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Expedição Safra-Brasília avalia produção de grãos no Distrito Federal
Com o objetivo de realizar diagnóstico da produção de grãos do Distrito Federal, a Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri) e a Emater-DF, com o apoio da Embrapa Cerrados (Planaltina-DF), realizou, de 26 a 29 de janeiro, a Expedição Safra-Brasília. Nesta primeira etapa da Expedição foram visitadas 64 propriedades produtoras de soja. Em abril e agosto acontecerão as demais etapas nas regiões produtoras de milho e feijão.
Nos três dias da Expedição Safra-Brasília, técnicos da Seagri e Emater-DF, divididos em seis equipes, aplicaram questionários para caracterização do sistema de produção de soja no DF. Para a elaboração do questionário, a Emater-DF contou com o apoio do pesquisador Francisco Rocha, da Embrapa Cerrados. As questões abordadas no questionário foram sistema de produção da planta, manejo do solo, sanidade vegetal, pós-colheita, aspectos econômico-financeiro e comercialização. Após análise dos dados será elaborado relatório com o diagnóstico da produção de soja do DF.
Ao final de cada um dos dias da Expedição Safra-Brasília foram realizadas "roda de prosa" entre produtores, técnicos da Seagri, Emater-DF e pesquisadores da Embrapa Cerrados, que acompanharam a aplicação dos questionários. Na quarta-feira (27), o encontro foi na Cooperativa Agrícola do Rio Preto, na quinta-feira (28) na Associação Agropecuária de Tabatinga e na sexta-feira (29) no PAD-DF. No encerramento, o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Cerrados, Sebastião Pedro, ministrou palestra sobre o melhoramento genético da soja.
Para o pesquisador Fábio Faleiro, que visitou 12 fazendas nos três dias de Expedição Safra-Brasília, o evento foi uma grande oportunidade de aproximação com o setor produtivo. "As propriedades são laboratórios abertos para estabelecer parcerias em pesquisa e transferência de tecnologia. Pudemos conhecer diferentes realidades dos produtores", disse. Ele também destacou as rodas de prosa: "Esses encontros levantaram demandas não só para a pesquisa, como também para a Emater e para políticas públicas por parte da Seagri".
Caracterização das áreas – Na quarta-feira (27), uma das equipes visitou propriedades nos Núcleos Rurais Monjolo, Córrego do Atoleiro, Santos Dumont e Córrego do Meio, localizados em Planaltina (DF). Os pesquisadores da Embrapa Cerrados que acompanharam esta equipe foram Tadeu Graciolli e Kleberson de Souza. A equipe que visitou propriedades no Núcleo Rural Taquara foi acompanhada pelos pesquisadores Fábio Faleiro, Sebastião Pedro, Jorge Chagas e Paulo Christo. Outros grupos visitaram propriedades nos Núcleos Rurais do Pipiripau e Rio Preto.
As áreas com cultivo de soja, visitadas nos Núcleos Rurais Monjolo, Córrego do Atoleiro, Santos Dumont e Córrego do Meio, variam de 20 hectares a 350 hectares. Na Fazenda Lagoa Bonita (Núcleo Rural Monjolo), arrendada pelo produtor Joel Cenci, a soja ocupa 350 dos 650 hectares. No restante é cultivado feijão. O gerente Tainan Torres calcula que a produtividade média dos últimos três anos foi de 65 sacas por hectare. "Esse ano deve ser maior", prevê.
A expectativa de aumento de produtividade na próxima safra não é apenas do gerente da Fazenda Lagoa Bonita. A família Denke, que produz soja em um total de 300 hectares, em três áreas distintas (Córrego do Atoleiro, Vale do Amanhecer (Planaltina) e Sobradinho), espera colher na safra 2016 em torno de 55 sacas, superando a média de 45 a 50 sacas por hectare. Para Marcos Denke, um dos três irmãos que mantêm as atividades iniciadas pelo pai, o DF propicia o cultivo de soja por suas condições climáticas e facilidade de logística, principalmente transporte. No entanto, é o município de Formosa, em Goiás, que arrecada com o setor agrícola do Distrito Federal.
"As empresas que vendem insumos e sementes estão em Formosa. Não existem revendedores de máquinas e implementos aqui. Os armazéns também estão em Formosa. Ou seja, nós compramos e vendemos em Formosa. Nada é feito no DF. Faltam investimentos nesta área", lamenta Marcos Denke.
O produtor Clóvis Kolling cultiva soja em duas propriedades, com área total de 300 hectares. Embora já tenha conseguido colher 70 sacas de soja por hectare, ele calcula que a produtividade média, nos últimos três anos, tenha sido de 60 sacas, com custo de produção por hectare variando de R$ 1.500 a R$ 1.700. Para não correr risco financeiro, Kolling vende antecipadamente 50% de sua produção.
Práticas conservacionistas- As propriedades visitadas nos Núcleos Rurais Monjolo, Córrego do Atoleiro, Santos Dumont e Córrego do Meio adotam práticas conservacionistas. Ao responderem os questionários, os produtores demostraram preocupação com a conservação do solo. Todos afirmaram que usam adubação verde e fazem plantio direto.
"A maior riqueza hoje do produtor chama-se palhada", declara Kolling. O produtor relatou que quando começou a fazer safrinha de milho, a dúvida era o quê fazer com a palhada. "No início era tanta palhada e nós não tínhamos ideia do que fazer. Agora ninguém mais tem dúvida que a área detona sem a cobertura da palha", disse.
Fazer análise de solo, entre dois a três anos, também se tornou uma rotina do produtor. Até mesmo para os que têm áreas menores. Ângelo Felício Daga, proprietário da Chácara Daga, no Núcleo Rural Córrego do Meio, tem o hábito de utilizar as informações da análise de solo para definir a adubação. Dos 52 hectares da chácara, 20 hectares são ocupados com soja.
Demandas – Uma reunião deverá ser realizada na Embrapa Cerrados para que os técnicos que participaram da Expedição Safra-Brasília possam analisar os questionários e sistematizar as informações. Será então elaborado um relatório com análises quantitativas e qualitativas a partir das demandas apuradas durante visitas às propriedades e os encontros com os produtores nas "rodas de prosa".
Liliane Castelões (16.613 MTb/RJ)
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