A mandioca é uma cultura rústica, adaptada às condições marginais de clima e solo. Constitui uma das mais importantes fontes de carboidratos para 600 milhões de pessoas em vários países tropicais do mundo. Embora a planta inteira seja utilizada, a raiz é o produto mais importante deste cultivo (Fukuda et al., 2008). A área de cultivo com mandioca no Estado do Pará é expressiva, alcançando no ano de 2007, 326 mil hectares, com produção de 5.211.503 toneladas de raízes, fato que coloca o estado como primeiro produtor brasileiro. Essa produção, além de atender a demanda interna, exporta o excedente de produção para os estados vizinhos da região amazônica e outras regiões do Brasil. O incremento da produção deveu-se não só a incorporação de novas áreas ao processo produtivo, como ainda, pelo aumento da produtividade que no período cresceu de 12,74 t/há para 16 t/há (IBGE, 2007), o que significa apropriação da inovação tecnológica na cadeia produtiva. Entretanto, comparando-se a produtividade atual com a potencial da cultura, estimada em 60-70t/ha, a disponibilidade e incorporação de considerável inovação tecnologia se faz necessário para o incremento da produtividade. O perfil da cultura da mandioca na região é altamente associado à agricultura familiar, haja vista que o seu cultivo é realizado em pequenas propriedades com uso predominante de mão de obra familiar. Nos municípios em que os agricultores dependem da agricultura de subsistência, a mandioca constitui a base de suas economias, através principalmente da comercialização da farinha-de-mesa. Mesmo apresentando vantagens sobre outros cultivos alimentares com relação à tolerância a solos ácidos e de baixa fertilidade que ocorrem nas áreas de cultivo do trópico úmido, o baixo nível tecnológico empregado nas áreas de produção, onde os cultivos se sucedem na mesma área, após curto período de pousio, tem contribuído para o aparecimento de doenças de origem fúngicas, como é o exemplo da podridão radicular causada por fungos dos gêneros Fusarium e Phytophthora, que vem comprometendo a produção, além do plantio de uma mistura de cultivares tradicionais com baixo potencial produtivo. Em curto prazo, a produção tende a aumentar com o incentivo à cultura no estado por meio do Projeto de Apoio ao Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Mandioca (Governo, 2004), em execução pela Secretaria de Agricultura do Estado do Pará (SAGRI) em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER-PA), o qual apresenta metas ambiciosas tanto de aumento da produtividade e da produção de raízes, quanto de melhoria da qualidade dos seus produtos e subprodutos e apoio a comercialização. Sem mudar o perfil do plantio da cultura no estado, não existirão mecanismos para aumento da produção e produtividade da mandioca, metas que só serão atingidas mediante suporte sólido da assistência técnica (transferência de tecnologia já consolidada) e da pesquisa, quanto à indicação e disponibilização de material genético produtivo e adaptado as mais diversas condições climáticas do estado. O projeto em execução implantado e coordenado pela SAGRI em parceria com a EMATER que consiste na implantação de quadras de multiplicação de manivas-sementes de variedades de mandioca indicados pelos produtores em vários locais, pode ser considerado como etapa inicial de um programa de melhoramento genético da cultura. Entretanto, considerando que a etapa seguinte de avaliação e seleção que representa a meta principal do presente projeto, é a mais onerosa e demorada, a aplicação de metodologias científicas que aumentem a acurácia no processo seletivo é de extrema importância. Outro fator a ser ressaltado é que o Estado do Pará, por sua extensão territorial, mostra elevada diversidade edafoclimáticas entre as principais regiões produtoras, fazendo com que a adaptação das cultivares de um ambiente para outro não seja a mesma, fenômeno denominado de interação genótipos x ambiente.