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Polinização pode aumentar em 17% a produção de canola
A importância das abelhas na polinização da canola foi um dos temas do 8º Curso de Capacitação e Difusão de Tecnologia em Canola, que aconteceu em 26 de março, na Embrapa Trigo. O evento, promovido em parceria com a Abrascanola, contou com mais de 200 participantes.
A canola possui mecanismos de autopolinização, mas a presença de insetos polinizadores pode aumentar o percentual de flores fecundadas e o rendimento de grãos da cultura.
Pesquisas conduzidas pela Rede Brasileira para Polinização de Canola (parceria entre PUCRS, FEPAGRO e UCS) avaliaram o impacto na presença das abelhas em lavouras de canola do Rio Grande do Sul. O objetivo foi quantificar a importância das abelhas e outros insetos polinizadores no rendimento das lavouras.
Foram realizados estudos durante a floração da canola em três municípios gaúchos: Esmeralda, Estrela e Guarani das Missões.
A metodologia contou com três comparações: lavoura aberta (processo natural de polinização), lavoura coberta (livre de abelhas) e polinização manual flor a flor.
As avaliações identificaram mais de 38 espécies de insetos polinizadores, e verificaram que a abelha Apis mellifera é a espécie mais abundante e importante, representando em média 76% dos polinizadores nas lavouras.
De acordo com a pesquisadora Betina Blochtein, da Pontifícia Universidade Católica do RS (PUC-RS), os resultados foram surpreendentes: a visitação livre de abelhas aumentou entre 17% (híbrido Hyola 420) a 30% (Hyola 61) a produtividade de canola. "Isso é só lucro, o produtor não teve custos para atingir esse aumento na produção de grãos", conta Betina. Segundo a pesquisadora, a maior presença das abelhas aumentou o número de síliquas e o peso dos grãos de canola. O efeito sobre o rendimento de grãos depende da densidade de polinizadores na lavoura, das condições meteorológicas durante o período de floração (abelhas não toleram frio abaixo de 15ºC) e da variedade de canola (diferenças na duração da floração). De modo geral, o estudo indica que a polinização não só melhora o rendimento de grãos da cultura, mas também contribui para uniformidade e precocidade da formação de síliquas.
O impacto do uso de colmeias próximas a lavouras de canola também está na geração de renda adicional através da produção do mel de canola, com alta valorização no mercado europeu, mas ainda pouco explorado no Brasil.
Embora o uso de agrotóxicos geralmente seja menor no cultivo de canola em comparação a outras culturas de grãos, é preciso atenção do produtor no uso dos defensivos para favorecer a presença dos insetos polinizadores, já que as abelhas são extremamente sensíveis aos resíduos de agrotóxicos.
Outro fator importante para o fortalecimento das populações de abelhas na área é a diversificação da paisagem para a conservação de ninhos e oferta de alimentos para as espécies nativas. Como as abelhas voam distâncias relativamente curtas (300 m a 3 km), torna-se necessária a manutenção de áreas semi-naturais como capões, afloramentos rochosos, madeiras secas próximas às lavouras e vegetação espontânea com flores nas margens de estradas. "Infelizmente, em algumas lavouras, nós não encontramos uma única abelha. Talvez o fator nem seja a condução da lavoura, mas a paisagem uniforme, com imensas lavouras contínuas, sem locais de refúgio para os insetos, desfavorecendo a presença de abelhas", explica Betina Blochtein.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo, Gilberto Omar Tomm, para que o trabalho das abelhas possa se traduzir em lucros na lavoura, é preciso seguir uma série de cuidados com o manejo da canola: empregar inseticidas somente quando atingir o nível de dano econômico; identificar e indicar os defensivos e o manejo que sejam menos danosos aos insetos polinizadores e que apresentem o menor risco de resíduos no mel; se for imprescindível, a aplicação de defensivos deve ser realizada fora do horário de visitação de abelhas (antes das 9h e após as 17h); sempre que possível, as colmeias devem ser fechadas ou removidas para reduzir a exposição dos polinizadores aos agrotóxicos.
Joseani M. Antunes (9693 MTb/RS)
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