23/06/17 |   Segurança alimentar, nutrição e saúde

Embrapa participa de congresso sobre nutrição especializada no Rio de Janeiro

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Foto: Aline Bastos

Aline Bastos - Da esq. para a dir.: As pesquisadoras Neide Botrel (Embrapa Hortaliças), Ilana Felberg (Embrapa Agroindústria de Alimentos) e Mariella Uzeda (Embrapa Agrobiologia) participaram da programação cientítica do VI COINE.

Da esq. para a dir.: As pesquisadoras Neide Botrel (Embrapa Hortaliças), Ilana Felberg (Embrapa Agroindústria de Alimentos) e Mariella Uzeda (Embrapa Agrobiologia) participaram da programação cientítica do VI COINE.

A Embrapa esteve presente no VI Congresso Internacional de Nutrição Especializada (COINE) & Expo Sem Glúten, que aconteceu entre 16 e 17 de junho no Rio de Janeiro (RJ), promovido pelo Centro Brasileiro de Apoio Nutricional (CBAN), com apoio da Associação dos Celíacos do Brasil - Rio de Janeiro (ACELBRA-RJ). As pesquisadoras Ilana Felberg e Melícia Galdeano integraram o comitê científico do evento juntamente com profissionais de instituições tais como IFRJ, UFRJ, UERJ dentre outras. Mariella Uzeda (Embrapa Agrobiologia), Neide Botrel (Embrapa Hortaliças) e Ilana Felberg (Embrapa Agroindústria de Alimentos) foram palestrantes. Todos os trabalhos premiados foram resultados de pesquisa da Embrapa Agroindústria de Alimentos.

O evento reuniu cerca de 500 pessoas interessadas em discutir aspectos científicos ligados à nutrição e saúde, principalmente nas questões relacionadas às alergias alimentares e doenças autoimunes, visitar exposição de alimentos sem glúten e participar de workshops sobre alimentação saudável. “Creio que a contribuição da Embrapa nesse evento é no sentido de trazer informações científicas sobre agronomia e ciências e tecnologia de alimentos, e participar de um diálogo amplo entre nutrição e saúde, pois percebemos que ainda há muita desinformação circulando em boa parte da sociedade, incluindo profissionais da Nutrição e Saúde. É um desafio enorme, já que eles lidam diretamente com os consumidores", afirma a pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Ilana Felberg, membro do comitê científico do Congresso.

Trabalhos premiados
Os três trabalhos científicos premiados foram resultados de pesquisas desenvolvidas na Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ). O primeiro lugar ficou com um estudo sobre parâmetros de cocção de grãos de milheto como alternativa de alimento glúten free, de Amanda Mattos Dias Martins, doutoranda em Ciências e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). O segundo lugar foi para o desenvolvimento e a caracterização de macarrão integral de milheto como alternativa de alimento glúten free, de Kênia Letícia Pessanha, também doutoranda em Ciências e Tecnologia de Alimentos da UFRRJ. Ambas as pesquisas foram desenvolvidas em conjunto com a equipe da Planta Piloto de Cereais, sob orientação do pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Carlos Piler. “O milheto se destaca para esse público em específico por ser um cereal pouco conhecido, com um bom perfil nutricional e de baixo custo. O que falta ainda, é direcionar a produção de grãos de milheto para a alimentação humana aqui no Brasil”, avalia o pesquisador.

O trabalho sobre detecção de diferentes fontes de glúten usando PCR em tempo real, da pesquisadora Edna Oliveira e sua equipe, ficou em terceiro lugar. “Fiquei surpresa por receber o prêmio com uma pesquisa analítica, já que nesse tipo de evento a preferência é por alimentos alternativos para pessoas com restrição alimentar”, disse.

Programação Científica
Dentro da programação científica, a pesquisadora da Embrapa Agrobiologia, Mariela Uzeda, proferiu a palestra “Espécies Locais como Vetores de Serviços Ecossistêmicos e Soberania Alimentar”, abordando a crescente desconexão entre a produção e o consumo de alimentos, resultado da intensificação agrícola e da industrialização. “Nossos ancestrais consumiam mais de dez mil espécies de plantas alimentícias. Hoje 12 espécies geram 75% dos alimentos consumidos no mundo, sendo que três delas (arroz, milho e trigo) representam 60%. Estamos nos afastando de nossa tradição alimentar”, revela. A pesquisadora também ressaltou que o Brasil detém 20% de toda a biodiversidade mundial, mas a maioria dos alimentos consumidos atualmente é originária de outros países, e que é a agricultura familiar que detém grande parte do conhecimento sobre a biodiversidade local. “A agricultura pode contribuir para a conversação da biodiversidade, garantindo a soberania alimentar. Um exemplo disso são os cultivos de plantas alimentícias tradicionais e espécies nativas”, destaca.

Neide Botrel, da Embrapa Hortaliças, também crê que as plantas não convencionais podem ser alternativas para uma alimentação mais saudável e para geração de renda a pequenos produtores e hortas em pequenos espaços. “A araruta voltou a ser produzida na Bahia, por incentivo da Embrapa. É uma alternativa sem glúten, utilizada tradicionalmente na produção de pães e biscoitos”, conta.  A pesquisadora apresentou alguns dados recentes de caracterização nutricional de 20 espécies selecionadas dentre as mais de 50 espécies de hortaliças não convencionais do Campo Experimental da Embrapa Hortaliças, em Gama (DF). Nossa pesquisa envolve desde a caracterização agronômica, que diz respeito a forma de se cultivar, até a caracterização nutricional e estudo da vida útil, verificando o tempo que a hortaliça pode ser armazenadas, sem perder qualidade. Entre muitos resultados que serão publicados pode-se exemplificar que se destacaram com alto o teor de proteína; e a capuchinha alto teor de vitamina C” e de carotenoides, conta Neide Botrel.

Por fim, a pesquisadora Ilana Felberg apresentou os potenciais benefícios da soja preta, utilizada  com histórico de uso na medicina chinesa para fins medicinais. O grande diferencial desse tipo de soja é a presença de antocianinas com propriedades antioxidantes em sua casca. Aqui no Brasil, a soja preta,  ainda pouco conhecida, pode ser é encontrada em grão ou na forma de farinha,  e foi introduzida no mercado, com apelo para o emagrecimento. “Encontram-se algumas evidências científicas sobre os potenciais benefícios da soja preta para a saúde, mas é preciso mais estudos sobre o assunto", afirma.

Desde 2008, a pesquisadora da Embrapa Trigo (RS), Mercedes Panizzi, trabalha com linhagens de soja preta pelo Programa da Embrapa de Melhoramento de Soja para Alimentação Humana. Estudos de caracterização dessas linhagens, processamento e manutenção dos compostos bioativos vem sendo desenvolvidos pela Embrapa Agroindústria de Alimentos, em parceria com as Universidades Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com projetos financiados pelo CNPq e Faperj. A próxima etapa é avaliar a influência do consumo de farinha de soja preta em indivíduos com obesidade, em parceria com o Instituto de Nutrição da UFRJ.

Aline Bastos (MTB 31.779/RJ)
Embrapa Agroindústria de Alimentos

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