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15/03/16 |   Biotecnologia e biossegurança

Método de aplicação de feromônio de percevejo do arroz é patenteado

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Foto: Claudio Bezerra

Claudio Bezerra - Miguel Borges: a patente é resutlado de um trabalho de mais de 15 anos e que agora depende de parceria com empresa privada para a sua produção em escala e comercialização

Miguel Borges: a patente é resutlado de um trabalho de mais de 15 anos e que agora depende de parceria com empresa privada para a sua produção em escala e comercialização

O Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) concedeu à Embrapa patente de tecnologia que vai ajudar rizicultores brasileiros a se livrar de uma das piores pragas da cultura: o percevejo-do-colmo do arroz (Tibraca limbativentris). O método se baseia em substâncias produzidas pelos próprios insetos, que são usadas para a comunicação entre eles, os semioquímicos, dispensando o uso de defensivos químicos.
 
A carta patente intitulada "Composições e métodos para atração e extermínio de percevejos do gênero Tibraca" (PI 0604617-7) é de autoria dos pesquisadores Miguel Borges, Maria Carolina Blassioli Moraes, Raul Alberto Laumann, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF) e José Alexandre Freitas Barrigossi, da Embrapa Arroz e Feijão, (GO). Trata-se do resultado de um trabalho de mais de 15 anos e que agora depende de parceria com empresa privada para a sua produção em escala e comercialização.
 
A tecnologia se baseia na utilização de feromônios para monitorar e controlar os percevejos nas lavouras brasileiras. Trata-se de um método seguro, com grande potencial de utilização em programas de manejo integrado de pragas (MIP) porque pode reduzir significativamente e, até mesmo, eliminar a utilização de defensivos químicos nas lavouras. Além de ineficientes para controlar os percevejos, esses agrotóxicos causam resistência nos insetos, são nocivos a quem os aplica, eliminam insetos benéficos como as abelhas e, no caso do arroz irrigado, pode contaminar a água de rios e mananciais.
 
A fonte para a tecnologia de semioquímicos é a própria natureza. Os cientistas observaram que os insetos utilizam substâncias químicas para "avisar" aos outros insetos sobre demarcação de território, alimentação, risco de predadores, reprodução, etc. Quando essa comunicação ocorre dentro da mesma espécie, o composto químico é chamado de feromônio. É como a linguagem humana, só que com substâncias químicas no lugar das palavras.
 
De posse desse conhecimento, a equipe liderada pelo pesquisador Miguel Borges começou a extrair feromônios em laboratório para depois colocá-los em armadilhas a serem distribuídas nas lavouras. "No caso dos percevejos, trabalhamos principalmente, com os feromônios sexuais produzidos pelos machos", conta o cientista. 
 
Após a identificação, o feromônio natural produzido pelo inseto é sintetizado em laboratório e formulado em liberadores que mimetizam o processo que ocorre na natureza. Eles são então colocados em armadilhas no campo para a captura e monitoramento das fêmeas.
 
As armadilhas com os feromônios são distribuídas nas lavouras com o objetivo de enganar os insetos. Ao identificarem o cheiro dos machos, as fêmeas são atraídas e capturadas na armadilha. O intuito final é monitorar e controlar as populações dos percevejos-praga e, consequentemente, reduzir os danos às plantações.
 
Inseto provoca até 80% de perdas
 
O percevejo-do-colmo é uma das mais importantes pragas de arroz no Brasil. O inseto suga a seiva nos colmos (caules) das plantas de arroz, diminuindo a produção de grãos e causando perdas na produção de até 80%. Ocorre na maioria das regiões produtoras de arroz do Brasil e é nocivo aos dois sistemas de cultivo do cereal: irrigado (terras baixas) e de sequeiro (terras altas).
 
Essa já é a segunda patente recebida pela Embrapa relacionada a tecnologias com semioquímicos para controle de insetos. A primeira, de 2013, foi voltada ao complexo de percevejos da soja e seu sucesso despertou o interesse de uma empresa privada, que a partir de um acordo de cooperação técnica assinado com a Embrapa, está desenvolvendo e produzindo armadilhas em larga escala. Em breve, elas estarão no mercado à disposição dos produtores de soja. "Agora, esperamos repetir o mesmo sucesso com o percevejo-do-colmo. Para isso, estamos em busca de parceiros para testar a tecnologia em larga escala", anuncia Borges.
 
Os testes em pequena escala já foram realizados com sucesso na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS [www.ufrgs.br]) pelos pesquisadores Josué Santana e Eduardo Hickel da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri-SC [http://www.epagri.sc.gov.br/]). "Os resultados foram bons, mas ainda não podemos divulgá-los porque serão tema de artigo científico, que já está em fase final de elaboração", comenta o pesquisador.
 
A demanda por uma solução para o percevejo-do-colmo veio dos próprios produtores de arroz dos estados de Goiás, Tocantins e Rio Grande do Sul, a partir de solicitações feitas aos pesquisadores José Alexandre Barrigossi, da Embrapa Arroz e Feijão, e José Martins, da Embrapa Clima Temperado (RS).
 
Segundo Borges, a participação de Barrigossi, que é um dos inventores da tecnologia, foi determinante para os estudos, já que ele proveu a equipe da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia de percevejos-do-colmo para que pudessem estudar seu comportamento, realizar ensaios em laboratório e testes de campo.
 
Para parcerias
 
Empresas interessadas no licenciamento dessa tecnologia podem procurar a equipe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia pelo e-mail: cenargen.sipt@embrapa.br
 

Fernanda Diniz (MTb 4685/89/DF)
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia

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