Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO0, em 2017 o Brasil se tornou o terceiro maior produtor de leite do mundo, com 35 bilhões de litros por ano. No dia a dia da produção, o leite cru permanece armazenado no tanque de resfriamento da propriedade até sua coleta pela indústria. A higienização adequada deste tanque mantém a qualidade do leite obtido, enquanto o procedimento inadequado leva à formação de biofilme, que é uma película bacteriana, de difícil remoção, formada na superfície interna do tanque. A multiplicação de bactérias do biofilme contamina o leite cru e o torna impróprio para beneficiamento industrial e consumo humano. Estima-se que 5% do leite cru é perdido por higienização inadequada. A Embrapa Agroindústria de Alimentos, em parceria com a Embrapa Gado de Leite, desenvolveu protocolos de higienização de tanque coletivo de armazenamento de leite cru refrigerado. Os resultados das análises realizadas indicaram que após aplicação do protocolo, a Contagem Total de Bactérias (CTB) na superfície interna do tanque foi reduzida para índices próximos de zero. Foram realizadas três análises em períodos diferentes, antes e após a coleta do leite. As medições iniciais indicaram a presença de milhões de bactérias por centímetro quadrado e, ao final, uma contagem menor do que dez, o que indica a eficácia do procedimento de higienização. Agentes multiplicadores da cadeia produtiva do leite foram capacitados na utilização destes protocolos, em Unidades Demonstrativas de Referência (UDR) implantadas nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Os protocolos desenvolvidos pela Embrapa atenderam às demandas apresentadas pelos próprios produtores de leite de base familiar, técnicos da assistência técnica pública e privada, e técnicos de laticínios, que apontaram orientações para limpeza e higiene de ordenha como alguns dos principais problemas enfrentados por eles na comercialização do produto. Os protocolos vão auxiliá-los no cumprimento das novas exigências do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que aumentaram o controle na qualidade e segurança da cadeia produtiva leiteira. As instruções normativas (IN) nº 76 e 77, de 2018, preveem, entre outras questões, que os produtores estejam aptos a higienizar de forma adequada os equipamentos de armazenamento de leite.

Os protocolos desenvolvidos e validados pela pesquisa e repassados aos agentes multiplicadores contribuem para: a manutenção dos produtores na atividade de produção leiteira após a publicação das IN do MAPA; a redução de perdas; o aumento do lucro do produtor de leite, do rendimento industrial e da qualidade e segurança dos produtos derivados ofertados ao consumidor final.