Alimentação e biodiversidade ganham espaço na Flip
Alimentação e biodiversidade ganham espaço na Flip
A interação de temáticas tão distintas como alimentação, biodiversidade e literatura pode parecer inusitada, mas a participação da Embrapa na 17ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), realizada de 10 a 14 de julho, mostra que pode ser extremamente produtiva por alcançar um público diferente. Fato é que a Flip é muito mais do que um evento focado pura e simplesmente na literatura, abrindo caminhos também para a cultura e o fortalecimento das tradições locais. Nsse contexto, a palestra da pesquisadora da Embrapa Agrobiologia Mariella Uzêda, sobre conservação da biodiversidade, foi muito bem inserida.
Mariella integrou a mesa-redonda Matos de comer: o papel na conservação da biodiversidade, juntamente com a agrônoma Danielle Sanfins, que pesquisa plantas espontâneas alimentícias, e a nutricionista e fitoterapeuta Paula Ribeiro, na casa PANC Para Ti, um espaço dedicado à alimentação saudável com sustentabilidade, idealizado pela escritora Conceição Trucom em parceria com a chef LeilaD. “Sempre fico pensando que a biodiversidade precisa ser conservada por conta daquilo que ela faz de maneira tangível para o homem, e a alimentação é uma dessas coisas. Então, abordei um pouco dessa temática de que as pessoas se distanciaram muito da sua cultura local e hoje querem se desfazer do ‘mato’, quando ele tem uma riqueza gigantesca”, afirma a pesquisadora, geralmente procurada para falar sobre plantas alimentícias não convencionais (PANCs).
A intenção da mesa-redonda foi valorizar o conhecimento local e resgatar a cultura alimentar. Mariella explica que, no passado remoto, a humanidade chegou a ter 10 mil espécies de plantas domesticadas e cultivadas – e hoje esse número despencou para menos de duas dezenas. “Atualmente, 75% da alimentação humana se restringe a 12 plantas, das quais três são hegemônicas – milho, trigo e arroz. É muita simplificação”, destaca. “Desvalorizamos tanto o conhecimento local que hoje se estabeleceu um rótulo para a comida – comida de pobre e comida de rico. E o que é a comida de rico? Carne e os ultraprocessados. É uma inversão muito grande!”
Mariella também mediou uma outra roda de conversa sobre biodiversidade e cultura, intitulada Fermentados de vegetais e frutas, também no espaço PANC Para Ti, com a participação de Conceição Trucom e Danielle Sanfins. “Conversamos sobre as mudanças dos hábitos alimentares e o quanto isso rebate no perfil de vida das pessoas. Na verdade, estamos em um círculo vicioso gigantesco, as pessoas vão se esquecendo das tradições e cultuam uma cultura que não é nossa”, ressalta a pesquisadora.
Mais de 8 mil pessoas participaram da Flip 2019, dividida em dezenas de atividades em uma temática principal – que homenageou o escritor Euclides da Cunha – e outras dezenas nas programações paralelas e casas parceiras, todas com grande público. “Paraty tem o título de cidade da culinária criativa. Então os organizadores da Flip pegaram como matriz temática principal o Euclides da Cunha, que fala muito da importância da cultura local, e associaram isso à culinária. E foi incrível porque até os restaurantes da cidade estavam pautados na biodiversidade local”, destaca Mariella.
Liliane Bello (MTb 01766/GO)
Embrapa Agrobiologia
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