Coeficientes técnicos

Conteúdo atualizado em: 10/11/2023

Autor

Osmira Fatima da Silva - Embrapa Arroz e Feijão

Alcido Elenor Wander - Embrapa Arroz e Feijão

 

Coeficientes técnicos e custos de produção de arroz irrigado na região tropical, no estado de Tocantins

Coeficientes técnicos

Os coeficientes técnicos baseiam-se nas recomendações técnicas para o cultivo de arroz irrigado nas terras baixas da região tropical no estado de Tocantins e, associados com os preços unitários dos fatores de produção, formam a matriz de cálculos em uso na Embrapa Arroz e Feijão para o estabelecimento do custo total da produção em um hectare.

Custo de produção

Custos de produção referem-se aos gastos proporcionais à variação do volume de produção. Para os custos de produção analisados pela Embrapa Arroz e Feijão se considera os custos variáveis dos insumos, como sementes, fertilizantes e corretivo, defensivos em uso no tratamento das sementes e nos tratos culturais, das operações com máquinas alugadas e serviços contratados. Os preços médios pagos pelos fatores de produção são aqueles praticados no mês de setembro do ano que a safra foi semeada, na região de abrangência para a qual a cultivar é recomendada. Foram também consideradas as despesas efetuadas com o pós-colheita, ou seja, secagem dos grãos e pagamento da assistência técnica.

Neste item foi tratado o custo de produção do cultivo do arroz irrigado na safra 2021/2022. Os cálculos foram feitos considerando as fases de implantação e manejo da cultura, tendo como referência a cultivar BRS Pampeira. Os valores dos custos dos componentes em real, a moeda corrente, com a equivalência em dólar americano comercial de venda. Os fatores de produção trazem suas unidades de aferição, conforme suas especificações e são valorados por quantidade mensurada e utilizada.

Na safra 2021/2022, o custo médio de produção de 125 sc. 60 kg ha-1 da cultivar BRS Pampeira, a nível de lavoura, obtido pelo produtor nas várzeas tropicais do estado de Tocantins foi R$ 8.536,81 ha-1, resultando em um custo unitário de R$ 68,29 pela saca de 60 kg (Tabela 1).

As operações agrícolas do sistema de produção da cultivar BRS Pampeira são, praticamente, todas mecanizadas, demandando pouca mão de obra.

 

Para o sistema de produção, considera-se “convencional” o preparo do solo feito com grade aradora, niveladora, rolagem e a manutenção da estrutura básica.  A calagem foi realizada distribuindo-se 1,0 t ha-1 de calcário dolomítico.

No tratamento sanitário de 100 kg ha-1 de sementes certificadas da cultivar BRS Pampeira foram utilizados 0,07 kg do inseticida Fipronil mais os fungicidas Dicarboximida (0,20 L) e Benzimidazol (0,20 L) e uma composição dos micronutrientes cobre, molibdênio e zinco (0,10 L).

Na adubação de base, por ocasião da semeadura, foram utilizados 300 kg ha-1 do formulado 05-20-20 mais zinco. A adubação nitrogenada foi feita em cobertura, utilizando-se 100 kg ha-1 de uréia (46% N) mais 100 kg ha-1 de uréia cloretada do formulado 30-00-20, via aérea.

Nos tratamentos fitossanitários, utilizaram-se os inseticidas Bifentrina+Carbosulfan (0,60 L ha-1) mais Thiamethoxam (0,15 kg ha-1), Cipermetrina (0,15 L ha-1) em duas aplicações, Teflubenzurom  (0,15 L ha-1) e o Etiprole (0,30 L ha-1),  em mistura com o óleo mineral, usado como espalhante adesivo. Também, foram utilizados os fungicidas Tricyclazole + Tebuconazole (0,07 L ha-1), em três aplicações. Adicionalmente, foram utilizados os fungicidas Tricyclazole + Azoxistrobina + Tebuconazole (0,0,07 L ha-1) em duas aplicações, o Difenoconazole (0,30 L ha-1) em três aplicações e, também, o Tricyclazole (0,30 kg ha-1) em seis aplicações. Os controles das principais pragas e doenças foram realizados com aplicações via aérea.

O controle de plantas daninhas foi realizado com os herbicida pré-emergente Oxyfluorfen (0,50 L ha-1), Glifosato (1,50 L ha-1) e Fluil BpH (0,02 L ha-1), via tratorizada, utilizando-se o pulverizador autopropelido. Também, foram aplicados os herbicidas pós-emergente Bispyribac sodium (0,13 L ha-1) e Clomazona (0,6 L ha-1), em via aérea.

Na colheita utilizou-se a colhedora e, a mão de obra empregada foi na adequação dos restos culturais e na retirada do produto da área de produção.

Dos componentes do custo de produção da cultivar BRS Pampeira, os insumos representaram 65,63%, sendo os que mais oneraram o custo final, seguidos pelas operações com máquinas, 24,43%; pós-colheita, 8,42%; e serviços, 1,52%. Dentre os insumos básicos que mais oneraram o custo de produção, os defensivos, utilizados no tratamento de sementes e nos tratos culturais, respondem por 37,28%, seguidos por fertilizantes e o corretivo, 23,66% e sementes, 4,69%.  

Produtividade de grãos e rentabilidade

A produtividade média obtida pelo produtor no cultivo de arroz irrigado em várzea tropical, no estado de Tocantins, é de 7.500 kg ha-1, ou seja, 125 sacas de 60 kg ha-1. No balanço econômico, essa produtividade proporcionou ao produtor a receita bruta de R$ 11.250,00 ha-1, ao custo de produção de R$ 8.536,81 ha-1 (Tabela 2).

Tabela 2. Balanço econômico da cultivar de arroz irrigado de várzea tropical (Oryza sativa L.) BRS Pampeira, no estado de Tocantins, na safra 2021/2022.

1) Com base nos preços médios pagos pelos fatores de produção, em 01/09/2021 e, no preço médio corrente recebido pelo produtor do arroz irrigado pela saca de 60kg = R$ 90,00, em 01/04/2022, nos principais polos de produção do estado de Tocantins.
Fonte: Embrapa Arroz e Feijão/Núcleo Temático de Sócioeconomia. Elaboração: SILVA, O. F. da. & WANDER, A. E., em agosto/2023

 

A análise de viabilidade econômica da cultivar BRS Pampeira evidencia que o produtor obteve rentabilidade com o sistema de produção em várzeas tropicais do estado de Tocantins. Isso foi possível, devido ao potencial de produtividade e a vigência de preços favoráveis na época da colheita, propiciando a obtenção de uma relação de benefício/custo de 1,32, ou seja, para cada R$ 1,00 investido no sistema de produção foi possível um retorno de R$ 1,32.