Cultivares

Conteúdo atualizado em: 18/02/2022

Autores

Claudia Silva da Costa Ribeiro - Embrapa Hortaliças

Geovani Bernardo Amaro - Embrapa Hortaliças

Francisco José Becker Reifschneider - Consultor autônomo

Sabrina Isabel Costa Carvalho - Embrapa Hortaliças

 

A maioria das cultivares de pimentas plantadas no Brasil como a 'Malagueta' (C. frutescens), 'Dedo-de-Moça' (C. baccatum), 'Cumari' (C.baccatum var. praetermissum), 'De Cheiro' e 'Bode' (C. chinense), são consideradas variedades botânicas ou grupos varietais, com características de frutos bem definidas (Figuras 1,2 e 3). As vezes, o produtor produz sua própria semente, e as diferenças existentes dentro destes grupos estão relacionadas às diferentes fontes de sementes utilizadas para o cultivo.

Foto: Geovani B. Amaro  Foto: Sabrina Isabel Costa Carvalho Foto: Geovani B. Amaro
Detalhe de pimenta malagueta
Planta de pimenta cumari

Detalhe de pimenta de bode

 

Figura 1. Planta de pimenta malagueta Figura 2. Planta de pimenta cumari Figura 3. Planta de pimenta bode      

 

São poucos os programas nacionais de melhoramento de pimentas. Destes destaca-se o desenvolvimento de cultivares de pimenta doce para processamento industrial, como páprica doce e pimenta picante do tipo Jalapeño para molhos líquidos, coordenado pela Embrapa Hortaliças. Dentre os prováveis fatores que restringem trabalhos de melhoramento com pimentas, existe o desinteresse das empresas e companhias de sementes de produzirem e comercializarem sementes devido a pequena demanda por parte dos produtores. Já, para o pimentão existe uma maior demanda, onde sementes híbridas alcançam preços satisfatórios no mercado, isso incentiva diversos programas de melhoramento.

Apesar do crescente interesse no cultivo de pimentas, este ainda é feito por pequenos produtores que produzem suas próprias sementes ou compram frutos maduros em mercados e feiras e deles extraem as sementes que serão utilizadas para plantio. Normalmente estas sementes são de qualidade variável, com baixa germinação e muitas vezes transmissoras de doenças (já que são obtidas sem seguir regras básicas para a produção de sementes). A maioria das áreas cultivadas com pimentas, as plantas apresentam sintomas de mancha-bacteriana (Xanthomonas campestris pv. vesicatoria), doença transmitida a longas distâncias por meio de sementes.

Capsicum annuum é a espécie mais cultivada e inclui as variedades mais comuns deste gênero como pimentões e pimentas doces para páprica e consumo fresco (pimenta tipo ‘Americana’) e pimentas picantes como 'Jalapeño', 'Cayenne' entre outras, e ainda poucas cultivares ornamentais. As pimentas dos tipos 'Jalapeño' e 'Cayenne' podem ser consumidas frescas, ou processadas na forma de molhos líquidos (frutos verdes-imaturos e vermelhos-maduros), desidratados na forma de flocos ou pó, ou ainda em conservas. Estas pimentas são cultivadas principalmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás.

Os tipos mais comuns e cultivados da espécie C. baccatum no Brasil são as pimentas 'Dedo-de-Moça', 'Chifre-de-Veado' e 'Cambuci' (também conhecida como 'Chapéu de Frade'). Neste grupo de pimentas, a pungência dos frutos é menos intensa; há inclusive cultivares de pimenta 'Cambuci' que são doces. A pimenta 'Dedo-de-Moça' é cultivada principalmente nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. Além de ser consumida fresca, em molhos e conservas, também é utilizada na fabricação de pimenta 'calabresa' (desidratada na forma de flocos com a semente).

A pimenta 'Cumari' é bem popular na região Sudeste do Brasil e é encontrada também em estado silvestre, crescendo sob árvores diversas e em capoeiras. Normalmente as plantas são mantidas por alguns anos e chegam a formar verdadeiros arbustos. Os frutos desta pimenta são bem pequenos, arredondados ou ovalados, de coloração vermelha quando maduros.

C. chinense é a mais brasileira das espécies domesticadas e caracteriza-se pelo aroma acentuado dos seus frutos. Há tipos varietais desta espécie com frutos extremamente picantes, como a pimenta 'Habanero', muito popular no México. No Brasil, as mais conhecidas são as pimentas 'De Cheiro', 'Bode', 'Cumari do Pará' ou ‘Cumari amarela’, 'Murupi', entre outras. Há também, dentro desta espécie, uma expressiva variabilidade de formatos e cores de frutos.

A pimenta 'De Cheiro', que predomina no Norte do país, possui frutos de tom amarelo-leitoso, amarelo-claro, amarelo-forte, alaranjado, salmão, vermelho e até preto. A pungência também é variável, são encontrados frutos doces a muito picantes. Na região Centro-Oeste, é mais comum o cultivo da pimenta 'Bode', que tem frutos arredondados de cor amarela ou vermelha quando maduros, e da 'Cumari do Pará', que possui frutos ovalados de coloração amarela quando maduros. Ambas possuem pungência e aroma característicos que as distinguem das demais.

A pimenta 'Murupi', cultivada nos estados do Amazonas e Pará, possui coloração amarela e o aroma das pimentas 'De Cheiro' e 'Bode'.A espécie C. frutescens é representada pelo tipo de pimenta mais conhecido e consumido no Brasil, a pimenta 'Malagueta'. Plantada em todo o país, destacam-se os cultivos nos estados de Minas Gerais, Bahia e Ceará. Também pertence a esta espécie a pimenta 'Tabasco', conhecida mundialmente pelo molho de pimenta que leva seu nome. Estas pimentas são extremamente picantes, possuem frutos pequenos de formato alongado e de coloração vermelha quando maduros.

As principais cultivares de pimenta disponíveis no mercado brasileiro estão relacionadas na Tabela 1.

Tabela 1. Algumas cultivares de pimenta disponíveis no mercado brasileiro.

Cultivares de pimenta disponíveis no mercado brasileiro

Fonte: Informações coletadas dos sites das empresas de sementes: www.agristar.com.br ou www.topseed.com.br; www.isla.com.br; www.hortivale.com.br; www.sakata.com.br; www.sementesfeltrin.com.br; www.sementesakama.com.br.