Mercado, comercialização e consumo

Conteúdo atualizado em: 15/04/2025

Autor

Osmira Fatima da Silva - Embrapa Arroz e Feijão

Alcido Elenor Wander - Embrapa Arroz e Feijão

 

O Brasil é um país privilegiado sob o ponto de vista alimentar, pois possui condições favoráveis de produção e consumo capazes de satisfazer as demandas da população em termos quantitativos e qualitativos. Tem como base da dieta da sua população o arroz (Oryza sativa L.), cujas características nutricionais e funcionais se complementam para a saúde humana. 

Mercado mundial

Segundo os dados do United States Department of Agriculture (USDA, 2023), a produção mundial de arroz em casca vem acompanhando o crescimento do consumo global, mantém reservas médias para as exportações, de 2019 a 2023, em atendimento à demanda mundial, na ordem de 50,5 milhões de toneladas (Tabela 1).

Tabela 1. Balanço da Oferta e demanda mundial de arroz (1.000.000 t), nas safras de 2019/2020 a 2021/2022
Fonte: USDA/World Agricultural Supply and Demand Estimates - Economic Research Service using data from the USDA, Foreign Agricultural Service, Production Supply and Distribution database (mar. 2023)

 

As comercializações no mercado internacional seguem em leve tendência de crescimento, destacando-se que o volume atualmente transacionado no mundo ainda é bastante reduzido em relação ao montante produzido. Outro fator que concorre para a inibição do consumo do arroz é o aumento considerável nos preços internacionais do produto. Isso tem mobilizado organismos internacionais e governos dos países afetados em busca de soluções para assegurar a segurança alimentar das classes mais carentes da população que, normalmente, têm no arroz um alimento essencial e principal em sua dieta.

Mercado nacional

O mercado brasileiro de arroz é relativamente ajustado. A produção nacional se aproxima do consumo doméstico que, anualmente, é em cerca de 10,5 milhões de toneladas de arroz em casca. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), os períodos de seca e de excessivas precipitações causam impedimentos no cultivo do arroz, o que reflete em redução de área e perdas significativas na produção. Quando isso acontece, gera pressão sobre os preços internos do produto e ocorre uma redução no consumo. Com isso, para suprir a demanda, o país recorre a importação do produto para reabastecer os estoques (Tabela 2).

Tabela 2. Balanço da oferta e demanda brasileira de arroz em casca (1.000 t), nas safras de 2018/2019 a 2023/2024
Fonte: CONAB (mar. 2025). Disponível em http://www.conab.gov.br.

 

No período de seis anos agrícolas analisados, ou seja, de 2019 a 2024, verifica-se uma tendência de redução nos níveis de consumo nacional do arroz em casca. Na safra de 2018/2019, o consumo foi de, aproximadamente, 10,8 milhões de toneladas e em 2023/2024 reduziu para 10,5 milhões de toneladas, ou seja, ocorreu redução de 300 mil toneladas ou 2,8%, em relação a 2019.

Comercialização

O arroz, após a colheita passa por uma série de operações com o objetivo de disponibilizar para os consumidores com padrão, classificado conforme a legislação e com qualidade e livre de pragas e doenças. A primeira intervenção é a pré-limpeza para retirar impurezas e materiais estranhos, seguida de secagem para deixar os grãos com umidade adequada. Após, o armazenamento segue para a formação de estoque e para ser utilizado na entressafra. O processamento é composto por doze etapas: limpeza, descascamento, separação pela câmara de palha, separação de marinheiro, separação de pedras, brunimento, polimento, classificação, padronização via seleção eletrônica, limpeza, empacotamento e enfardamento.

No varejo encontra-se principalmente o arroz longo-fino nas formas integral, parboilizado (integral e polido) e branco (polido) e, em menor quantidade, o arroz especial, notadamente, arroz de pericarpo colorido ou pigmentados (vermelho e preto), de baixa amilose (culinária japonesa) e aromático. Estima que no Brasil 70% do arroz consumido é branco polido, 25% parboilizado polido, 4% integral e 1% outros.

Consumo

No Brasil o arroz além de ser alimento básico do dia a dia, faz parte de pratos típicos em diversas regiões. A maior preferência do consumidor brasileiro é pelo arroz beneficiado polido, de grãos longo fino, conhecido por agulhinha, inteiro e translúcido, com dimensões homogêneas e uniformes. Portanto o aspecto visual e aparência são fundamentais. O consumidor observa também a rapidez e o rendimento no cozimento e após o cozimento que se apresente grãos secos e soltos.

O arroz é consumido de forma e quantidade diferente em diversos países. Em alguns são meramente consumidos em ocasiões esporádicas e onde é consumido por grande parte da população, isso ocorre por constituir a base da alimentação. Desta forma, é essencial para a população em razão de suas propriedades nutricionais e funcionais, que o coloca como excelente fonte de energia, devido à alta concentração de amido, o que oferece um bom balanço de aminoácidos essenciais, vitaminas e minerais e possui baixo teor de lipídios.

Além do consumo nas formas de grão polidos, integral e parboilizado na alimentação humana, o farelo e os grãos quebrados são utilizados na fabricação de produtos utilizados na alimentação animal, na fabricação de bebidas, óleos e na indústria farmacêutica e de cosméticos.

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) (2024), o consumo per capita de arroz entre 2021-2023 nos continentes, obteve uma classificação, em ordem decrescente, onde o asiático aparece em primeiro lugar, consumindo 72,2 kg de arroz, seguido pelo africano, 25,1 kg, o americano estratificado em América Latina com 24,9 kg e a América do Norte com 12,2 kg e, por último, o continente europeu com um consumo de 7,2 kg.

No Brasil, segundo Embrapa Arroz e Feijão (2024), em 2023 o consumo médio aparente per capita de arroz beneficiado, considerando 58% de grãos limpos e inteiros, foi de 29,2 kg.

Ressalva-se que o Brasil é o único país em que os sistemas de produção de arroz irrigado e de arroz de terras altas apresentam condições de, juntos, atender a demanda pelo produto.