28/05/15 |   Agroindústria

Normas para a certificação do Mel do Pantanal

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Foto: Nicoli Dichoff

Nicoli Dichoff - Apicultores e instituições discutem regras para a produção do mel pantaneiro com selo de Identidade Geográfica

Apicultores e instituições discutem regras para a produção do mel pantaneiro com selo de Identidade Geográfica

O caderno de normas que deverá guiar a produção apícola certificada pelo selo de Identidade Geográfica (IG) do Mel Pantaneiro está tomando forma. Por meio de reuniões e do seminário Mel do Pantanal, realizado no início desta semana na Embrapa Pantanal em Corumbá (MS), os pesquisadores, apicultores, cooperativas, associações e diversas instituições que trabalham com a atividade puderam discutir as regras que serão aplicadas à produção apícola identificada como pantaneira pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). "Esse produto vai ser obtido de acordo com normas rígidas. Essa produção, além disso, vai ser certificada, ou seja: além da palavra do produtor, vai ter uma instituição e pessoas independentes que vão atestar que esse produto tem qualidade", diz o pesquisador da Embrapa Pantanal Vanderlei dos Reis.
 
O selo de Identidade Geográfica do Mel Pantaneiro, concedido este ano pelo Inpi, é uma garantia ao consumidor sobre a região onde o produto foi obtido e por quais métodos ele foi produzido, diz Vanderlei. Segundo Gustavo Bijos, presidente da Federação de Apicultura e Meliponicultura de MS (Faems), o investimento para produzir de acordo com as regras da IG pantaneira deve girar em torno de R$ 500 e R$ 1.000 ao ano, por produtor. "Ele pode comprometer uma pequena parcela da produção para bancar os custos da IG. O retorno, com certeza, é extremamente seguro", diz Gustavo. "Aqui no Mato Grosso do Sul, o quilo do mel varia de R$ 25 a R$ 40 (na venda direta ao consumidor). O mel do Pantanal pode chegar a até R$ 60 o quilo", afirma. 
 
Mesmo assim, Gustavo lembra que participar da certificação de Identidade Geográfica é uma escolha do produtor. No caso de Albino Rochembach, que é dono de um sítio no assentamento Tamarineiro II, próximo à fronteira com a Bolívia, sua produção é toda comercializada entre a população do próprio assentamento e regiões próximas. "A turma daqui queria comprar mel. Fui vendendo e colocando mais caixas. Eu comecei com duas, até que cheguei a 15", diz Albino. Por produzir uma quantidade suficiente apenas para estas vendas, ele afirma que ainda não deve investir para caracterizar a produção com a IG do Pantanal. Já Cristiano da Conceição, produtor rural na área do assentamento Taquaral (que também fica próximo à fronteira), demonstra interesse e procura meios de viabilizar o investimento na certificação. "É preciso acontecer uma política de incentivo para aumentar o número de produtores e a quantidade de equipamentos", diz.
 
O pesquisador Vanderlei ressalta que a maioria dos investimentos exigidos pela IG do Pantanal não deverá ser feita em novos materiais ou equipamentos, mas na administração, planejamento e gestão do negócio apícola – ou seja, na profissionalização da atividade. "Isso é muito bom porque vai melhorar o controle, possibilitando que o produtor comece a verificar onde pode aperfeiçoar a produção, quais são os gargalos, quais são os diferenciais". Para o fiscal federal agropecuário Márcio Menegazzo, da Superintendência Federal de Agricultura de Mato Grosso do Sul (SFA/MS), a Identificação Geográfica abre novos mercados para o Mel do Pantanal. "A IG vem para inserir o produtor dentro do mercado de especialidades, que é mais exigente do ponto de vista de protocolos de produção, responsabilidade social e ambiental (...). Consequentemente, o produtor tem uma condição de remuneração melhor".
 

Nicoli Dichoff (MTb 3252/SC)
Embrapa Pantanal

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