A área de produção vitivinícola no Brasil soma 82 mil hectares, divididos entre seis regiões. São mais de 1,1 mil vinícolas espalhadas pelo país, a maioria instalada em pequenas propriedades (média de 2 hectares de vinhedos/família), produzindo cerca de 3,4 milhões de hectolitros/ano de vinho. O país se consolidou como o quinto maior produtor da bebida no hemisfério sul. Tal crescimento acarreta um aumento no volume de resíduos gerados durante o processo de vinificação (cerca de 20 kg de bagaço de uva para cada 100 litros de vinho). Seus principais destinos são a compostagem e alimentação animal. Recentemente estes resíduos, fontes de fibras e de compostos fenólicos, têm sido considerados uma alternativa para a obtenção de materiais com alto valor agregado, que possam ser utilizados como ingredientes na elaboração de novos produtos. Visando obter soluções tecnológicas para o melhor aproveitamento dos resíduos da indústria vitivinícola, a Embrapa Agroindústria de Alimentos, em parceria com a Embrapa Semiárido, vem desenvolvendo ativos com inovação incremental, especialmente no que tange à busca por conveniência e saudabilidade em alimentos, além de estabelecer rotas tecnológicas que possibilitam minimizar o impacto no meio ambiente (pelo não uso de solventes orgânicos) e os custos de produção dos insumos. O resultado é a entrega de um processo de menor impacto ambiental para extração enzimática de compostos fenólicos (insumos de valor biológico agregado), e de produtos alimentícios de conveniência considerados fontes de fibras, que permitem o aproveitamento total do bagaço da uva. Estes ativos tecnológicos estão no TRL 4. Os clientes potenciais são empresas produtoras de ingredientes naturais como corantes e/ou antioxidantes, fornecedoras de insumos para indústrias alimentícias, cosméticas e farmacêuticas, além das empresas processadoras de biscoitos doces e de granola ou barras de cereais e que buscam atender consumidores preocupados com a saúde e praticidade. As soluções tecnológicas desenvolvidas por este projeto apresentam potencial de impacto econômico positivo na cadeia de vinhos pela valorização dos resíduos gerados. Pode apresentar impacto econômico positivo também em indústrias alimentícias, principalmente aquelas voltadas para o desenvolvimento de aditivos naturais e aquelas com foco em alimentos com propriedades funcionais, cada vez mais demandados pelos consumidores. O impacto ambiental positivo advém da redução do descarte inadequado de resíduos. Pode-se destacar ainda a contribuição social às populações rurais onde a produção de uva está disseminada no Brasil, pela geração de emprego e renda, como consequência da comercialização dos insumos para empresas interessadas no seu aproveitamento.