Ageitec
Pimenta
Pulgões
Conteúdo atualizado em: 18/02/2022
Autores
Alexandre Pinho de Moura - Embrapa Hortaliças
Jorge Anderson Guimarães - Embrapa Hortaliças
Miguel Michereff Filho - Embrapa Hortaliças
A espécie A. gossypii apresenta ampla distribuição mundial e encontra-se associada a diversas culturas de grande importância econômica. É uma espécie polífaga e capaz de transmitir mais de 50 vírus de plantas. Os adultos apresentam de 1 a 2 mm de comprimento e coloração variável do amarelo-claro ao verde escuro. São muito prolíferos e nas condições tropicais não ocorrem machos, sendo que as fêmeas reproduzem-se por partenogênese telítoca, ou seja, sem a participação do macho.
Em geral são ápteros, mas quando a população aumenta muito, levando à falta de alimento, desenvolvem-se as formas aladas, que voam para outras plantas, de modo a estabelecerem novas colônias. As fêmeas desenvolvidas colocam as ninfas nas plantas, onde se instalam até a fase adulta, por meio de mudas (ecdises) sucessivas, sendo comum se encontrar exúvias ao lado das populações de pulgões.
O pulgão M. persicae também é considerado polífago, cosmopolita e pode atuar como vetor de mais de 100 espécies de vírus em diversas culturas. Os adultos dessa espécie têm cerca de 2 mm de comprimento, sendo a forma áptera de coloração geral verde-clara, enquanto a forma alada apresenta coloração verde, com cabeça, antenas e tórax pretos. As ninfas são de coloração verde a marrom-avermelhado.
O pulgão-das-solanáceas M. euphorbiae é o maior das três espécies que ocorrem na cultura da pimenteira. As formas ápteras medem cerca de 3,5 mm de comprimento, apresentam coloração verde-claro e possuem as pernas e os sifúnculos com as extremidades escurecidas. As formas aladas são maiores, apresentando cerca de 4 mm de comprimento, coloração variando do verde-claro ao verde escuro e antenas ultrapassando o tamanho do corpo. É relatado como vetor de mais de 40 espécies de vírus e tem sido encontrado em cerca de 50 espécies vegetais.
Essas três espécies atacam as folhas e os ramos novos das plantas de pimenta, sendo que A. gossypii também ataca os botões florais e as flores. As folhas tornam-se enroladas, encarquilhadas e os brotos ficam curvos e achatados. Devido à sucção contínua de seiva pode ocorrer o retardamento do crescimento da planta. Ocorre, também, a excreção de uma substância açucarada denominada “honey-dew”, deixando as folhas pegajosas e meladas, servindo como substrato para o desenvolvimento de fungos, principalmente daqueles do gênero Capnodium, a fumagina, que podem recobrir folhas e ramos, o que pode culminar com a redução da capacidade fotossintética da planta.
Além desses danos, os pulgões podem transmitir o vírus do mosaico-do-pimentão. As plantas infectadas por esse vírus apresentam redução no crescimento, folhas encrespadas com mosaico acentuado, redução da qualidade dos frutos e prejuízos na produção.
Controle
Controle
Visando obter um controle eficiente desses insetos, uma etapa de extrema importância no manejo da cultura é sua inspeção periódica, por meio da realização de amostragens. A amostragem dos pulgões deve ser realizada no topo das plantas, batendo-se os ponteiros de cinco plantas por ponto amostral em uma bandeja de coloração branca, perfazendo um total de 20 pontos por talhão. Por serem considerados insetos-praga vetores de viroses, o nível de controle adotado para essas espécies é de um inseto adulto por ponteiro, em média.
O controle biológico natural, que é exercido por diversos predadores e parasitoides, não se mostra totalmente eficiente, uma vez que pequenas populações desses pulgões são suficientes para a ocorrência da transmissão de viroses. Alternativamente, pode-se utilizar palha de arroz, capim seco ou plástico, como cobertura de solo, pois, além de proteger as plantas, têm acentuado efeito na repelência de formas aladas migrantes, diminuindo as “picadas de prova” e, consequentemente, a transmissão de viroses. A palha de arroz, por exemplo, deve ser colocada em faixas de 30 cm ao longo das linhas de plantio ou mesmo cobrindo toda a extensão das entrelinhas de cultivo; no entanto, esta prática mostra-se inviável para grandes áreas de cultivo, o que impossibilita sua utilização em grande escala.
Outra tática importante no combate a essas espécies se dá por meio do controle cultural, fazendo-se uso de sementes sadias e isentas de viroses e utilizando-se variedades ou híbridos resistentes às viroses e que apresentem ciclo curto. Quando da utilização de mudas, estas devem ser produzidas em locais protegidos com telas antiafídeos e distantes de campos com viroses e seus vetores e distante do local definitivo de plantio, estando portanto, sadias e vigorosas para o transplantio. Deve-se, ainda, observar a adequação da época de plantio para cada região, visando o escape da cultura aos picos populacionais das pragas.
O isolamento dos talhões de plantio por data e área também deve ser realizado, evitando-se o escalonamento de plantio em áreas próximas. Nesse sentido, o plantio dos talhões deve ser realizado no sentido contrário ao vento, daquele mais velho para o mais novo, de forma a desfavorecer o deslocamento das pragas dos talhões velhos para os novos.
Práticas como uso de adubação equilibrada (evitando-se excesso de nitrogênio), manejo adequado da irrigação para evitar o estresse hídrico (favorecendo o estabelecimento rápido das plantas), emprego da irrigação por aspersão para controle mecânico, eliminação de plantas infectadas com viroses, eliminação de plantas hospedeiras silvestres e daninhas, rotação de culturas, implantação de barreiras vivas (sorgo, capim elefante, milheto ou cana-de-açúcar) perpendiculares à direção predominante do vento ao redor do cultivo, colheita antecipada (principalmente de frutos atacados) e destruição de restos de cultura, também devem ser utilizadas no combate a essas pragas.
A aplicação de óleo mineral, óleo vegetal emulsionável ou de inseticida à base de nim, na concentração de 0,5%, em pulverização, também surge como opção para o controle dessas espécies. Observa-se, porém, que na maioria das vezes a utilização de medidas adicionais de controle mostra-se desnecessária, quando o combate a essas pragas é realizado por meio da integração das táticas de controle aqui descritas.