um suporte e um eletrodo de indução. “No processo normal, a gente joga o defensivo na planta. Neste sistema, a planta que puxa o defensivo para si, uma vez que, carregado o defensivo com carga elétrica negativa, a planta automaticamente fica com carga positiva”, explica. Chain diz que o sistema ainda está incipiente, mas afirma que há estudos em estufa de tomate para controle da mosca branca onde o uso de defensivos caiu 90%. “Meu objetivo com a pulverização eletrostática para o algodão é reduzir de 30 a 40% o número de aplicações”, prevê.
Por sua vez, o Projeto Bicudo já se encontra em estágio avançado de realiza um trabalho que atende os produtores no combate ao inseto. Diretor executivo do Fialgo, Paulo César Peixoto explica que a novidade é a entrega de um tablete para cada fazenda que faz parte do projeto, para que os próprios funcionários das fazendas façam o monitoramento das armadilhas e repassem os dados para o software que agrupa todas as informações do projeto. Tal medida vai reduzir o intervalo de monitoramento, que atualmente é feito quinzenalmente por técnicos do Fialgo que vão às fazendas. “O objetivo é fazer o monitoramento semanalmente”, afirma.
O Projeto Bicudo começou há dois anos, porque o controle da praga estava ficando insustentável. “Quem fazia 20 aplicações agora chega a fazer apenas 8, se cumprir as orientações do projeto”, ressalta o consultor técnico do projeto, Wanderley Oishi.
Parcerias e união
Para o gerente da Fazenda Pamplona, Marcelo Perglow, a troca de informações é o grande atrativo do Dia do Algodão. Já para o presidente da Agopa, Carlos Alberto Moresco, o momento é de comemorar a boa produtividade das lavouras. “Viemos de anos difíceis e este ano estamos colhendo uma excelente safra”, declara.
Já para o presidente da Abrapa, Arlindo Moura, a meta nacional é dobrar a área de cultivo do algodão no Brasil nos próximos 5 anos, com um aumento de 17% em 2018. Outra estratégia é aumentar em 10% o uso de algodão nos têxteis. Hoje 54% dos têxteis são de algodão.
O presidente da Embrapa, Maurício Lopes, destaca que o Brasil viveu uma revolução na cotonicultura em poucos anos, mas que ainda existe um espaço gigantesco para crescer. “O algodão está cada vez mais inserido na lógica de uma agricultura sistêmica e o Brasil é líder mundial no desenvolvimento de uma agricultura por excelência sistêmica. Nós estamos no cinturão do mundo, praticamente o único lugar onde será possível fazer a grande revolução da agricultura sistêmica porque temos grandes áreas, precipitação, solo e temperatura adequados. Nós podemos fazer uma agricultura 365 dias por ano. E temos gente, que é o ingrediente mais importante; temos agricultores talentosos, dispostos a assumir desafios, a quebrar paradigmas. Aqui neste lugar é onde se pode fazer a agricultura sistêmica que vai liderar a agricultura no cinturão tropical do mundo. E o algodão tem que ser parte dessa lógica da agricultura sistêmica”, avalia.
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Edna Santos (MTb 01700/CE)
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