Estatísticas de produção

Conteúdo migrado na íntegra em: 20/12/2021

Autores

Josué Francisco Silva Júnior - Embrapa Tabuleiros Costeiros

Raul Dantas Vieira Neto - Consultor autônomo

Dalva Maria Mota - Embrapa Amazônia Oriental

Ana da Silva Lédo - Embrapa Tabuleiros Costeiros

 

O extrativismo do fruto é particularmente importante e desempenha relevante papel socioeconômico e cultural no litoral oriental do Nordeste (da Bahia ao Rio Grande do Norte), embora também se faça uso no interior da Região. No cerrado do Brasil Central, o extrativismo é praticado por uma população tradicional denominada “geraizeiros”, que com a recente valorização da mangaba como “produto do cerrado”, também têm aumentado a sua extração.

 Nas décadas de 1980 e 1990, vários Estados apareciam na lista do IBGE como produtores de mangaba, como Pernambuco, Piauí, Pará, Mato Grosso, Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Maranhão e Rio de Janeiro, porém não houve mais registros dos mesmos nos anos seguintes (Tabela 1). Atribui-se esse fenômeno ao pouco uso da fruta na maioria desses Estados e ao desaparecimento de áreas naturais de ocorrência onde se praticava o extrativismo, como aconteceu em Pernambuco e Ceará. A este último fato, também pode ser atribuída a queda na produção de frutos provenientes do extrativismo nos primeiros anos da década seguinte.

 Dentre os Estados brasileiros, Sergipe sempre se destacou, ao longo de todos os anos, como o maior produtor de mangaba do país. No entanto, acredita-se que a produção sergipana é bastante superior ao estimado pelo IBGE. Pesquisas da Embrapa e UFPA apontam para 2.500 toneladas produzidas no Estado.

Tabela 1. Evolução da produção (tonelada) estadual de mangaba no Brasil (2000-2006).

Estado

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

Sergipe

524

492

475

500

509

497

520

Bahia

170

170

163

164

169

163

170

Minas Gerais

498

490

31

235

5

5

6

Rio Grande do Norte

27

28

31

63

76

79

71

Paraíba

-

-

-

-

-

48

49

Alagoas

-

-

32

37

31

19

9

Brasil

1.212

1.181

1.147

999

790

811

8

Fonte: IBGE (2008)

A Paraíba teve os seus remanescentes bastante devastados devido, entre outros fatores, ao cultivo extensivo da cana-de-açúcar sobre os tabuleiros costeiros. O reaparecimento nas estatísticas de produção deve ser atribuído também às áreas de cultivo incentivadas pela Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba (Emepa-PB) e aos poucos fragmentos naturais ainda conservados.

Atualmente, um extrativismo predatório de frutos tem sido observado tanto nos Estados nos quais as áreas naturais foram devastadas, como naqueles onde as áreas estão mais preservadas, devido à crescente demanda pela mangaba no mercado regional.

Os Estados da Bahia e Rio Grande do Norte, possivelmente, apresentam produções muito superiores à do Estado de Sergipe, em razão da grande extensão de áreas naturais de mangabeiras ainda presentes em seus territórios.

Além da produção proveniente dos remanescentes naturais, áreas cultivadas têm aumentado no Nordeste do Brasil, podendo-se observar plantios em vários municípios de Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Norte, Bahia e Goiás. Esse fato deve-se, em grande parte, aos investimentos das pesquisas sobre a cultura e o seu sistema de produção, assim como do trabalho de divulgação de viveiristas.

 Estima-se que é possível obter, em um plantio tecnificado e bem conduzido, um rendimento líquido anual entre R$ 6 mil a R$ 8 mil por hectare, o que é superior ao ganho proporcionado pela maior parte dos cultivos tradicionais. A rentabilidade é potencializada pelo fato de a mangabeira ser uma planta muito rústica, vegetando satisfatoriamente em solos pobres e arenosos, condições nas quais outros cultivos proporcionariam baixas produtividades.