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Micotoxinas em discussão no Congresso Internacional do Trigo
Muitos alimentos a base de cereais podem contaminados por micotoxinas, substâncias tóxicas relacionadas principalmente ao fungo que causa a giberela no trigo. Diferentes setores da cadeia produtiva estão trabalhando em conjunto para reduzir a contaminação no trigo. O tema será discutido na mesa redonda "Regulamentação e tendências do mercado do trigo - Micotoxinas", no dia 23 de setembro, no Congresso Internacional do Trigo, que acontece em Campinas, SP.
As micotoxinas são produzidas por algumas espécies de fungos que atacam produtos agrícolas como cereais e frutas. Resistentes à industrialização, as micotoxinas continuam presentes nos alimentos mesmo após cozimento ou processamento, sem alterar a aparência ou o sabor. Os principais impactos à saúde humana e animal são danos aos rins e ao fígado, além de doenças crônicas como o câncer. Efeitos agudos de gastroenterites podem ser rapidamente identificados, contudo os efeitos crônicos resultam de ingestão moderada e ao longo do tempo, dificultando o reconhecimento da associação entre a toxina e as doenças.
Para proteger a saúde humana e animal dos efeitos tóxicos das micotoxinas, bem como defender interesses econômicos, muitos países estabelecem níveis máximos permitidos para estes contaminantes.
Atualmente, na maior parte dos países, o valor para consumo de farinha branca contendo a micotoxina Desoxinivalenol (DON) é de 1.000 ppb (parte por bilhão), como é o caso dos Estados Unidos, Canadá e a maioria dos países da União Europeia, bem como os países que adotam o CODEX Alimentarius – Programa Conjunto de Padrões Alimentares da FAO do qual fazem parte 188 países, inclusive o Brasil.
A definição dos Limites Máximos Tolerados (LMT) de cada micotoxina em um país é baseada em pesquisas científicas sobre os efeitos dessa toxina para a saúde humana e animal (estratificando os diferentes tipos de animais, frangos, porcos, bovinos, equinos), relacionando com o consumo per capita da população, estabelecendo parâmetros considerados seguros para a ingestão dos alimentos.
Para avaliar o nível de contaminação dos alimentos, pesquisadores do laboratório de qualidade da Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS) avaliaram 1.000 amostras comerciais de trigo e viram que 64% das amostras apresentaram níveis de DON abaixo de 1000 ppb, atendendo a legislação atual. Uma segunda análise, em 58 amostras de farinha de trigo, mostrou que 91,4% estavam contaminadas por DON em níveis entre 200 e 1310 ppb. Nos biscoitos, em 36 amostras, mais de 97% estavam contaminadas com níveis de DON entre 200 e 1720 ppb. No macarrão instantâneo, em 40 amostras, 97,5% foram positivas para DON, com níveis entre 200 e 1609 ppb.
Para orientar o setor produtivo sobre legislação e boas práticas agrícolas, a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) e a Embrapa lançaram, em 2018, a cartilha “Micotoxinas no Trigo”, disponível para download.
A pesquisadora da Embrapa Trigo Casiane Tibola participa da mesa redonda "Regulamentação e tendências do mercado do trigo - Micotoxinas", junto com os debatedores Lígia Lindner, da ANVISA e Jefferson Caus, da Cooperativa Agrária. O debate está marcado para às 14h, do dia 23 de setembro, durante a programação do Congresso Internacional do Trigo, no Royal Palm Plaza, em Campinas, SP.
Joseani M. Antunes (MTb 9693/RS)
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