Embrapa Rondônia
Pesquisas buscam soluções para controle de doenças do cupuaçuzeiro e cacaueiro
Doenças prejudiciais para as culturas do cacaueiro e do cupuaçuzeiro foram discutidas durante a mesa redonda "Perspectivas promissoras para o controle da vassoura-de-bruxa e da monilíase do cacaueiro e do cupuaçuzeiro", realizada na programação do 45° Congresso Brasileiro de Fitopatologia, que aconteceu em Manaus de 19 a 23 de agosto no Studio 5 Centro de Convenções.
A pesquisadora da Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus-AM) Maria Geralda de Souza, expôs sobre a "Vassoura-de-bruxa do cupuaçuzeiro na Amazônia", apresentando como vem sendo feitas as pesquisas da Embrapa para o manejo e controle desta que é a principal doença do cupuaçuzeiro e apresenta alta incidência na Amazônia, prejudicando a produção comercial do fruto que é bastante apreciado em diversos produtos alimentícios como sucos e doces.
A pesquisadora destacou que um desafio é o estabelecimento de boas práticas de cultivo em conformidade com os requisitos da agricultura sustentável. Uma das estratégias de pesquisa é o desenvolvimento de cultivares resistentes e essa busca de fonte de resistência é um esforço contínuo para avaliações de exemplares diversos de cupuaçuzeiros no Banco Ativo de germoplasma (BAG) da Embrapa, para apoiar o programa de melhoramento genético do cupuaçuzeiro , que é desenvolvido na Amazônia, por meio de projeto em rede, integrando as competências de Unidades da Embrapa na região Norte e de parceiros.
Como resultado desse trabalho de melhoramento, entre as tecnologias recentes para o controle da vassoura de bruxa destaca-se a cultivar Carimbó, lançada em 2012 pela Embrapa Amazonia Oriental (Belém-PA) resistente a essa doença.
A pesquisadora Maria Geralda informou que a Embrapa Amazônia Ocidental tem cinco cultivares que também atestam resistência e estão sendo preparadas para lançamento. Espera-se que à medida que esses materiais resistentes sejam cultivados nos plantios da região haja um aumento na produção. Enquanto isso, a principal recomendação é o controle cultural por meio de poda fitossanitária, técnica utilizada para remover , nos períodos adequados, os tecidos infectados da planta e reduzir a presença do fungo. Além dessa técnica, emprega-se também a adubação equilibrada, que contribui para o controle da vassoura-de-bruxa. Uma outra linha que vem sendo trabalhada nas pesquisas da Embrapa Amazônia Ocidental, informada por Maria Geralda, é o controle pelo uso de produtos biológicos alternativos, no qual estão sendo testados óleos essenciais de plantas da região que tem atividade antifúngica, para avaliar a eficácia contra o fungo Moniliophthora perniciosa, causador da vassoura-de-bruxa.
O pesquisador Cleber Novais Bastos, da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) do Pará, destacou que a importância econômica da "vassoura-de-bruxa" constitui o maior estímulo na busca de métodos alternativos de controle, a fim de se evitar, ou pelo menos minimizar, os prejuízos que ela tem ocasionado. Por isso, ressaltou também a importância de buscar alternativas de controle biológico para a doença, por ser uma opção que apresenta menor restrição quanto ao impacto ambiental e reduzido risco de contaminação. Novais expôs sobre os avanços das pesquisas que a Ceplac está trabalhando a partir de novos agentes de biocontrole da vassoura de bruxa, para se adotar dentro do manejo integrado. "Deve-se ressaltar que o biocontrole é capaz de reduzir a incidência da doença, porém sem eliminar o patógeno completamente. No manejo integrado, poderiam compatibilizar misturas de antagonistas com diferentes modos de ações", explica Bastos.
Cacau - O pesquisador Enrique Gardini, do Instituto de Cultivos Tropicales, do Peru, expôs sobre a situação do cacau na América do Sul, alertando para a "monilíase" como principal doença que causa perda total da produção, pode atacar todas as espécies de Theobroma (gênero de plantas como cacau e cupuaçu) e ameaça principalmente a produção brasileira, pois o fungo causador da doença encontra-se disseminado em 11 países da América latina, e alguns fazem limite com o Brasil onde ainda não foi detectada a doença. O pesquisador ressaltou que, se considerar mais fatores, a doença é uma ameaça global , pela capacidade do patógeno (agente causador) ser um fungo com capacidade de sobreviver em ambientes constrastantes, tanto em climas secos quanto muito úmidos e pelo fato da maioria das variedades comerciais de cacau terem aparente suscetibilidade. Gardini apresentou ainda informações sobre o manejo integrado para controle dessa doença, nas condições do Peru.
A pesquisadora do Centro de Pesquisa do Cacau (Cepec) lidado à Ceplac na Bahia, Karina Peres Gramacho, expôs sobre o uso de técnicas de biologia avançada no estudo e controle do fungo da vassoura de bruxa no cacaueiro. Um dos resultados do estudo mostrou que o fungo tem evoluído, adaptando-se à resistência da planta. Por isso uma das estratégias está sendo buscar fontes de resistência distintas , para dificultar a evolução do fungo e buscar a durabilidade da resistência das cultivares de cacau. Para isso, segundo a pesquisadora, estão sendo usadas várias ferramentas de biologia avançada como genômica, proteômica e metabolômica, aplicadas de forma integrada ao melhoramento clássico. Com isso se espera acelerar o desenvolvimento e a disponibilização de novas tecnologias e de cultivares competitivas de cacau.
Síglia Souza (MTb 66/AM)
Embrapa Amazônia Ocidental
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