Lançado projeto de qualificação das boleiras alagoanas
Lançado projeto de qualificação das boleiras alagoanas
O projeto “Boleiras das Alagoas”, que vai oferecer ações de capacitação técnica profissional, fortalecendo a tradição e o ofício das boleiras e boleiros, foi lançado em Santa Luzia do Norte (AL), no dia 10 de março, pela prefeitura municipal e pela Prefeitura de Coqueiro Seco (AL). A iniciativa busca valorizar os produtos agroalimentares tradicionais e o saber-fazer, potencializando a gastronomia e o turismo, além de promover a inclusão socioprodutiva das comunidades.
Com a coordenação da Embrapa Alimentos e Territórios (Maceió), prefeituras municipais, Instituto Federal de Alagoas (Ifal) e o Consórcio Intermunicipal do Sul de Alagoas (Conisul), a ação conjunta também vai fortalecer a identidade dos territórios, contribuindo para a melhoria das condições de trabalho e renda dos profissionais. A proposta é expandir o projeto para outros municípios do estado e do Nordeste.
Implementado no âmbito do projeto Dom Helder Câmara, em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), o projeto Boleiras das Alagoas está focado na formação de capacidades e competências de gestão e, ainda, no desenvolvimento de produtos e de estratégias face à evolução do mercado.
Conexões para melhorar a vida das pessoas
Durante o lançamento, o prefeito municipal de Santa Luzia do Norte, Márcio Augusto Araújo Lima, reiterou a importância do ofício, das tradições quilombolas e das parcerias, manifestando o interesse em estreitar ainda mais os laços e ampliar os projetos, especialmente com a Embrapa e o Conisul. “É assim que a gente consegue efetivamente melhorar a vida das pessoas e, sobretudo, daqueles que mais precisam”, concluiu.
Patrícia Bustamante, pesquisadora da Embrapa Alimentos e Territórios, contou que a ideia surgiu a partir de uma demanda da Prefeitura de Coqueiro Seco. “O ofício das boleiras e boleiros é de fundamental importância porque ele é um patrimônio nosso, especial”, comentou a pesquisadora. “O ofício de vocês é extremamente importante pela história que ele traz, pelo que representa para a cultura, e pelo que representa econômica e socialmente para o estado, o Nordeste e o País.”
A secretária de Cultura de Coqueiro Seco, Josefa Rodrigues, representando a prefeita municipal, Maria Decele Damaso de Almeida, destacou a importância de se trabalhar com foco na sustentabilidade e na preservação da identidade cultural. Também elogiou o caráter coletivo que diferencia o projeto em relação a outras iniciativas que já foram tentadas com as comunidades e não trouxeram os resultados esperados. Esse projeto já começou vitorioso, segundo a secretária, porque os atores perceberam a importância de trabalhar em conjunto. “Nós acreditamos em nossos sonhos; porque não sonhamos sozinhos, sonhamos no coletivo”, disse.
Orgulho da tradição
“A gente vive de bolo. E tudo o que a gente faz é com carinho para vocês”, declarou Eliana Gomes da Silva, representando as boleiras. Ela contou sobre o ofício herdado da mãe e as dificuldades que enfrentam. Mas, apesar de todos os desafios, tem orgulho da tradição. “Eu amo o meu trabalho”, reforçou. Já Paulo Lauro da Silva lembrou a sua trajetória, desde a infância, quando aos 11 anos começou a fazer e a vender os bolos com um balaio na cabeça, depois teve uma bicicleta e agora faz as entregas de moto. “Temos que ter uma boa qualidade do produto e cuidado no preparo”, reconheceu. Também falou que está contando com a ajuda da Embrapa e das pessoas. “Ninguém é forte sozinho”, afirmou.
Para a secretária de Turismo de Coqueiro Seco, Betânia Barros, foi uma satisfação ter uma resposta tão imediata da Embrapa. Betânia foi quem escreveu para a Empresa solicitando apoio para a iniciativa. “Tenho certeza que ao final do projeto vamos ter um diferencial”, declarou. O envolvimento das prefeituras é fundamental para o sucesso do projeto, de acordo com a pesquisadora Claire Cerdan, do Centro de cooperação internacional em pesquisa agronômica para o desenvolvimento (Cirad), que integra o comitê gestor do projeto Boleiras das Alagoas. “Para superar as dificuldades que vocês encontram, é importante pensar juntos”, alertou Claire.
Representando a Câmara de Santa Luzia do Norte, a vereadora Maria Verônica Duarte de Oliveira reforçou que é preciso valorizar a riqueza local. Ela ainda se prontificou a ajudar. “Estou de braços abertos para apoiar”, enfatizou. O secretário da Cultura e do Turismo de Santa Luzia do Norte, Pedro Soares - o poeta Pedão - enalteceu as boleiras. “São guerreiras. É disso que elas tiram o sustento das famílias; e muito representam a cultura gastronômica no estado, no Nordeste e no País.” Pedão escreveu uma poesia especialmente para o projeto, exaltando o ofício e a cultura do povo quilombola. Veja um trecho aqui.
A riqueza gastronômica de Alagoas foi ressaltada pelo chefe-geral da Embrapa Alimentos e Territórios, João Flávio Veloso, que falou sobre a importância de conectar essas atividades à indústria do turismo. “Vocês precisam se associar; buscar atividades conjuntas”, orientou. Ele ainda frisou a necessidade de políticas públicas para apoiar o desenvolvimento territorial. “Contem conosco. A Embrapa vai estar cada vez mais perto de vocês”. O chefe explicou que a Embrapa Alimentos e Territórios vai desenvolver pesquisas para agregar valor aos produtos agroalimentares. Ele lembrou que a ciência tem a responsabilidade de melhorar a vida das pessoas e o projeto vai ajudar a preservar a cultura alimentar da região.
Nadir Rodrigues (MTb/SP 26.948)
Embrapa Alimentos e Territórios
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