Doenças

Conteúdo atualizado em: 18/02/2022

Autor

Carlos Alberto Lopes - Embrapa Hortaliças

 

Doenças de plantas são anormalidades provocadas geralmente por microrganismos, como bactérias, fungos, nematóides e vírus, mas podem ainda ser causadas por falta ou excesso de fatores essenciais para o crescimento das plantas, tais como nutrientes, água e luz. Neste caso, são também conhecidas como distúrbios fisiológicos.

Várias são as medidas que podem ser adotadas para evitar a ocorrência de doenças em plantas ou mesmo reduzir seu impacto no produto comercial. A observação harmoniosa de um conjunto de medidas de controle, também conhecido como controle integrado, tem como objetivo principal a redução da necessidade do uso de agrotóxicos.

Para que as doenças sejam bem controladas é necessário que a cultura seja bem conduzida, ou seja, que a planta não esteja sujeita a estresses provocados por fatores adversos, tais como época de plantio desfavorável, adubação desbalanceada, ferimentos nas plantas, competição com plantas daninhas e o uso de cultivares não adaptadas ao clima.

Dentre estes fatores, deve ser dada atenção especial ao tipo de solo e modo de irrigação. Plantas de pimenta são muito sensíveis a solos encharcados e morrem prematuramente por esta causa. O controle de doenças de plantas é, mais que tudo, ‘medicina preventiva’, ou seja, a estrita observação de medidas que devem ser adotadas antes mesmo do plantio.

A seguir, são mencionadas algumas medidas para evitar o aparecimento de doenças ou reduzir seu efeito:

1. Plantar sementes de boa qualidade. Em caso de produção própria, devem ser escolhidas as plantas saudáveis para se retirar sementes. Muitas doenças das pimentas são transmitidas pela semente. O tratamento térmico é recomendável no caso de sementes suspeitas;

2. Preferir variedades bem adaptadas ao clima local e à época de plantio, e que tenham resistência às principais doenças que ocorrem na região. Estas informações podem ser obtidas em catálogos de empresas de sementes;

3. Escolher para instalação da cultura uma área bem ventilada, que não tenha histórico de plantio recente com solanáceas (pimentão, tomate, berinjela, jiló), com solo bem drenado, não sujeita a empoçamento de água;

4. Fazer adubação balanceada, baseada em análise do solo. Falta ou excesso de nutrientes são causas frequentes de distúrbios fisiológicos graves;

5. Produzir ou adquirir mudas sadias. Infecções precoces, provocadas por semente contaminada ou substrato infestado, dificultam sobremaneira a manutenção da sanidade nas plantas adultas. Sementeiras devem ser feitas preferencialmente em telados instalados em locais separados do campo de cultivo, onde as mudas ficam protegidas de vetores de viroses;

6. Evitar o excesso de água na irrigação, pois este é o fator que mais afeta o desenvolvimento de doenças, em especial aquelas associadas ao solo;

7. Usar água de irrigação de boa qualidade, que não tenha sofrido contaminação antes de chegar à propriedade;

8. Controlar os insetos que são vetores de viroses e que provocam ferimentos nas plantas, principalmente nos frutos;

9. Evitar ferimentos à planta durante as operações de amarrio, capinas, irrigação ou outros tratos culturais;

10. Realizar as pulverizações de preferência de forma preventiva, quando as condições climáticas forem favoráveis a uma determinada doença. Após o seu estabelecimento, a maioria das doenças não pode mais ser controlada;

11. Evitar ao máximo o trânsito de pessoas e de máquinas que podem levar estruturas de patógenos de uma área para outra. Em cultivos protegidos, recomenda-se colocar uma caixa com cal virgem na entrada para desinfestação de calçados;

12. Destruir os restos culturais, que normalmente hospedam populações de patógenos e insetos. Esta destruição pode ser feita por enterrio profundo ou queima controlada;

13. Realizar rotação de culturas, de preferência com gramíneas, tais como milho, trigo, arroz, sorgo ou capim. Esta medida é muito importante para o controle de doenças de solo, mais difíceis de serem controladas;

14. Inspecionar a lavoura com freqüência para identificar possíveis focos de doença, ainda em seu início.