Arroz
Coeficientes técnicos
Autor
Osmira Fatima da Silva - Embrapa Arroz e Feijão
Alcido Elenor Wander - Embrapa Arroz e Feijão
Coeficientes técnicos e custo de produção de arroz irrigado na região tropical, no estado de Tocantins
Coeficientes técnicos
Os coeficientes técnicos se baseiam nas recomendações técnicas para o cultivo de arroz irrigado de várzeas tropicais no estado de Tocantins e, associados com os preços unitários dos fatores de produção, formam a matriz de cálculos em uso na Embrapa Arroz e Feijão para o estabelecimento do custo total da produção em um hectare.
Custo de produção
Os custos de produção se referem aos gastos proporcionais à variação do volume de produção e foram considerados os custos variáveis dos insumos, como sementes, fertilizantes e corretivo, defensivos em uso nos tratos culturais, das operações com máquinas alugadas e serviços contratados. Os preços médios pagos pelos fatores de produção são aqueles praticados no mês de setembro do ano que a safra foi semeada, na região de abrangência para a qual a cultivar é recomendada, especialmente nos municípios tocantinenses, como Lagoa da Confusão, Formoso do Araguaia e Dueré. Foram também consideradas as despesas efetuadas na pós-colheita, ou seja, secagem e armazenamento dos grãos e pagamento da assistência técnica.
Nos cálculos do custo de produção do arroz irrigado, safra 2023/2024, foram consideradas as fases de implantação e manejo da cultura, tendo como referência a cultivar BRS Pampeira. Na paridade dos preços dos componentes, fez-se a cotação em Real, a moeda brasileira, e o dólar norte-americano comercial de venda. Os fatores de produção trazem suas unidades de aferição, conforme suas especificações e são valorados por quantidade mensurada e utilizada.
Na safra 2023/2024, o custo médio de produção de 132 sc. 60 kg ha-1 da cultivar BRS Pampeira, a nível de lavoura, obtido pelo produtor no estado de Tocantins foi de R$ 8.541,16 ha-1, resultando em um custo unitário de R$ 64,71 pela saca de 60 kg (Tabela 1).
Para o sistema de produção, considera-se “convencional” o preparo do solo feito com grade aradora, niveladora, rolagem e a manutenção da estrutura básica. A calagem foi realizada distribuindo-se 1,0 t ha-1 de calcário dolomítico.
No tratamento sanitário de 100 kg ha-1 de sementes certificadas da cultivar BRS Pampeira foram utilizados 0,07 kg do inseticida Fipronil mais os fungicidas Dicarboximida (0,20 L) e Benzimidazol (0,20 L) e uma composição dos micronutrientes cobre, molibdênio e zinco (0,10 L).
Na adubação de base, por ocasião da semeadura, foram utilizados 300 kg ha-1 do formulado 05-20-20 mais zinco. A adubação nitrogenada foi feita em cobertura, utilizando-se 100 kg ha-1 de uréia (46% N) mais 100 kg ha-1 de uréia cloretada do formulado 30-00-20, via aérea.
Nos tratamentos fitossanitários, utilizaram-se os inseticidas Bifentrina+Carbosulfan (0,60 L ha-1) mais Thiamethoxam (0,15 kg ha-1), Cipermetrina (0,15 L ha-1) em duas aplicações, Teflubenzurom (0,15 L ha-1) e o Etiprole (0,30 L ha-1), em mistura com o óleo mineral, usado como espalhante adesivo. Também, foram utilizados os fungicidas Tricyclazole + Tebuconazole (0,07 L ha-1), em três aplicações. Adicionalmente, foram utilizados os fungicidas Tricyclazole + Azoxistrobina + Tebuconazole (0,0,07 L ha-1) em duas aplicações, o Difenoconazole (0,30 L ha-1) em três aplicações e, também, o Tricyclazole (0,30 kg ha-1) em seis aplicações. Os controles das principais pragas e doenças foram realizados com aplicações via aérea.
O controle de plantas daninhas foi realizado com os herbicida pré-emergente Oxyfluorfen (0,50 L ha-1), Glifosato (1,50 L ha-1) e Fluil BpH (0,02 L ha-1), via tratorizada, utilizando-se o pulverizador autopropelido. Também, foram aplicados os herbicidas pós-emergente Bispyribac sodium (0,13 L ha-1) e Clomazona (0,6 L ha-1), em via aérea.
Na colheita utilizou-se colhedora, empregando-se mão de obra na adequação dos restos culturais e na retirada do produto da área de produção.
Dos componentes do custo de produção da cultivar BRS Pampeira, os insumos representaram 59,10%, sendo os que mais oneraram o custo final, seguidos pelas operações com máquinas, que inclui o custo com aplicações via aeronave, 28,13%; pós-colheita, 10,29%; e serviços, 2,47%. Dentre os insumos básicos que mais oneraram o custo de produção, os defensivos, utilizados no tratamento de sementes e nos tratos culturais, respondem por 35,80%, seguidos por fertilizantes e o corretivo, 17,44% e sementes, 5,85%.
Produtividade de grãos e rentabilidade
A produtividade média obtida pelo produtor no cultivo de arroz irrigado em várzea tropical, no estado de Tocantins, é de 7.900 kg ha-1, ou seja, 132 sacas de 60 kg ha-1. No balanço econômico, essa produtividade proporcionou ao produtor a receita bruta de R$ 14.520,00 ha-1, ao custo de produção de R$ 8.541,16 ha-1 (Tabela 2).
Tabela 2. Balanço econômico da cultivar de arroz irrigado de várzea tropical (Oryza sativa L.) BRS Pampeira, no estado de Tocantins, na safra 2023/2024. |
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1) Com base nos preços médios pagos pelo produtor do arroz aos fatores de produção, nos principais polos de produção do estado de Tocantins, em 01/09/2023 e, no preço médio da saca de 60kg recebido pelo produtor do arroz irrigado, ou seja, R$ 110,00, em 01/04/2024. |
A análise de viabilidade econômica da cultivar BRS Pampeira evidenciou que o produtor obteve rentabilidade com o sistema de produção em várzeas tropicais do estado de Tocantins. Isso foi possível, devido ao potencial de produtividade e a vigência de preços favoráveis na época da colheita, propiciando a obtenção de uma relação de benefício/custo de 1,70, ou seja, para cada R$ 1,00 investido no sistema de produção foi possível um retorno de R$ 1,70.