Arroz
Estatística de produção
Autor
Osmira Fatima da Silva - Embrapa Arroz e Feijão
Alcido Elenor Wander - Embrapa Arroz e Feijão
Panorama mundial
Observa-se nos dados disponibilizados no site da FAO, https://www.fao.org/faostat/en/#home, que a produção mundial de arroz em casca em 2023 foi de 800,0 milhões de toneladas colhidas em uma área de 168,4 milhões de hectares, com uma produtividade média de 4.752 kg ha-1. Comparado com a produção das demais culturas, o arroz é superado apenas pelo milho, e sendo seguido pelo trigo. O arroz participa com, aproximadamente, 28% da produção mundial de cereais de 2,8 bilhões de toneladas, e é consumido pelas populações em todos os quadrantes do globo terrestre.
O arroz é cultivado em todos os continentes, destacando em primeiro lugar o asiático, com uma produção equivalente a 86,6% da mundial. Segue-se o africano, com 5,3%, o americano, 4,6%, o europeu, 0,4 % e o oceânico, com 0,1% da produção mundial de arroz. Na Oceania, destaca-se a Austrália, que sozinha produz 496,6 mil toneladas.
Na Ásia, estão os oito maiores produtores mundiais de arroz. Em 1º lugar está a China, seguida pela Índia, Bangladesh, Indonésia, Vietnã, Tailândia, Myanmar e Filipinas, que produzem 208, 207, 59, 54, 43, 33, 26 e 20 milhões de toneladas, respectivamente. A China contribui com uma produção equivalente a 26% da mundial e 29% da asiática, seguida pela Índia com 26% e 29%, respectivamente.
Nas Américas, destacam-se o Brasil e os Estados Unidos da América na produção do arroz, com 10,3 e 9,9 milhões de toneladas, respectivamente. O arroz do Brasil representa 28,0% da produção das Américas. Já na classificação mundial, o país situa-se em 9º lugar, com uma participação de 1,3% do total de arroz produzido no planeta. Na América do Norte, o arroz é produzido apenas nos Estados Unidos da América.
Na América Latina e Caribe, a produção de 26,8 milhões de toneladas de arroz representa 3,4% da produção mundial, com destaque para o Brasil que participa com 38,4% dessa produção.
Em 2023, no Mercado do Cone Sul (Mercosul), o destaque é para o Brasil, que ocupa o 1º lugar tanto em área colhida como em produção de arroz. Com a produção de 10,3 milhões de toneladas é seguido, em ordem decrescente, pelo Peru, 3,4, Colômbia, 3,0, Uruguai, 1,4, Equador, 1,3, Argentina, 1,2, , Paraguai, 1,0, Venezuela, 0,7, Bolívia, 0,7, e Chile, 0,1. A área total cultivada com arroz, nesses países do bloco, somou 3,8 milhões de hectares, com uma produção total de 23,0 milhões de toneladas, o que correspondeu a 2,3% e 29% da mundial, respectivamente, e uma produtividade média de 6.026 kg ha-1.
Situação nacional
Segundo a Embrapa Arroz e Feijão (2024), com dados adaptados, segundo o acompanhamento de safras do Levantamento Sistemático Agrícola (LSPA), do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), no ano agrícola de 2023, a produção total de arroz, no Brasil, foi 10,3 milhões de toneladas, colhidas em 1,5 milhão de hectares, com produtividade média de 6.939 kg ha-1.
Ainda, segundo a Embrapa, em 2023, o sistema de cultivo de arroz irrigado, com irrigação controlada, participou com 91,7% do total da produção nacional, seguido pelo arroz de terras altas com 8,3%. O arroz irrigado, sem irrigação controlada ou de várzea natural não registrou dados oficiais de produção, desde 2018, possivelmente por se tornar irrelevante.
No período analisado de 2018 a 2023, verificou-se uma redução persistente na produção do arroz de terras altas que passou de 1,1 milhão de toneladas em 2018 para, aproximadamente, 0,9 milhão de toneladas em 2023. Neste sistema de cultivo, a redução em cerca de 24,5% na produção, em parte, foi devido a substituição do arroz por culturas de grãos mais rentáveis aos produtores.
O abastecimento de estoques e o consumo anual de arroz foram assegurados pela estabilização da produção, principalmente do arroz no sistema irrigado com irrigação controlada, no período supracitado. A produção neste sistema foi 10,6 e 9,4 milhões de toneladas, em 2018 e 2023, respectivamente. O equilíbrio da produção irrigada de arroz, muito provavelmente, se deve às conquistas dos produtores das áreas de várzeas tropicais e das terras baixas do país, que empregam manejo adequado das lavouras e usam cultivares de expressivo potencial produtivo (Tabela 1).
Tabela 1. Evolução da produção de arroz nos sistemas de cultivo de terras altas e irrigado, no período de 2018 a 2023, no Brasil. |
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Fonte: Dados do IBGE/LSPA - Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, adaptados por SILVA, O. F. da, na Embrapa Arroz e Feijão/Núcleo de Socioeconomia (mar.2025) |
Nos últimos anos, o arroz de terras altas vem apresentando redução de área, no Brasil. A área total colhida de arroz passou de 482 mil hectares em 2018, para 330 mil hectares em 2023, ou seja, um decréscimo de 31,5%. Essa redução ocorreu, notadamente, em consequência da substituição do arroz por culturas mais rentáveis ao produtor, como a soja, milho, algodão, cevada, cítricos, gramíneas e mais recentemente, a cana-de-açúcar e pulses, nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste do Brasil. Contudo, a área colhida com arroz irrigado com irrigação controlada, praticamente se manteve estável, com média de 1,3 milhão de hectares (Tabela 2).
Tabela 2. Evolução da área colhida de arroz nos sistemas de cultivo, no período de 2018 a 2023, no Brasil. |
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Fonte: Dados do IBGE/LSPA - Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, adaptados por SILVA, O. F. da, na Embrapa Arroz e Feijão/Núcleo de Socioeconomia (mar.2025). |
No Brasil, a cultura do arroz foi contemplada por produtividades expressivas, tanto no sistema de cultivo de terras altas quanto no irrigado, no período de 2018 a 2023. Neste período ocorreu um incremento na produtividade do arroz na ordem de 10,2% e 7%, em terras altas e irrigado com irrigação controlada, respectivamente (Tabela 3). A produtividade média do arroz de terras altas superou 2,5 t ha-1 e do irrigado 8,0 t ha-1.
Esta conquista em incrementos de produtividade do arroz, especialmente, se explica pelo zelo dos produtores na condução do sistema de produção, racionalizando os fatores de produção e otimizando o uso de tecnologias, além da migração do cultivo para áreas com menor restrição hídrica.
Além disso, a capacitação dos produtores, a adoção de soluções tecnológicas e o compromisso com a preservação do meio ambiente, resultaram na combinação do poupa terra, ou seja, aumento da produção sem acrescer ou até mesmo reduzir as áreas. Isso, tem impactado positivamente a renda dos produtores e favorecido ao mercado, com a disponibilidade de um produto de melhor qualidade e com preço mais acessível ao consumidor.
Tabela 3. Evolução da produtividade de arroz nos sistemas de cultivo, no período de 2018 a 2023, no Brasil. |
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Fonte: Dados do IBGE/LSPA - Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, adaptados por SILVA, O. F. da, na Embrapa Arroz e Feijão/Núcleo de Socioeconomia (mar.2025). |