Boas práticas na produção de citros em Sergipe
Boas práticas na produção de citros em Sergipe
O Estado de Sergipe é considerado o quarto produtor de citros no Brasil, com uma produção, segundo o IBGE, de aproximadamente 840 mil toneladas. São cerca de onze mil estabelecimentos agrícolas localizados no sul do estado que se dedicam à cultura, em 14 municípios produtores.
Se considerar a produção na região norte da Bahia, forma uma área contínua que pode ser considerada a maior área cultivada de toda a citricultura tropical do mundo. Como cerca de 80% dos produtores tem propriedades inferiores a dez hectares, o predomínio é da propriedade familiar. Isso representa uma importante função socioeconômica na região, vinculando milhares de pessoas ao cultivo.
No entanto, a média de produtividade de citros nessa região gira em torno de 14 toneladas por hectare. Mas há propriedades que conduzem sua cultura de citros com tecnologia adequada, sem irrigação, que atingem 40 toneladas. Para atingir tal produtividade, o produtor necessita aplicar práticas de manejo que amenizem os efeitos do movimento da água e do solo e no aprofundamento das raízes.
Nos dias 22 e 23 de outubro, aconteceram dois Dias de Campo, um no campo experimental da Embrapa Tabuleiros Costeiros, no município de Umbaúba, e outro no município de Lagarto, Sergipe, destinados à agricultores, técnicos e extensionistas rurais com o objetivo de transferir tecnologias sobre o manejo e conservação do solo no plantio de citros, controle de plantas daninhas com menos aplicação de herbicidas, redução de custos, produção com qualidade e sustentabilidade da citricultura. Pesquisadores da Embrapa recomendaram a utilização de porta-enxertos adaptados à região, cobertura verde nas entrelinhas de plantio durante a estação chuvosa e não utilizar o revolvimento do solo.
Foi abordado também o controle de plantas daninhas na citricultura. Em algumas regiões , principalmente em pequenas propriedades, ainda observa-se o uso de herbicidas e um grande número de operações de roçagem, emprego de grades para o controle de pragas nas entrelinhas.
O uso de coberturas vegetais traz grandes benefícios para o pomar de citros. Ela aumenta o teor de matéria orgânica o solo, com leguminosa, promove a fixação do nitrogênio, melhora o armazenamento de água no solo, melhora o desenvolvimento e aprofundamento das raízes, aumentando a tolerância à seca, protege o solo da erosão, reduz ervas daninhas, reduz aplicações de herbicidas. Além disso, nutrientes das camadas mais profundas se mobiliza para a superfície, diminui trânsito de máquinas nos pomares, evitando compactação do solo, reduz custos e melhora a produtividade e a qualidade dos frutos.
"A consorciação com leguminosas (feijão de porco, crotalaria e outras) nos pomares de citros contribui com o manejo adequado desses solos ao adicionar nitrogênio obtido pelas bactérias benéficas que vivem em suas raízes", afirma o pesquisador Joézio Luiz dos Anjos, da Embrapa Tabuleiros Costeiros.
Porta-enxertos
A Embrapa Mandioca e Fruticultura, localizada em Cruz das Almas, Bahia, desenvolve pesquisas com objetivo de obter copas e porta-enxertos com objetivo de soerguer a citricultura regional. "A Embrapa Tabuleiros Costeiros vem avaliando copas e porta-enxertos com objetivo de selecionar materiais genéticos de melhor performance produtiva", afirma o pesquisador Hélio Wilson, dessa unidade.
Realizados no campo experimental de Umbaúba, da Embrapa Tabuleiros Costeiros, resultados preliminares indicam boa performance produtiva dos porta-enxertos Tangerineira Sunki Tropical, dos citrandaris Índio, Riversidade e Sandiego, do limão Cravo Santa Crua, do HTR-051 e do LVR x LCR-010. Esses porta-enxertos foram testados nas copas Sincorá, Valência Tuxpan, Jafa, Pineapple, Pera D-6 e tangerina Piemente. Adicionalmente estão sendo analisados 150 novos porta-enxertos entre 2009 à 2014.
As características de um bom porta-enxerto são a produção de sementes com alta taxa de poliembrionia, muitas sementes por fruto, adaptação ao clima e solo, resistência ou tolerância à vírus e outros organismos destrutivos, produção precoce de frutos, compatibilidade com copas de alta produtividade, tolerância à seca, alumínio, salinidade e frio, indução frutos de boa qualidade e longevidade.
Ivan Marinovic Brscan (com publicações da Embrapa) (1634/09/58/DF)
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