29/04/14 |   Agroindústria

Estudo de caracterização do queijo do Marajó é o primeiro passo a certificação do produto

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Foto: Ronaldo Rosa

Ronaldo Rosa - Pesquisa analisou amostras de nove produtores de queijo

Pesquisa analisou amostras de nove produtores de queijo

O queijo do Marajó é um produto genuinamente paraense, com potencial para os mercados interno e externo, e que possui um protocolo de produção, de acordo com a Lei Estadual de Produtos Artesanais (Lei 7.565, de 25/10/2011). A legislação permite até 40% de leite bovino no queijo de búfala e para detectar e quantificar a presença dessa mistura, a Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA) e o Rikilt Institute, da Universidade de Wageningen (Holanda) desenvolveram um estudo de caracterização do queijo marajoara.

O estudo, inédito para esse produto, realizou a caracterização e análise química do queijo por meio de duas técnicas, a PCR em tempo real e a cromatografia gasosa. Com a primeira metodologia foram analisados fragmentos de genes específicos de búfala e vaca para identificar a presença deles nos queijos. Já com a cromatografia gasosa verificou-se o perfil dos ácidos graxos do produto, ou seja, foi possível extrair a gordura do queijo e fazer a sua quantificação, tanto para a espécie bubalina quanto para a espécie bovina. "Utilizando a PCR em Tempo Real, será possível a detecção, e com a cromatografia gasosa, a quantificação desses dois tipos de leite", esclarece Marcelo Murad, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental.

O trabalho é resultado do pós-doutorado do pesquisador Marcelo Murad Magalhães, que analisou amostras dos principais produtores de queijo do Marajó nos laboratórios da instituição europeia. Na fase inicial da pesquisa ele adaptou uma metodologia para detectar e quantificar a presença dos dois tipos de leite nos exemplares do queijo marajoara.

Ele explica que a utilização conjunta das duas técnicas propicia sensibilidade, especificidade e precisão, conferindo maior credibilidade ao método.  O pesquisador menciona que o trabalho é o primeiro passo para o estabelecimento de um selo de qualidade para um queijo que seja 100% bubalino, sendo possível alcançar novos mercados com um produto regional e diferenciado. "Isso também irá agregar valor à cadeia produtiva presente na ilha do Marajó", afirma.

A pesquisa analisou amostras dos nove principais produtores de queijo da região do Marajó para validar os padrões genéticos referentes às raças bubalinas Murrah e Mediterrâneo, que são as principais produtoras de leite no estado do Pará.

Potencial - Dados da Secretaria de Estado de Agricultura (PA) indicam que o rebanho brasileiro de búfalos está estimado em torno de 1,15 milhão de bubalinos, sendo a região Norte, detentora de 720 mil animais, a maior produtora do país. Destaque para o Pará, que responde por 39% do rebanho nacional.

A espécie bubalina se adapta facilmente em regiões com características  semelhantes a da Amazônia, apresentando elevados teores de gordura e sólidos totais no leite,  aumentando o rendimento na fabricação dos derivados em relação ao leite bovino. Além disso, a produção e o consumo de leite de bubalino vêm crescendo em função da demanda por alimentos como queijos e manteiga.

"Apesar da excelente aceitação deste tipo de queijo no mercado, não há estudos analíticos para definir as proporções dessas misturas para os diferentes produtores da região", conta o pesquisador Marcelo Murad . Assim o preenchimento dessa lacuna pode contribuir para a certificação e autenticidade desse produto, aumentando o seu valor no mercado nacional e chegando a novos mercados.

O instituto Rikilt é referência internacional em segurança alimentar e análise química de produtos de origem animal, vegetal e organismos geneticamente modificados. A cooperação técnica com a Embrapa Amazônia Oriental é um passo importante para a pesquisa e futuramente contribuirá com a certificação de produtos regionais. "E não é só com o queijo do Marajó que a Embrapa desenvolverá esses estudos, iniciam-se outros sobre a autenticidade do mel das abelhas indígenas sem ferrão e da farinha de mandioca amarela, e outros produtos regionais que podem obter selos de qualidade com padrão internacional", conclui o pesquisador.

Ana Laura Lima (MTb 1268/PA)
Embrapa Amazônia Oriental

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