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18/04/18 |   Agricultura familiar

Mostra de Tecnologias apresenta opções para fomentar produção familiar

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Otimimizar a mão-de-obra e diversificar a renda em pequenas áreas, esse é o objetivo da Mostra de Tecnologias da Tecnofam - Tecnologias para Agricultura Familiar, que está sendo realizada na Embrapa Agropeuária Oeste. Em Dourados (MS), os produtores encontram soluções tecnológicas desenvolvidas pela Embrapa e outros órgãos públicos, como Instituto de Tecnologia Senai,  Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e Agência de Desenvolvimento Agrário de Extensão Rural (Agraer), apresentadas por especialistas dispostos a partilhar conhecimentos e experiências.

Em busca dessas tecnologias estava a agricultora Salete Seben dos Santos. Interessada em grão-de-bico, ela sanou dúvidas em relação ao plantio com o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Oscar Fontão. As respostas seguirão para a filha da produtora, que mora no norte do Estado de Mato Grosso. Fontão explica que o cultivo do material ainda é recente no Brasil, com possibilidades concretas de expansão e exportação, por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a países como a Índia, consumidor de leguminosas de grãos comestíveis, como ervilha, lentilha e grão-de-bico.

No campo, as cultivares BRS Cícero e BRS Aleppo estão expostas e ele comenta que o potencial brasileiro é provado no preço, na produtividade e no custo de produção se comparados ao do feijão. “É uma opção interessantíssima de outono-inverno para altitudes elevadas, com irrigação e manejo corretos”, enfatiza.

Em estudos iniciais na Embrapa está a fixação biológica de nitrogênio (FBN) para o grão-de-bico. Para culturas como a soja e o feijão a associação é, amplamente, conhecida. “As leguminosas têm a capacidade de associar-se a bactérias, de diversas espécies, e realizar uma troca benéfica. É um ganho mútuo, principalmente, para as plantas, pois nesses casos se reduz o uso de adubos nitrogenados, aumenta-se a produtividade e minimiza-se os impactos do nitrogênio no meio ambiente”, detalha o especialista em nutrição e fertilidade do solo.  

Outro ganho citado é que ao adotar determinadas leguminosas como adubos verdes para FBN há melhoras nas propriedades físicos, químicas e biológicas do solo. Na Mostra, o produtor deparou-se com cultivares de feijão guandu, feijão-de-porco e mucuna, por exemplo. Também pesquisador em Ciências do Solo, da Embrapa Pantanal, Alberto Feiden argumenta que a demanda pelos materiais se justifica em áreas arenosas com incidência de nematoides, ao trazer melhorias nas características do solo, aumento no teor de matéria orgânica e redução da susceptibilidade à erosão. Já para as argilosas, as leguminosas são potenciais instrumentos para a descompactação, além de fornecerem nutrientes a um custo, relativamente, baixo.

Entretanto apesar dos benefícios, Feiden menciona o lento crescimento na adoção. Segundo o engenheiro agrônomo da Embrapa, quando o custo de produção sobe, a procura por alternativas para sua redução acompanha e a adubação verde é uma delas. Todavia, se estabiliza quando os custos caem. Para o setor de agricultura orgânica, porém, os adubos verdes são ferramentas indispensáveis.

Controle Biológico - Ao visitar a Mostra de Tecnologias da Tecnofam, o participante encontrará ainda joaninhas e tesourinhas na lista de predadores, ao lado de Chrysoperla externa. Esses insetos comuns nas culturas e considerados agentes de controle biológico, alternativa para controle populacional de espécies-pragas, trabalham a favor da lavoura. Sim são predadores, mas do bem. “Existe uma série de insetos presentes no ambiente, muitas vezes não enxergados a olho nu, que são na realidade amigos ocultos do agricultor e atuam em diferentes fases das pragas agrícolas. No ambiente, nem todo inseto é nocivo”, alerta o Chefe Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agropecuária Oeste e entomologista, Harley Nonato de Oliveira. Suas pesquisas em Dourados verificam a adequabilidade do inimigo natural às condições edafoclimáticas da região. Um dos resultados mais recentes é a relação dos picos de temperaturas com o estresse do inseto na cultura da cana-de-açúcar.

Durante o evento, Oliveira e equipe buscam aguçar o olhar do visitante, a fim de diminuir as possibilidades de erros ao identificar um inseto. A lista apresentada na feira sai das joaninhas, segue para os parasitoides e finaliza com os entomopatógenos (vírus, fungos e bactérias). O Guia InNat, aplicativo da Embrapa com imagens e informações sobre os agentes naturais de controle mais comuns no País, facilita o exercício.  

Publicação - Em sua 3ª edição, a obra “Tecnologias para a agricultura familiar” chega revista e atualizada, com 43 autores de diversas organizações - Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer), UFGD, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Associação Estadual de Cooperação Agrícola – MS (Aesca) e Embrapa. O estilo objetivo se mantém, com as tecnologias descritas em “o que é”, “benefícios”, “como utilizar” e “onde obter mais informações”.

A publicação agregou os novos temas do evento, incorporados este ano, são eles: planejamento alimentar na bovinocultura leiteira, capins elefantes BRS Kurumi e BRS Capiaçu, pastagens para os sistemas de Integração Lavoura-Pecuária, produção de aves em pequenas propriedades, meliponicultura, algodão colorido, produção de flores ornamentais tropicais, cultivo de antúrio, moringa para alimentação humana e animal, feijão-caupi na agricultura familiar, plantas alimentícias não-convencionais (PANCS), cultivares de mandioca recomendadas para MS e PR, cultivo de erva-mate em sistemas agroflorestais, semeadura direta de espécies arbóreas para revegetação da Reserva Legal, controle biológico de insetos, irrigação na agricultura familiar e Guia Clima.

Como editoras técnicas, Carmen Pezarico e Marciana Retore, apontam a participação de autores de outras instituições como o diferencial da obra, “evidenciando a importância das parcerias na realização de eventos como a Tecnofam”, frisa Pezarico, analista em negócios tecnológicos da Embrapa Agropecuária Oeste. Em sua primeira edição, 2014, o livro teve uma tiragem de 4.500 exemplares impressos e 1.500 downloads; em 2016, 2 mil em versão impressa e 7,3 mil digital. Para 2018, os números tendem a crescer.  

Saiba mais - O evento é uma realização da Embrapa Agropecuária Oeste, em parceria com o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) e Fundo para o Desenvolvimento das Culturas de Milho e Soja (Fundems). O evento conta com apoio da Prefeitura Municipal de Dourados, da Associação de Produtores Orgânicos de Mato Grosso do Sul (APOMS), Sebrae, Senar, além de Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), representado por 14 Unidades da Embrapa.

Dalízia Montenário de Aguiar (MTb 28/03/14/MS)
Embrapa Agropecuária Oeste

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Mais informações sobre o tema
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