Ageitec
Pimenta
Potyviroses
Conteúdo atualizado em: 18/02/2022
Autor
Mirtes Freitas de Lima - Embrapa Hortaliças
- Mosaico das nervuras (Potato virus Y - PVY)
O mosaico das nervuras é uma das doenças mais comuns em Capsicum spp. Ocorre no Brasil desde o início da década de 60 e, atualmente, esta doença pode ser detectada nas várias regiões brasileiras, afetando, especialmente, espécies de solanáceas, nas quais pode constituir fator limitante à produção. Em pimenteira o PVY era o vírus mais frequentemente detectado, até a identificação de um novo potyvírus, o PepYMV infectando a cultura e que passou a ser o mais comum em pimenteira.
Plantas afetadas pela doença exibem mosaico, mosqueado, clareamento de nervuras e faixas de coloração verde-escuro associadas às nervuras principais, sintoma denominado como faixa verde das nervuras. Plantas doentes podem exibir enrugamento e distorção foliar, além de redução no desenvolvimento da planta (Figura 1). Outros sintomas incluem necrose de nervuras e necrose do topo da planta, podendo resultar em morte da planta.
Foto: Mirtes F. Lima
Figura 1. Infecção de pimenteira tipo bode com PVY.
O PVY pertence ao gênero Potyvirus, família Potyviridae e apresenta partículas alongadas flexíveis, contendo uma fita simples de RNA.
Além das solanáceas, pode também infectar espécies de outras famílias de plantas como amarantáceas, quenopodiáceas, asteráceas e fabáceas, além de plantas daninhas (Solanum spp. e Physalis spp.) que podem servir de reservatório do vírus e/ou do vetor, em campo.
O vírus é transmitido por afídeos de maneira não-persistente. Neste tipo de transmissão, o inseto adquire e transmite o vírus durante a “picada de prova”. A aquisição do vírus pelo pulgão ocorre em períodos de 15 a 60 segundos de alimentação em planta infectada e a transmissão se dá, quando o pulgão virulífero se alimenta em planta sadia por 30 a 60 segundos. A rápida aquisição e transmissão do vírus por afídeos propicia a disseminação do vírus na lavoura em pequeno espaço de tempo, podendo resultar em infecção generalizada das pimenteiras. O inseto é capaz de transmitir o vírus por, aproximadamente, 1 h. Cerca de 25 espécies de pulgões transmitem o PVY, dentre as quais, Myzus persicae é o vetor mais eficiente. A sua transmissão por sementes ainda não foi comprovada.
- Mosaico amarelo do pimentão (Pepper yellow mosaic virus – PepYMV)
Este vírus foi inicialmente, descrito como uma estirpe do PVY, denominada PVYM. Mais tarde, esta estirpe foi proposta como uma nova espécie, denominada Pepper yellow mosaic virus (PepYMV). Já foi detectado em áreas produtoras de pimenta de diferentes localidades do Brasil, causando sérios prejuízos e, atualmente é um dos principais vírus em pimenteiras.
Os sintomas em plantas suscetíveis infectadas com PepYMV são mosaico amarelo, mosqueado e deformação de folhas (Figura 2), muito semelhantes aqueles causados por PVY. Plantas afetadas pela doença apresentam diminuição da produtividade.
Foto: Mirtes F. Lima
Figura 2. Infecção de pimenteira tipo bode com PepYMV
O vírus é transmitido por várias espécies de afídeos de maneira não-persistente, na qual a aquisição e a transmissão do vírus pelo vetor ocorre durante a “picada de prova” do inseto em planta infectada e sadia, respectivamente.
Controle das potyviroses
No controle dessas viroses recomendam-se:
- Plantar sementes de variedades resistentes, quando disponíveis;
- Produzir mudas em locais protegidos com telas antiafídeos;
- Eliminar plantas hospedeiras alternativas que podem ser fonte de vírus e/ou do vetor, dentro e nas proximidades da lavoura;
- Evitar o estabelecimento de lavouras novas próximo a plantios mais velhos e infectados com esses vírus;
- Plantar em épocas do ano com baixas populações do vetor;
- Eliminar restos de cultura, imediatamente, logo após a colheita, eliminando, dessa forma, fontes do vírus e do vetor.
- O controle químico dos vetores, visando evitar ou reduzir a disseminação do vírus na área de plantio não é eficiente no caso dos pulgões, devido à alta eficiência de transmissão do vírus pelo vetor. Isto ocorre, por que os pulgões transmitem o vírus em poucos segundos e, neste caso, a infecção da planta ocorre antes da ação do inseticida sobre o inseto.