31/01/23 |   Comunicação

Antropólogo Raul Lody fala sobre patrimônios alimentares em evento promovido pela Embrapa

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Foto: Divulgação

Divulgação -

Um tour virtual pelo Museu da Gastronomia Baiana. Esse foi o cenário da palestra do antropólogo Raul Lody (foto) intitulada “Patrimônios Alimentares: para se comer a cultura”, ocorrida nesta terça-feira, 31/01. O bate-papo faz parte do evento Alimentos.com Ciência, um espaço para trocas e aprendizagens promovido mensalmente pela Embrapa Alimentos e Territórios, com discussões temáticas alinhadas à atuação do centro de pesquisa. 

O chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Alimentos e Territórios, Ricardo Elesbão, deu as boas-vindas e fez a apresentação do palestrante. Pesquisador da antropologia da alimentação desde 1972, Lody é autor de 39 livros e 585 artigos que abordam as temáticas comida, alimentação, cultura, sociedade e patrimônio, de roteiros de cinema e vídeo e vencedor de premiações internacionais como o Gourmand World Cookbook Awards.

Idealizador e curador do Museu da Gastronomia Baiana e do Museu Virtual do Açúcar e do Doce, além de tutor do Observatório do Patrimônio Gastronômico do Nordeste e Espírito Santo, Lody iniciou a apresentação falando sobre a sua trajetória e interesse em atuar no tema, no qual transita há 52 anos.

Inicialmente, o antropólogo citou a Carta de Fortaleza, de 1994, documento que teria sido “a grande alavanca para problematizar o campo da cultura imaterial”. Ele também falou sobre vivências que teve no México, nos anos 1980, com os chamados “Patrimônios culturais tradicionalmente não consagrados”, um conjunto de testemunhos onde estão os idiomas, a música, a dança, o teatro, as tecnologias artesanais, a comida e os processos culinários complexos mexicanos. 

Um pouco antes, no início dos anos 1970, Lody relatou que a Carta de Santiago teria problematizado a questão do museu, comunidade, sociedade e patrimônio, não apenas como difusores de histórias e heróis, como era mais comum até o advento da Convenção da Unesco para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial.

“Tudo isso colabora, enriquece e localiza a questão de equipamentos tradicionais de difusão, de comunicação e de coordenação de ações construtoras de identidade, de cidadania e direito cultural que são os museus”, disse o palestrante. 

Museu da Gastronomia Baiana - Em seguida, Lody apresentou como estudo de caso o Museu da Gastronomia Baiana, criado e idealizado no Senac-Bahia há quase 17 anos e pioneiro no Brasil e na América Latina. O antropólogo fez questão de ressaltar que ainda existem pouquíssimos museus de gastronomia no mundo e uma tendência de crescimento dos chamados “espaços de interpretações expográficas”.

Lody citou dados que apontam que no Brasil somente entre 8% e 10% da população já entrou pelo menos uma vez numa exposição/museu. “Há um retrato reduzido do uso, aproveitamento e interatividade com esses espaços de comunicação que são os museus, exposições temporárias e outros espaços”, disse.

O Museu da Gastronomia Baiana fica num espaço estrategicamente localizado em Salvador e integra o Largo do Pelourinho, um sítio histórico reconhecido pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. Lody o definiu como um lugar multidisciplinar, com profissionais que trabalham e atuam na construção e na continuidade do museu como um organismo vivo.

“Esse entendimento é muito importante porque o museu não é apenas um lugar de guarda, de depósito e de exposição, não é apenas o espaço físico que ele ocupa. O museu é um comportamento e uma ação ideológica que se multiplica nas suas ações extensivas”, definiu.

Lody também falou da importância da comunicação visual dentro de um museu. "Ele é, antes de tudo, um lugar tradicionalmente de comunicação, de expressão, de tocar o outro pela informação ou pelo estímulo ao conhecimento, à reflexão, à crítica, ou seja, tem que mexer com o sentimento e com a emoção de quem o visita”, disse. 

O palestrante falou sobre alguns antecedentes históricos do museu, como um conjunto de onze publicações da Editora Senac Nacional do final dos anos 1980, intituladas “Formação da Cozinha/Culinária brasileira”, nas quais Lody foi co-organizador.

Em seguida, Lody proporcionou aos participantes da live um “tour virtual” pelo Museu da Gastronomia Baiana, apresentando e explicando os espaços que o compõe, como o de Exposição de longa duração; Exposição temporária/vitrine-homenagem; Bahia Bar; Restaurante-Escola Senac Pelourinho; Sala Mestre Pastinha e Dona Romélia; Espaço Café & Chocolate; Loja-museu Doces & Livros (livraria especializada em gastronomia e hospitalidade); Galeria Nelson Daiha de exposições temporárias dedicadas à art-food e Restaurante História & Sabor de cozinha trivial, multicultural e multiétnica. 

“As ações mais profundas da interatividade são quando você toca na experiência e na história do outro. Por isso nós optamos pela interatividade da experiência”, comentou Raul Lody ao afirmar que um dos objetivos do museu é mostrar a diversidade de experiências alimentares possíveis. “O museu é um construtor de identidade - comer com os olhos, comer de colher, comer de garfo”, lê-se numa das paredes. 

Ao final da visita virtual, Lody interagiu com os cerca de 50 participantes da live e respondeu a diversos questionamentos relacionados ao tema. “O museu é uma grande experiência alimentar, um espaço de educação patrimonial, a ação possível de experimentar a linguagem. No caso, se eu vou para um museu de gastronomia, eu tenho que comer o museu. O nosso acervo é o acarajé… um olhar hiper contemporâneo sobre comida, cultura e sociedade”, concluiu. 

* Raul Lody assina os blogs Brasil Bom de Boca  e Museu do Açúcar e Doce.

Irene Santana (MTb 11.354/DF)
Embrapa Alimentos e Territórios

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