Estatística de produção

Conteúdo atualizado em: 10/11/2023

Autor

Osmira Fatima da Silva - Embrapa Arroz e Feijão

Alcido Elenor Wander - Embrapa Arroz e Feijão

 

Panorama mundial

Observa-se nos dados disponibilizados no site da FAO, http://faostat3.fao.org, que a produção mundial de arroz em casca em 2021 foi de 787,3 milhões de toneladas colhidas em uma área de 165,3 milhões de hectares, com uma produtividade média de 4.764 kg ha-1. Comparado com a produção das demais culturas, o arroz é superado apenas pelo milho, e sendo seguido pelo trigo. O arroz participa com, aproximadamente, 28% da produção mundial de cereais de 2,8 bilhões de toneladas, e é consumido pelas populações em todos os quadrantes do globo terrestre.

O arroz é cultivado em todos os continentes, destacando em primeiro lugar o asiático, com uma produção equivalente a 89,9% da mundial. Segue-se o americano, com 4,8%, o africano, com 4,7%, o europeu, 0,5% e o oceânico, com 0,1% da produção mundial de arroz. Na Oceania, destaca-se a Austrália, que sozinha produz 423,0 mil toneladas.

Na Ásia, estão os oito maiores produtores mundiais de arroz. Em 1º lugar está a China, seguida pela Índia, Bangladesh, Indonésia, Vietnã, Tailândia, Myanmar e Filipinas, que produzem 214, 195, 57, 54, 44, 34, 25 e 20 milhões de toneladas, respectivamente. A China contribui com uma produção equivalente a 27% da mundial e 30% da asiática, seguida pela Índia com 25% e 28%, respectivamente.

Nas Américas, destacam-se o Brasil e os Estados Unidos da América na produção do arroz, com 11,7 e 8,7 milhões de toneladas, respectivamente. O arroz do Brasil representa 31,0% da produção das Américas. Já na classificação mundial, o país situa-se em 9º lugar, com uma participação de 1,5% do total de arroz produzido no planeta. Na América do Norte, o arroz é produzido apenas nos Estados Unidos da América.

Na América Latina e Caribe, a produção de 29,0 milhões de toneladas de arroz representa 3,7% da produção mundial, com destaque para o Brasil que participa com 40,2% dessa produção.

Em 2021, no Mercado do Cone Sul (Mercosul), o destaque é para o Brasil, que ocupa o 1º lugar tanto em área colhida como em produção de arroz. Com a produção de 11,7 milhões de toneladas é seguido, em ordem decrescente, pelo Peru, 3,5, Colômbia, 3,3, Equador, 1,5, Argentina, 1,5, Uruguai, 1,3, Paraguai, 1,2, Venezuela, 0,8, Bolívia, 0,6, e Chile, 0,1. A área total cultivada com arroz, nesses países do bloco, somou 3,9 milhões de hectares, com uma produção total de 25,4 milhões de toneladas, o que correspondeu a 2,4% e 3,2% da mundial, respectivamente, e uma produtividade média de 6.513 kg ha-1.

Situação nacional

Segundo a Embrapa Arroz e Feijão (2023), com dados adaptados, segundo o acompanhamento de safras do Levantamento Sistemático Agrícola (LSPA), do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), no ano agrícola de 2022, a produção total de arroz, no Brasil, foi 10,7 milhões de toneladas, colhidas em 1,6 milhão de hectares, com produtividade média de 6.569 kg ha-1.

Ainda, segundo a Embrapa, em 2022, o sistema de cultivo de arroz irrigado, com irrigação controlada, participou com 93,1% do total da produção nacional, seguido pelo arroz de terras altas com representatividade de 6,9% e pelo arroz irrigado, sem irrigação controlada ou de várzea natural, que não registrou dados de produção, possivelmente por se tornar inoperante.

No período analisado de 10 anos, ou seja, de 2013 a 2022, verifica-se uma redução persistente na produção do arroz de terras altas e o desaparecimento do sistema irrigado sem irrigação controlada a partir de 2018. A produção de arroz de terras altas passou de 1,6 milhão de toneladas em 2013 para, aproximadamente, 0,7 milhão de toneladas em 2022. Neste sistema de cultivo, a redução em cerca de 54,0% na produção, em parte, foi devido a substituição do arroz por outras culturas de grãos mais promissoras e rentáveis aos produtores, sobretudo, no tocante a comercialização e financiamento. A produção no sistema sem controle de irrigação passou de 6,9 mil toneladas em 2013 para 6,7 mil toneladas, em 2017.

O abastecimento de estoques e o consumo anual de arroz foram assegurados pela estabilização da produção, em média, de 10,3 milhões de toneladas de arroz no sistema irrigado com irrigação controlada, no período supracitado. Em 2013, a produção neste sistema foi 10,1 milhões de toneladas, alcançando 9,9 milhões de toneladas, em 2022. Esta estabilização na produção, muito provavelmente, são conquistas dos produtores de arroz dos vales das bacias dos rios tropicais e das terras baixas do país, que vem procedendo o manejo adequado das lavouras e se utilizando as cultivares de expressivo potencial de produtividade (Tabela 1).

Tabela 1. Evolução da produção de arroz nos sistemas de cultivo de terras altas e irrigado, no período de 2013 a 2022, no Brasil.

Fonte: Dados do IBGE/LSPA - Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, adaptados por SILVA, O. F. da, na Embrapa Arroz e Feijão/Núcleo de Sócioeconomia (2023).

 

A partir de 2013, verificou-se no Brasil uma redução de área colhida com o arroz de terras altas e com o irrigado sem irrigação controlada. A área total colhida de arroz passou de 943 mil hectares em 2013, para 310 mil hectares em 2022, ou seja, um decréscimo de 67,1%. Essa redução ocorreu, notadamente, em consequência da substituição do arroz, como monocultura, por outras culturas até então mais rentáveis ao produtor, como a soja, milho, algodão, cevada, cítricos, gramíneas e mais recentemente, a cana-de-açúcar e pulses, nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste do Brasil. Contudo, a área colhida com arroz irrigado com irrigação controlada, praticamente manteve-se estável, com média de 1,4 milhão de hectares, no período analisado. As áreas de arroz irrigado sem irrigação controlada, ou de várzea natural, deixou de ser contabilizada na estatística da produção do arroz, a partir de 2018, possivelmente por ceder espaço a outras culturas ou se tornarem áreas de preservação ambiental (Tabela 2).

Tabela 2. Evolução da área colhida de arroz nos sistemas de cultivo, no período de 2013 a 2022, no Brasil.

Fonte: Dados do IBGE/LSPA - Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, adaptados por SILVA, O. F. da, na Embrapa Arroz e Feijão/Núcleo de Sócioeconomia (2023)

 

No Brasil, a cultura do arroz, nos últimos 10 anos, ou seja, no período de 2013 a 2022, foi contemplada por níveis crescentes de produtividade, tanto no sistema de cultivo irrigado, quanto em terras altas. No período referenciado, ocorreu um incremento na produtividade do arroz na ordem de 40% e 5%, para terras altas e irrigado com irrigação controlada, respectivamente. A produtividade do arroz de terras altas superou as 2,4 t ha-1 e o irrigado as 8,0 t ha-1.

Esta conquista em incrementos de produtividade do arroz, especialmente, se explica pelo zelo dos produtores na condução do sistema de produção, racionalizando os fatores de produção e otimizando o uso de tecnologias, além da migração da produção para áreas com menos restrição hídrica (aumento da proporção das áreas irrigadas na produção total).

Adiciona-se que a capacitação dos produtores, a adoção de novas soluções tecnológicas e o compromisso com a preservação do meio ambiente, culminaram na combinação do poupa terra, ou seja, o aumento da produção sem aumentar ou até mesmo reduzindo as áreas, comumente utilizadas para a lavoura. Isso, tem impactado positivamente a renda dos produtores e favorecido ao mercado, com a disponibilidade de um produto de melhor qualidade e com preço mais acessível ao consumidor (Tabela 3).

Tabela 3. Evolução da produtividade média de arroz nos sistemas de cultivo, no período de 2013 a 2022, no Brasil..

Fonte: Dados do IBGE/LSPA - Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, adaptados por SILVA, O. F. da, na Embrapa Arroz e Feijão/Núcleo de Sócioeconomia (2023).