Importância econômica e social

Conteúdo atualizado em: 09/11/2023

Autor

Osmira Fatima da Silva - Embrapa Arroz e Feijão

Alcido Elenor Wander - Embrapa Arroz e Feijão

 

Mundo

O arroz é cultivado e consumido em todos os continentes, sendo um alimento básico da dieta para cerca de 2,5 bilhões de pessoas. Segundo estimativas feitas pela FAO, até 2050, haverá uma demanda para atender ao dobro dessa população.

Além do destaque em área cultivada e produção, com expressivos rendimentos obtidos em vários países onde é cultivado, o arroz desempenha papel estratégico tanto no aspecto de valor econômico quanto social, dado a sua importância na alimentação humana.

O arroz é o alimento de maior importância em muitos países em desenvolvimento, principalmente na Ásia e Oceania, onde vivem 70% da população total dos países em desenvolvimento e cerca de dois terços da população subnutrida mundial. Aproximadamente 90% de todo o arroz do mundo é cultivado e consumido na Ásia.

Segundo os dados disponibilizados no site do United States Department of Agriculture (USDA), https://fas.usda.gov/, em 2022 foram consumidas 519,2 milhões de toneladas de arroz beneficiado, sendo a população asiática a maior consumidora. Dentre os países asiáticos os destaques em quantidade consumida são: China (156,4 t), Índia (110,45 t), Vietnã (21,50 t) e Tailândia (12,8 t). Nas Américas, as distinções em consumo, em primeiro e segundo lugar, são para o Brasil e os EUA, respectivamente.

Assim como na Ásia, o arroz é um produto importante na economia de muitos dos países latino-americanos e faz parte da dieta da população, como nos casos do Brasil, Colômbia e Peru. Também é um produto importante no comércio internacional, como no Uruguai, Argentina e Guiana, como exportadores, e no Brasil, México e Cuba, como importadores.

É um dos alimentos com bom balanceamento nutricional, fornecendo 20% da energia e 15% da proteína per capita necessária ao ser humano adulto. Trata-se de um alimento com grande potencial para o combate à fome no mundo. Por outro lado, é uma cultura que apresenta ampla adaptabilidade de cultivo considerando as condições de solo e clima. Além da alimentação humana, esse cereal é usado na forma de ração animal e na indústria farmacêutica e cosmética, podendo ainda ser usado para produção de etanol.

Segundo dados nutricionais do arroz, disponíveis em http://ww38.dietasaude.com/, na composição de uma colher de sopa cheia de arroz branco cozido tem valor energético equivalente a 32 Kcal, contendo, também 7,03 g de carboidratos e 0,63 g de proteínas.

Em 2021, segundo a FAO, na América do Sul produziram-se 26,2 milhões de toneladas de arroz colhidos em 4,1 milhões de hectares. Esta produção concorre para o atendimento de uma demanda interna de consumo dos países notadamente associados ao Mercado do Cone Sul (MERCOSUL). O consumo de arroz nestes países é expressivo e constitui um componente primordial na dieta de grande parte da população (Tabela 1).

O crescimento da produção de arroz no Mercosul, a partir dos ingressos de novos países associados, ou seja, Chile, Peru, Equador, Colômbia, Bolívia e Venezuela, reforçaram a participação deste cereal na sustentação da base da pirâmide alimentar das populações, atendendo a uma demanda significativa por parte dos trabalhadores que buscam consumir o arroz, para suprimento de energias despendidas nas atividades, principalmente, como as físicas, tanto na zona rural como urbana.

Tabela 1. Consumo de arroz nos países do MERCOSUL, em equivalência calórica e proteica, em 2013.

  Fonte: Dados da FAO, em março/2023 (http://faostat3.fao.org), adaptados por SILVA, O. F. da, na Embrapa Arroz e Feijão/Núcleo Temático de Sócioeconomia. Acesso em 28 ago. 2023.

 

Brasil

O arroz assume importância relevante nas ações sociais e governamentais de incentivo ao seu cultivo, pois, juntamente com o feijão, se constitui num dos principais componentes da dieta da população brasileira.

Segundo a Embrapa (2023), no Brasil, diferentes de outros cereais, consumidos preferencialmente como ingredientes de alimentos processados, os grãos de arroz são consumidos íntegros, descascados e polidos. Apenas pequena parte do arroz produzido é consumida como ingrediente em produtos processados, como farinha, farelo, bebidas à base de arroz, óleo, entre outros.

Conforme os dados da Embrapa Arroz e Feijão (2023), adaptados do acompanhamento de safras do Levantamento Sistemático Agrícola (LSPA), do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), no ano agrícola de 2022, a produção total de arroz foi 10,7 milhões de toneladas, colhidas em 1,6 milhão de hectares, com uma produtividade média de 6,6 toneladas por hectare. Insere-se que, com esta produção de arroz, atualmente, o Brasil está em nono lugar na classificação mundial de maior produtor de arroz e o maior fora da Ásia.

O arroz é plantado em todos os estados brasileiros. Os principais estados produtores são Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão.

Os principais sistemas de cultivo utilizados são o arroz irrigado por irrigação controlada e o de terras altas. O sistema irrigado, com 1,3 milhão de hectares, responde por mais de 90% de toda a produção de arroz no País. Estes sistemas de produção estão amplamente distribuídos pelo país e são conduzidos por produtores empresariais de médio a grande porte, e também por um grande número de agricultores familiares.

No Brasil, o arroz é cultivado em agricultura familiar e empresarial. A agricultura familiar, segundo o Censo Agropecuário de 2006, reúne o maior número de produtores das propriedades que exercem a atividade orizícola, 89%, os quais são responsáveis por 34% do total da produção nacional. A maior parte da produção é obtida por agricultores não familiares ou empresariais, os quais representam 11% do total dos orizicultores que também tendem a adotar mais tecnologias e são responsáveis pelo equivalente a 66% da produção nacional.

Ressalva-se que em relação ao arroz (Oryza sativa L.), o Brasil é o único país no mundo em que os sistemas de produção de arroz irrigado e arroz de terras altas apresentam condições de atender à grande demanda pelo produto, tanto no âmbito interno como externo.