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    Embrapa Agrobiologia

    História

    A história da Embrapa Agrobiologia teve início na década de 1950, no antigo Centro Nacional de Ensino e Pesquisas Agronômicas, do Ministério da Agricultura, onde, liderado pela pesquisadora Johanna Döbereiner, um grupo de pesquisadores começou a atuar em estudos sobre fixação biológica de nitrogênio (FBN). Após a criação da Embrapa, em 1973, o espaço passou a funcionar como Unidade de Apoio à Pesquisa em Biologia do Solo (UAPNBS), vinculado à Embrapa Solos. Em 10 de maio de 1989, passou a ser Centro Nacional de Pesquisa de Biologia do Solo e, em 1993, teve seu nome alterado para Centro Nacional de Pesquisa de Agrobiologia.
     
    Além de ser um referencial para a pesquisa nas áreas de biologia do solo e, principalmente, em FBN, o Centro ampliou consideravelmente sua atuação, tornando-se pioneiro, na última década, no desenvolvimento de pesquisa sobre agricultura orgânica. Os resultados das pesquisas de FBN também serviram de base para o estabelecimento do uso de inoculantes com rizóbio na cultura de soja no Brasil, melhorando a competitividade do produto brasileiro no mercado externo. É, ainda, um importante centro de pesquisas com bioinsumos.

A agricutura brasileira e a evolução da Embrapa Agrobiologia

Um breve levantamento das pesquisas relevantes da Embrapa Agrobiologia mostram avanços que contribuíram para diferentes áreas da agricultura brasileira: desde a efetiva utilização de inoculantes bacterianos para a fixação biológica de nitrogênio em diversas culturas até a restauração ambiental em áreas de preservação permanente e a recuperação de áreas degradadas em diferentes níveis e biomas, tanto em áreas de exploração petrolífera ou de minérios quanto em pastagens. 

Já na década de 1960 a agricultura brasileira apresentava evidentes sinais de modernização, em consonância com o que ocorria no restante do mundo. A introdução de máquinas, equipamentos, fertilizantes, defensivos agrícolas e ferramentas gerenciais aos poucos foi mudando o caráter essencialmente familiar e lançou as bases para a formação das agroindústrias e do agronegócio. Na década de 1980, entrava em cena a ampla discussão sobre organismos geneticamente modificados e transgênicos na agricultura como uma possibilidade para tornar as culturas mais resistentes e produtivas e para alterar características dos alimentos originais. O grande mote da época era a biotecnologia e sua aplicação na agricultura. Havia muitas controvérsias e, no final, a agricultura baseada nessa tecnologia está hoje implantada no caso de algumas commodities. Foi nessa mesma época que tiveram início as pesquisas em agricultura orgânica na Embrapa Agrobiologia.

A própria história da Unidade coincide com a evolução da agricultura orgânica e da agroecologia no Brasil, que se fortaleceram após os movimentos em prol da agricultura alternativa no início da década de 1990. Uma das preocupações da pesquisa na Agrobiologia sempre foi a eficiência no aproveitamento de nutrientes em sistemas agrícolas de produção sustentável, sejam convencionais ou de base ecológica. 

Das leguminosas agrícolas às espécies florestais

Ainda na década de 1990, outra linha de pesquisa que começou a ganhar força foi a de Recuperação de Áreas Degradadas (RAD), especialmente após a Constituição Federal de 1988, que estabelece que quem degrada o meio ambiente ou deixa algum passivo ambiental é responsável por sua recuperação. No início, o trabalho era essencialmente com leguminosas florestais, mas, aos poucos, percebeu-se que tais leguminosas, quando inoculadas com microrganismos, cresciam mais e melhor.

Foi também nos anos 1990 que a pesquisadora Johanna Döbereiner e sua equipe descobriram a bactéria Gluconacetobacter diazotrophicus, enquanto estudavam plantas de cana-de-açúcar. Com isso, começaram as pesquisas para o desenvolvimento de um inoculante bacteriano para a planta capaz de fixar o nitrogênio e contribuir para o seu crescimento, culminando na associação de cinco bactérias diferentes.

Das mudanças climáticas e enfrentamento de tragédias ambientais aos bioinsumos

Já no fim dos anos 2000 a preocupação com as mudanças climáticas e a mitigação dos gases de efeito estufa (GEE) começou a ganhar cada vez mais a atenção da sociedade e da pesquisa. A Embrapa, já em seu Plano Diretor de 2007, destacava a importância de aumentar a eficiência dos sistemas de produção para diminuir as emissões de carbono e GEE. Nesse cenário, a Embrapa Agrobiologia passou a atuar colaborativamente com outras Unidades e instituições de pesquisa na quantificação da emissão desses gases pela agropecuária brasileira. A intensificação do uso da fixação biológica de nitrogênio (FBN) na agricultura, em substituição aos fertilizantes nitrogenados, é uma das alternativas sugeridas para reduzir a emissão de CO2.

Outro destaque foi a implantação, em 2007, do Núcleo de Pesquisa e Treinamento para Agricultores (NPTA) em Nova Friburgo, na região serrana fluminense, em parceria com a prefeitura local e com a atuação também das outras duas Unidades da Embrapa no Rio de Janeiro (Embrapa Solos e Embrapa Agroindústria de Alimentos). Além de ser fundamental no incentivo à transição agroecológica nos ambientes montanhosos, o NPTA teve importância fundamental na reconstrução e no restabelecimento da agricultura serrana após as enchentes e deslizamentos de terra de janeiro de 2011, evento considerado uma das maiores tragédias ambientais da história do País, atuando junto aos agricultores na busca de alternativas para reduzir os riscos da atividade agrícola e se preocupar com a conservação do solo. Atualmente, o NPTA também tem importante papel nas pesquisas sobre desenvolvimento sustentável em ambientes de montanhas e, mais recentemente, é protagonista de pesquisa para alavancar a cultura de lúpulo no País. 

Atualmente, um dos principais focos da Unidade é a pesquisa e a produção de insumos biológicos baseados em microrganismos. Instalado em 2017, o Centro de Recursos Biológicos Johanna Döbereiner (CRB-JD) conserva cerca de 5 mil bactérias e 50 fungos micorrízicos arbusculares e é cadastrado pelo Ministério da Agricultura como laboratório referência no controle de qualidade de inoculantes. 

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    Johanna Döbereiner

    Nascida na Tchecoslováquia, a pesquisadora Johanna Döbereiner (1924-2000) veio para o Brasil em 1951, após se formar em Agronomia pela Universidade de Munique, na Alemanha. Tornou-se cidadã brasileira em 1956 e completou sua pós-graduação na Univrersidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, em 1963.
     
    De 1963 a 1969, quando poucos cientistas acreditavam que a FBN poderia competir com  fertilizantes minerais, ela deu início a pesquisas sobre os aspectos limitantes da FBN em plantas tropicais. Desde então, a maioria das pesquisas nessa área é influenciada por suas descobertas. 
     
    Em 1997, Johanna Döbereiner foi indicada para o Prêmio Nobel de Química, além de ter recebido diversos outros prêmios e distinções ao longo de sua carreira, tanto em nível nacional como internacional.
     

    Doutora honoris causa pela Universidade da Flórida e pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, ela também foi membro das Academias Brasileira de Ciências, de Ciências do Vaticano e de Ciências do Terceiro Mundo. Recebeu os prêmios Frederico de Menezes Veiga e Bernard Houssay-OAS, além do Prêmio de Ciências da UNESCO e do Prêmio México de Ciências e Tecnologia, entre outros.