Importância

Conteúdo atualizado em: 18/02/2022

Autores

Francisco José Becker Reifschneider - Consultor autônomo

Werito Fernandes de Melo - Embrapa - Secretaria de Inovação e Negócios

Geovani Bernardo Amaro - Embrapa Hortaliças

Nirlene Junqueira Vilela - Embrapa Hortaliças

Gilmar Paulo Henz - Embrapa - Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas

Claudia Silva da Costa Ribeiro - Embrapa Hortaliças

 

O centro de origem das pimentas cultivadas e silvestres é o continente americano. Depois do descobrimento das Américas, as pimentas foram introduzidas em diferentes áreas e hoje se encontram dispersas pelo mundo. Com a chegada dos navegadores portugueses e espanhóis ao continente americano, muitas espécies de plantas foram descobertas, entre elas as pimentas. As pimentas do gênero Capsicum já eram utilizadas pelos índios americanos (nativos) e mostravam-se mais picantes que a pimenta-do-reino (Piper nigrum), cuja busca foi, possivelmente, uma das razões das viagens que culminaram com o descobrimento do Novo Mundo.

Diversos relatos de exploradores do Brasil-colônia demonstram que a pimenta era amplamente cultivada e representava um item significativo na dieta das populações indígenas. Ainda hoje, a importância das pimentas continua grande, seja na culinária, nas crenças, na medicina alopática ou natural e inclusive como arma de defesa. São remédios para artrites (pomadas a base de capsaicina), dores musculares (emplastro ‘Sabiá’), dor de dente, má digestão, dor de cabeça e gastrite. A capsaicina, responsável pela pungência das pimentas, é a única substância que, usada externamente no corpo, gera endorfinas internamente que promovem uma sensação de bem-estar, acionando o potencial imunológico.

Os índios Caetés foram os primeiros brasileiros a usar a pimenta como arma, sem imaginar que séculos depois a oleorresina de pimenta em aerossol ou em espuma, os famosos ‘pepper spray’ e ‘pepper foam’, seriam utilizados pela polícia moderna.

É igualmente substancial a contribuição histórica brasileira na dispersão destas plantas pelo mundo, eficientemente feita pelos navegadores portugueses e pelos povos que eram transportados em suas embarcações. As rotas de navegação no período 1492-1600 permitiram que as espécies picantes e doces de pimentas viajassem o mundo. As pimentas foram então, introduzidas na África, Europa e posteriormente na Ásia.

Cinco séculos depois do descobrimento das Américas, as pimentas passaram a dominar o comércio das especiarias picantes, sendo de relevância tanto em países de clima tropical como temperado. Atualmente, a China e a Índia têm mais de 1.000.000 hectares cultivados com Capsicum, e os tailandeses e os coreanos-do-sul, tidos como os maiores consumidores de pimenta do mundo, comem de 5 a 8 gramas por pessoa/dia.

O cultivo de pimentas ocorre praticamente em todas as regiões do país e é um dos melhores exemplos de agricultura familiar e de integração pequeno agricultor-agroindústria. As pimentas (doces e picantes), além de serem consumidas frescas, podem ser processadas e utilizadas em diversas linhas de produtos na indústria de alimentos.

A produtividade normal de pimenta é muito variável principalmente em função do tipo cultivado, nível de tecnologia adotado, região e período de cultivo. Por exemplo, a produtividade normal da pimenta malagueta por ano gira em torno de 10 t/ha, porém é comum médias de 6 t/ha, por outro lado produções de 15 t/ha são raras. A produtividade anual normal para pimenta biquinho e bode gira em torno de 20 t/ha, pimenta dedo-de-moça em torno de 25 t/ha e pimenta jalapeño em torno de 45 t/ha.

Não se tem uma estimativa exata da produção de pimenta no Brasil porque em grande parte a pimenta é cultivada por pequenos agricultores de diversas regiões brasileiras, mas acredita-se que a área cultivada anualmente chega próximo de cinco mil ha com uma produção de 75 mil toneladas.  

Os principais estados produtores são Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Ceará, Rio Grande do Sul, Bahia e Sergipe. A produtividade média depende do tipo de pimenta cultivada, variando de 10 a 30 t/ha. A crescente demanda do mercado tem impulsionado o aumento da área cultivada e o estabelecimento de agroindústrias, tornando o agronegócio de pimentas (doces e picantes) um dos mais importantes do país. Além do mercado interno, parte da produção brasileira de pimentas é exportada em diferentes formas, como páprica, pasta, desidratada e conservas ornamentais.