O grupo PAS Trigo esteve reunido na Embrapa Trigo no dia 18/09 para divulgar alternativas de produção que minimizam a contaminação do trigo por defensivos, pragas e doenças. Participaram técnicos de cooperativas, cerealistas, sindicatos rurais, assistência técnica e extensão rural, além das instituições integrantes do Programa Alimento Seguro (PAS). De acordo com o Chefe do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal do Ministério da Agricultura, José Fernando Werlang, como o programa está começando agora, o objetivo é esclarecer a cadeia produtiva e orientar para as melhores práticas de produção. "A demanda de fiscalização no trigo partiu da própria sociedade, do ministério público, dos órgãos de saúde e de defesa do consumidor. Ninguém aqui está falando em punição, mas vamos monitorar a qualidade dos alimentos e discutir junto com a cadeia produtiva os pontos críticos que podem trazer consequências indesejadas no consumo do trigo", explica Werlang. Segundo ele, nos produtos de origem vegetal (plantas) é mais difícil identificar a contaminação porque os efeitos são crônicos e não apresentam sintomas imediatos. Entidades como a Associação das Empresas Cerealistas do RS (ACERGS) e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do RS (CREA/RS) mostraram apoio ao programa e defenderam a multiplicação de eventos como caminho mais rápido para levar informações à assistência técnica: "estamos desenvolvendo aqui um trabalho educativo, esclarecendo e orientando para a produção de trigo seguro. Não podemos deixar que o produtor seja punido por falta de informação e o canal mais próximo é a assistência técnica", afirmou o representante do CREA/RS, Lauro Remus. O representante da ACERGS, Vicente Barbiero, destacou a importância do cerealista, intermediário no processo produtivo, responsável tanto pelo recebimento do trigo, quanto pela destinação: "a qualidade do alimento depende do acompanhamento desde a origem até o destino final. O cerealista não pode olhar apenas para o armazenamento dos grãos, é preciso interagir com todo o complexo que o trigo envolve". "Estamos discutindo no PAS Trigo não apenas um problema pontual, como uma contaminação de safra com micotoxinas, o uso de defensivos não indicados, ou mesmo as limitações da legislação. O que está em jogo, é a imagem do trigo brasileiro. Ninguém quer ouvir de organismos internacionais ou da fiscalização brasileira que o nosso trigo não serve para a alimentação humana. Precisamos agir agora, com estratégias construídas em conjunto para um objetivo comum, que é garantir o trigo brasileiro como um alimento seguro e de qualidade", conclui o Chefe-Geral da Embrapa Trigo, Sergio Dotto. Contaminação A contaminação do trigo pode ocorrer em diferentes momentos durante o processo de produção. Durante o desenvolvimento da lavoura, o uso indiscriminado de inseticidas e a incidência de doenças de difícil controle - como a giberela, que pode resultar em produção de micotoxinas - são exemplos da possibilidade de contaminação. Na pré-colheita, a prática de dessecação para antecipar a colheita do trigo, com uso de herbicida não recomendado também deve ser evitada. As pragas de armazenagem são pontos de contaminação na pós-colheita, resultando em fungos e micotoxinas, além do excesso de defensivos no expurgo dos grãos. PAS Trigo A pesquisadora da Embrapa Trigo, Eliana Guarienti, lembra que o programa é uma iniciativa do "Sistema S" (SENAR, SENAC, SESC, SESCOOP, SENAI, SESI, SEST SENAT e SEBRAE), e a pesquisa participa com a finalidade de garantir informações técnicas com base em ciência e compartilhar resultados que possam ajudar o produtor na busca pelo trigo seguro. "A Embrapa dispõe de vários trabalhos de pesquisa que estão disponíveis na internet com o propósito de divulgar alternativas capazes de associar segurança alimentar e retorno econômico. A conscientização de que a produção de trigo seguro é possível é o nosso maior desafio", diz Eliana.