27/10/15 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação  Recursos naturais  Segurança alimentar, nutrição e saúde

10º Sirgealc: de volta às origens do futuro

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Foto: Fernanda Diniz

Fernanda Diniz - Loskutov apresentou o panorama das expedições de coleta de Vavilov nos cinco continentes

Loskutov apresentou o panorama das expedições de coleta de Vavilov nos cinco continentes

De Vavilov a Svalbard: séculos de pesquisa em prol da segurança alimentar da humanidade.

O 10º Simpósio de Recursos Genéticos para América Latina e Caribe (Sirgealc) começou ontem (26/10) em Bento Gonçalves, RS, com a conferência magna do pesquisador do N.I. Vavilov Institute of Plant Industry, da Rússia, Igor Loskutov, sobre as expedições de Nicolai Vavilov à América Latina e Caribe no início do Século passado. A palestra abriu o evento, em consonância com o tema desta edição, que é "Recursos Genéticos no Século 21: de Vavilov a Svalbard". Pelo mesmo motivo, a conferência de encerramento será proferida pelo coordenador do Banco Global de Sementes de Svalbard, Noruega, Åsmund Asda, nesta quinta-feira (29/10), às 10h30.

A escolha deste tema reflete a intenção do Simpósio de abordar a importância dos recursos genéticos (partes da biodiversidade que apresentam valor real ou potencial para a humanidade) para a segurança alimentar da humanidade desde o início do século XX, quando o russo Nikolai Ivanovich Vavilov iniciou suas expedições por todos os continentes em busca de plantas de importância agrícola até o Século XXI com a construção do Banco Global de Sementes de Svalbard, na Noruega, que promete garantir a segurança alimentar da humanidade, conservando réplicas de sementes de importância alimentar de todos os países do Globo.

"O tema parece ambicioso, mas é perfeitamente factível", explica a presidente do 10º Sirgealc, Rosa Lia Barbieri, já que apesar da diferença de épocas e das tecnologias disponíveis, os ideais de Vavilov e Svalbard são exatamente os mesmos, ou seja, conservar a maior diversidade genética possível para garantir a segurança alimentar da humanidade. No início do Século passado, o russo percorreu o mundo em busca do conhecimento sobre a distribuição geográfica, origem e dispersão das plantas. O trabalho dele resultou numa gigantesca e diversa coleção de sementes, que chegou a ser a maior do mundo, com aproximadamente 200 mil amostras, que foram multiplicadas e armazenadas em mais de 100 estações experimentais na então União Soviética.

Num mundo contemporâneo e de tecnologias avançadas, o governo da Noruega não precisa mais se aventurar em coletas e expedições ao redor do Globo Terrestre para buscar espécies variadas de plantas agrícolas. Para abastecer o maior banco de sementes do mundo, localizado no arquipélago de Svalbard, firma convênios com todos os países para garantir que conserve a maior variabilidade genética possível.

Tanto Vavilov como Svalbard traduzem o ideal das pessoas e instituições que trabalham na área de recursos genéticos: conhecer para conservar. Os bancos genéticos são como backups das coleções de plantas de importância para a agricultura e alimentação cultivadas em todo o mundo.

Conferência enfocou as expedições de Vavilov à América Latina e ao Caribe

Durante a conferência de abertura, Igor Loskutov, falou sobre os ideais e aventuras do russo Nikolai Ivanovich Vavilov que, durante três décadas, percorreu os cinco continentes atrás da diversidade de plantas ao longo do Globo. "Se o foco de Darwin era a origem das espécies, o de Vavilov era a origem das espécies cultivadas", destacou o pesquisador. Para cumprir esse objetivo, visitou sete centros de origens de plantas no mundo. Entre 1920 e 1940, realizou 180 missões de coleta de plantas.

Loskutov apresentou um panorama das coletas realizadas pelo botânico, considerado o precursor das pesquisas de recursos genéticos no mundo. A primeira expedição de coleta na América Latina aconteceu em 1925, no Chile e Peru. Em 1952, Vavilov retornou à região para coletas em outros países. Essas expedições resultaram na identificação de aproximadamente 10 mil espécies em áreas tropicais e mais de 45 mil no total.

O representante do Instituto Vavilov enfatizou ainda que o órgão continua investindo em coleta, conhecimento e conservação de recursos genéticos de plantas. "Continuamos investindo na realização de expedições por vários países em cooperação com instituições internacionais", enfatizou Loskutov, lembrando que há cerca de 10 mil acessos da coleção russa mantidos no Banco Global de Svalbard.

Para quem quiser saber mais sobre o Instituto Vavilov, desde as expedições iniciadas na década de 20 até os dias de hoje, todas as informações estão disponíveis no website da instituição..

10º Sirgealc – 408 especialistas de 15 países – Brasil, Rússia, Uruguai, Argentina, México, Estados Unidos, Chile, Peru, Bolívia, Colômbia, Itália, Canadá, Costa Rica, Equador e Noruega – estão reunidos em Bento Gonçalves, RS, no período de 26 a 29 de outubro de 2015 durante o 10º Simpósio de Recursos Genéticos para América Latina e Caribe. Em sua 10ª edição, o evento é promovido em parceria entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa e a Sociedade Brasileira de Recursos Genéticos. Mais informações no site do evento 

 

Fernanda Diniz (MTB 4685/89)
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia

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Mais informações sobre o tema
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