01/02/16 |

35 anos de Embrapa Hortaliças

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Foto: Henrique Carvalho

Henrique Carvalho -

Ela é uma jovem senhora, que completou 35 anos em maio último, e acumula experiências que antecedem à sua certidão de nascimento. A narrativa relacionada à sua história implica em um resgate de outras épocas, outros tempos, quando as aspirações eram mais limitadas, e a geração de tecnologias era pensada a partir da identificação de demandas mais pontuais. Nesse contexto, cabe apontar a gênese desse caminho que começou a ser construído com a criação da Unidade de Execução de Pesquisa de Âmbito Estadual, a UEPAE-Brasília, em 1975.

A missão institucional da UEPAE-Brasília foi atribuída pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, criada em 1973. Como coordenadora de todo o sistema de pesquisa agropecuária em âmbito federal, ela instituiu no ano seguinte à sua criação as UEPAEs nos estados onde não havia empresa de execução de pesquisa. Frente à necessidade de uma presença maior em um contexto de crescentes demandas, a UEPAE-Brasília foi transformada em 1981 no Centro Nacional de Pesquisa de Hortaliças – CNPH, hoje simplesmente Embrapa Hortaliças.

De lá para cá, conquistas relevantes e desafios constantes a vencer, a exemplo das pesquisas para desenvolver novas variedades resistentes a pragas e doenças, tanto aquelas de conhecimento recente, como as antigas que ainda persistem. Além desses aspectos mais ou menos previsíveis no cotidiano de uma empresa de pesquisa agrícola, outros parâmetros passaram a ser agregados com o surgimento de novas áreas de cultivo e as consequentes novas demandas da cadeia produtiva de hortaliças.
Para complementar, junte-se o quadro de incertezas na linha de um horizonte que se afigura em constante mutação em razão das mudanças climáticas - um cenário que não fazia parte das discussões nos tempos da UEPAE-Brasília e que hoje se constitui numa vertente que não pode ser ignorada quando da elaboração das propostas referentes aos projetos de pesquisas com hortaliças.

O tema foi comentado pelo pesquisador e chefe-geral da Unidade Jairo Vieira, para quem com o aquecimento global "mais do que nunca temos de trabalhar centrados na região dos trópicos e dar uma ênfase especial ao processo de plantio de verão". Não se trata de uma recomendação sem lastro: o pesquisador conta com uma experiência exitosa, à época de seu trabalho como melhorista de cenoura, alcançada com tecnologias voltadas para cultivo de verão. Com a possível transformação de áreas hoje temperadas em zonas tropicais, a tendência torna quase imperiosa a adequação dos projetos de melhoramento genético de hortaliças a essa realidade.
Vieira resgata suas lembranças a partir de 1977, quando começou a atuar na ainda UEPAE- Brasília e recebeu como missão desenvolver um material de cenoura para plantio no verão. "Só havia cenoura de inverno, as principais regiões de produção eram em São Paulo e em Minas Gerais, e para superar essa limitação o Programa de Melhoramento de Cenoura estabeleceu como principal objetivo o desenvolvimento de uma cultivar de verão".

Em 1981, a Embrapa Hortaliças lançou a cenoura Brasília, que passou a ser cultivada em novas áreas de produção do País, provocando um grande impacto no aumento da produção e da produtividade, levando à estabilidade de preços ao longo do ano. Deixou de ser uma hortaliça apenas para cultura de inverno, e se constituiu em berço genético de outras cultivares que vieram depois, como a Alvorada, a BRS Esplanada e a BRS Planalto.

Ao retomar a questão do foco das pesquisas, Vieira salienta que como uma empresa pública a Embrapa Hortaliças deve insistir em programas de melhoramento para resolver problemas inerentes às nossas condições tropicais, como a resistência ao calor. "Países que plantam no inverno não vão se preocupar em desenvolver materiais para o verão, nós é que temos de fazer isso".

Ontem, hoje e amanhã

O passado pode ser visto como referência, o presente como oportunidade de ação e o futuro como um mapa pontuado de espaços em aberto para serem conquistados. O pesquisador e chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia Warley Nascimento acredita nessa premissa, pelo menos no tocante à geração e à disponibilização do conhecimento científico e tecnológico para a cadeia produtiva de hortaliças.

Assim como o colega Vieira, o pesquisador, que atua na área de produção de sementes, também defende um esforço concentrado no sentido de desenvolver materiais para as nossas condições tropicais, mas não apenas nessa frente. Essas condições, onde são previstas mais mudanças, com a intensificação de ocorrências de precipitação e/ou de seca, ele aponta como oportunidades para investir em ferramentas ainda pouco exploradas no Brasil, como o uso do cultivo protegido, "tecnologia que necessita avançar mais entre nós".

"Trata-se de uma tecnologia da maior importância para minimizar os efeitos negativos tanto das mudanças climáticas como da ocorrência de pragas, mas apenas engatinhamos nessa área, no sentido de seu uso ainda limitado. Esse fato nos deixa atrás de países como o Chile, por exemplo, que com muito menos áreas disponíveis colhe 50 a 60 quilos de hortaliças por metro quadrado, e o Brasil de 10 a 20 quilos no mesmo espaço", registra.

Além do cultivo protegido, Nascimento destaca o que considera como "boas oportunidades para gerar informação". Para ele, há nichos ainda a explorar com a hidroponia e a semi-hidroponia, uma demanda crescente da cadeia produtiva. Em outros campos, a necessidade de responder aos desafios é uma constante, a exemplo dos conhecimentos sobre fitossanidade, onde a Embrapa Hortaliças é referência. "Novas doenças estão surgindo a todo o tempo e nossa experiência nessa área favorece uma atuação mais eficaz, representada por uma identificação mais ágil dos problemas, assim como das soluções".

Segundo o pesquisador, os desafios encontram, por outro lado, condições de enfrentamento mais promissoras que antes. Ao lado de recursos humanos capacitados (99% do quadro de pesquisadores possuem doutorado), que contam com laboratórios e equipamentos de última geração, ele também elenca outros avanços na área do conhecimento, como o maior domínio sobre as pesquisas com genoma, biotecnologia e marcadores moleculares.

Infográfico

Conheça um pouco da história e dos resultados da Embrapa Hortaliças AQUI

Anelise Macedo (MTB 2.749/DF)
Embrapa Hortaliças

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Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
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