Mercado, comercialização e consumo

Conteúdo atualizado em: 10/11/2023

Autor

Osmira Fatima da Silva - Embrapa Arroz e Feijão

Alcido Elenor Wander - Embrapa Arroz e Feijão

 

O Brasil é um país privilegiado sob o ponto de vista alimentar, possui condições de produção e consumo capaz de satisfazer as demandas da população em termos quantitativos e qualitativos. Possui como base da dieta da sua população o arroz (Oryza sativa L.), cujas características nutricionais e funcionais se complementam para a saúde humana.

Mercado mundial

Segundo os dados do United States Department of Agriculture (USDA, 2023), a produção mundial de arroz vem acompanhando o crescimento do consumo global, mantendo reservas médias para as exportações, de 2020 a 2022, em atendimento à demanda mundial, na ordem de 519,2 milhões de toneladas (Tabela 1).

Tabela 1. Balanço da Oferta e demanda mundial de arroz (1.000.000 t), nas safras de 2019/2020 a 2021/2022.

Fonte: USDA/World Agricultural Supply and Demand Estimates - Economic Research Service using data from the USDA, Foreign Agricultural Service, Production Supply and Distribution database (mar. 2023).

 

As comercializações no mercado internacional seguem em leve tendência de crescimento, destacando-se que o volume atualmente transacionado no mundo ainda bastante reduzido em relação ao montante produzido. Outro fator que concorre para a inibição do consumo do arroz são os aumentos consideráveis nos preços internacionais do produto. Isso tem mobilizado organismos internacionais e governos dos países afetados em busca de soluções para assegurar a segurança alimentar das classes mais carentes da população que, normalmente, têm no arroz um alimento essencial e principal em sua dieta.

Mercado nacional

O mercado brasileiro de arroz é relativamente ajustado e a produção nacional se aproxima do consumo doméstico que, anualmente, é em cerca de 10,0 milhões de toneladas. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), os períodos de seca e de excessivas precipitações causam impedimentos no cultivo do arroz, o que reflete em redução de área e perdas significativas na produção. Quando isso acontece, gera pressão sobre os preços internos do produto e ocorre uma redução no consumo. Com isso, para suprir a demanda, o país recorre a importação do produto para reabastecer os estoques. (Tabela 2).

Tabela 2. Balanço da oferta e demanda brasileira de arroz em casca (1.000 t), nas safras de 2016/2017 a 2021/2022.
Fonte: CONAB (ago. 2023). Disponível em https://www.conab.gov.br/

 

No período de seis anos agrícolas analisados, ou seja, de 2017 a 2022, se verifica uma tendência de redução nos níveis de consumo nacional do arroz. Na safra de 2016/2017, o consumo foi de, aproximadamente, 12,2 milhões de toneladas e em 2021/2022 reduziu para 10,2 milhões de toneladas, ou seja, ocorreu uma redução de, praticamente, 2,0 milhões de toneladas ou 16,1% em relação a 2017. Isso sugere que as medidas preventivas de locomoção das pessoas na sociedade e a perda do poder aquisitivo devido ao congelamento dos salários e ao desemprego, em consequência da pandemia do novo Coronavírus SARS-CoV-2, ainda em curso, muito provavelmente, corroboraram para a retração na demanda, fazendo com que os preços do produto se ascendessem e inflacionassem, no mercado brasileiro.

Comercialização

Após a colheita o arroz passa por uma série de operações com o objetivo de disponibilizar para os consumidores com padrão, classificado conforme a legislação e com qualidade e livre de pragas e doenças. A primeira intervenção é a pré-limpeza para retirar impurezas e materiais estranhos, seguida de secagem para deixar os grãos com umidade adequada. Após o armazenamento para formação de estoque para ser utilizado na entressafra. O processamento é composto por doze etapas: limpeza, descascamento, separação pela câmara de palha, separação de marinheiro, separação de pedras, brunimento, polimento, classificação, padronização via seleção eletrônica, limpeza, empacotamento e enfardamento.

No varejo encontra-se principalmente arroz longo-fino nas formas integral, parboilizado (integral e polido) e branco (polido) e em pequenas quantidades arroz especial, notadamente, arroz de pericarpo colorido ou pigmentados (vermelho e preto), de baixa amilose (culinária japonesa), aromático, dentre outros. Estima que no Brasil 70% do arroz consumo é branco polido, 25% parboilizado polido, 4% integral e 1% outros.

Consumo

No Brasil o arroz além de ser alimento básico do dia a dia, faz parte de pratos típicos em diversas regiões. A predominância do consumidor brasileiro é pelo arroz beneficiado polido, de grãos longo fino, conhecido por agulhinha, inteiro e translúcido, com dimensões homogêneas e uniformes. Portanto o aspecto visual e aparência são fundamentais. O consumidor observa também a rapidez e o rendimento no cozimento e após o cozimento que se apresente grãos secos e soltos.

O arroz é consumido de forma e quantidade diferente em diversos países. Em alguns são meramente consumidos em ocasiões esporádicas e outros é a base da alimentação. Nestes países é essencial para a população devido suas propriedades nutricionais e funcionais o coloca como excelente fonte de energia, devido à alta concentração de amido, oferecendo um bom balanço de aminoácidos essenciais, vitaminas e minerais e possuindo baixo teor de lipídios.

Além do consumo na forma de grão polidos, integral e parboilizado na alimentação humana, o farelo e grãos quebrados é utilizado na fabricação de produtos utilizados na alimentação animal, na fabricação de bebidas, óleos e na indústria farmacêutica e de cosméticos.

Ressalva-se que o Brasil, é o único país em que os sistemas de produção de arroz irrigado e de arroz de terras apresentam condições de atender a demanda pelo produto.