Tospoviroses

Conteúdo atualizado em: 18/02/2022

Autor

Mirtes Freitas de Lima - Embrapa Hortaliças

 

O vira-cabeça é uma das principais doenças da pimenteira no Brasil, ocorrendo frequentemente em áreas cultivadas das diversas regiões brasileiras. Os maiores prejuízos são detectados quando ocorrem altas temperaturas e baixa umidade relativa, condições que favorecem a multiplicação do tripes e a consequente disseminação do vírus em campo.
Os tospovírus infectam mais de 550 espécies de plantas em 70 famílias, principalmente, solanáceas (ex.: tomate, batata, pimenta, pimentão) e asteráceas (alface). Infectam também plantas ornamentais (begônia, crisântemo, dália e gladíolo) e plantas daninhas que servem como fontes do vírus e/ou do vetor.
Os sintomas da doença são clorose e presença de anéis cloróticos, às vezes concêntricos, em folhas. Também se observam manchas necróticas em folhas e frutos, necrose de brotações terminais e paralisação no crescimento da planta (Figura 1). Os frutos ficam manchados, deformados e sem valor comercial.
   
Foto: Mirtes F. Lima
Sintomas de Tomato chlorotic spot virus (TCSV) em muda de Habanero.
Figura 1. Sintomas de Tomato chlorotic spot virus (TCSV) em muda de Habanero.

 

Os tospovírus estão classificados na família Bunnyaviridae, gênero Tospovirus. Possuem partículas esféricas circundadas por uma membrana lipídica. A doença é causada por um complexo virótico, sendo que no Brasil, pelo menos três espécies de tospovírus podem ser detectadas em pimenta: Groundnut ringspot virus (GRSV), Tomato chlorotic spot virus (TCSV), Tomato spotted wilt virus (TSWV), diferenciadas por meio da utilização de antissoros específicos.

Esses vírus são transmitidos por pelo menos dez espécies de tripes, sendo Frankliniella schultzei e Thrips tabaci as mais importantes em pimenteira. A relação vírus/vetor é do tipo circulativa-propagativa. Neste tipo de transmissão o vírus é adquirido pela larva do tripes após alimentar-se em plantas infectadas. Após 3-10 dias (período de incubação), no qual o vírus se multiplica no inseto, este se torna apto a transmitir o vírus para plantas sadias, durante toda a sua vida. O vírus não é transmitido à progênie do inseto. Esses vírus não são transmitidos por sementes.

Controle

  • Plantar cultivares resistentes;
  • Estabelecer plantios em períodos em que a população do vetor seja baixa;
  • Situar os plantios de pimenteira distantes de áreas cultivadas com espécies de plantas que sejam hospedeiras do vírus e/ou que possam também abrigar o vetor;
  • Evitar estabelecer lavouras novas próximo a plantios mais velhos de pimenteira;
  • Eliminar plantas hospedeiras alternativas do vírus e/ou do vetor dentro e nas proximidades da área cultivada;
  • Realizar aplicação de inseticidas nas plantas na sementeira e após o transplantio das mudas para o campo.