Embrapa Agroindústria Tropical leva novas formulações à Anuga
Embrapa Agroindústria Tropical leva novas formulações à Anuga
Seis novos produtos desenvolvidos a partir de matérias-primas tropicais serão apresentados pela Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza - CE) na Anuga Select Brazil 2024 – feira de alimentos e bebidas realizada de 9 a 11 de abril de 2024, no Distrito Anhembi, em São Paulo. A partir de babaçu, pitaya, algas marinhas e caju, foram desenvolvidas as novas formulações de bebida vegetal, análogo de queijo, barrinha de proteína, “colouring food” (alimento que confere cor) e itens prontos congelados como quibe e vatapá.
Os produtos valorizam ingredientes produzidos no Brasil, levando em conta tendências de consumo e o aproveitamento integral das matérias-primas, o que repercute em maior agregação de valor e em redução de impactos ambientais.
Um exemplo é o uso da fibra do pedúnculo do caju para produção de alimentos de origem vegetal que mimetizam a carne. A aplicação industrial desta fibra agrega valor ao coproduto da extração de suco de caju que atualmente é pouco aproveitado. “Ainda existe um grande desperdício de pedúnculo do caju, a Embrapa tem oferecido ao mercado alternativas para valorização dessa matéria-prima. Uma rota viável nesse sentido é a associada ao nicho de mercado vegetariano”, salienta Aline Teixeira, chefe-adjunta de transferência de tecnologia da Embrapa Agroindústria Tropical.
A pesquisadora Ana Paula Dionísio, da Embrapa Agroindústria Tropical, que atua com desenvolvimento de novos produtos, destaca que existe grande potencial de uso da fibra de caju no fortalecimento da indústria nacional plant-based. Entre as vantagens apontadas estão o baixo custo da fibra, obtida de subproduto industrial e o fortalecimento de uma cultura nativa adaptada às condições do semiárido, de baixa demanda hídrica, o que é interessante do ponto de vista da sustentabilidade ambiental. Ela acredita que a partir dos processos empregados, no futuro, a fibra poderá ser comercializada globalmente, contribuindo para a diversificação da indústria plant-based mundial.
A pesquisadora Selene Benevides, que desenvolveu um quibe de fibra de caju enriquecido com proteínas de algas marinhas, diz que as propriedades da fibra permitem a incorporação do ingrediente em diferentes formulações. “É uma matéria-prima versátil com características interessantes de sabor, textura e aparência. Ideal para compor produtos com a adição de proteínas vegetais alternativas como lentilha, ervilha, grão-de-bico, algas, dentre outras”, diz a pesquisadora.
Saúde
Entre as novas formulações, estão produtos que fazem bem à saúde dos consumidores. Um dos exemplos é o análogo a queijo cremoso simbiótico. A formulação utiliza amêndoas de castanha de caju quebradas, um probiótico e um prebiótico. A pesquisadora Selene Benevides explica que os probióticos são microrganismos vivos que, administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde. Já os prebióticos são fibras que servem de alimento para estes microrganismos intestinais benéficos.
Segundo Selene Benevides, o análogo a queijo cremoso tende a promover uma sinergia que pode superar os efeitos positivos isolados do prebiótico e do probiótico, permitindo reforçar uma resposta imune intestinal. Além disso, a matéria-prima do produto é a amêndoa de castanha de caju quebrada, que é rica nutricionalmente, mas como é quebrada apresenta menor valor de mercado. Ensaios clínicos para comprovar esses efeitos benéficos serão conduzidos ainda em 2024.
Conheça os novos ativos:
Bebida vegetal de amêndoa de babaçu
Alternativa a derivados de leite para quem não pode ou não deseja consumir lácteos tradicionais, a bebida é obtida a partir da trituração do babaçu em água. O produto apresentou bom desempenho em testes de análise sensorial. Outro detalhe importante é o rendimento: três litros por kg de amêndoa, o que é considerado bom para a indústria. O ativo representa nova opção de geração de renda para as organizações comunitárias de quebradeiras de coco do Maranhão.
Concentrado vermelho-violeta de pitaya
Um concentrado vermelho-violeta intenso, natural, obtido com tecnologia limpa, e que faz bem à saúde. Desenvolvido a partir da pitaya, da variedade Hylocereus polyrhizus (casca e polpa vermelhas), o produto está pronto para elevação de escala tecnológica junto a empresas interessadas em sua produção como alternativa promissora para o mercado de corantes. Dependendo da concentração, confere diferentes nuances de vermelho, violeta e rosa e pode ser utilizado nas indústrias alimentícia, cosmética e de fármacos, entre outras.
Análogo a queijo cremoso simbiótico de amêndoas de castanha de caju
O análogo a queijo cremoso simbiótico à base de amêndoas de castanha de caju pode substituir o queijo tradicional para quem tem restrição alimentar ou não deseja consumir lácteos tradicionais. Produzido a partir de amêndoas quebradas, que apresentam menor valor de mercado, o produto é enriquecido com prebiótico (FOS comercial) e probiótico (Bifidobacterium animalis subsp. lactis), o que o caracteriza como produto funcional. Em testes de análise sensorial, apresentou boa aceitação global e intenção de compra.
Barra proteica de amêndoa de castanha de caju e yacon
A barra proteica apresenta 24% de proteína e é elaborada a partir da torta parcialmente desengordurada da amêndoa de castanha de caju, co-produto do processamento para a extração do óleo. Alternativa a barras proteicas disponíveis no mercado, o produto clean-label utiliza poucos ingredientes em sua formulação. É elaborado com proteína de amêndoa de castanha de caju adicionada de oligossacarídeos prebióticos (FOS) provenientes do yacon. Em testes de análise sensorial, apresentou boa aceitação global.
Vatapá a base de fibra de caju
O alimento industrial vegetal é formulado com a fibra de pedúnculo de caju e outros ingredientes, com estabilidade avaliada até 80 dias sob congelamento (-18 °C), podendo acompanhar outros alimentos da refeição. O ativo atende à demanda de empresas interessadas em produzir alimentos para o público vegano, vegetariano ou interessado em diminuir consumo de alimentos de origem animal. É apresentado congelado em pacotes plásticos de polietileno, pronto para consumo diretamente após aquecimento em micro-ondas ou panela.
Quibe à base de fibra de caju e proteína de alga
Produto plant-based formulado com a fibra de pedúnculo de caju adicionada de proteína de macroalga liofilizada, além de temperos utilizados no quibe tradicional. Pode ser consumido diretamente após assado, como petisco, acompanhado de saladas, ou seja, de forma semelhante ao quibe tradicional. Sua estabilidade foi avaliada em até 180 dias sob congelamento (-18 °C), mostrando boa aceitação do produto. A tecnologia tem indicado que pode ser adotada por empresas produtoras de alimentos plant-based, como mais um produto com proteínas alternativas. Destaca-se pela alta praticidade de preparo, por sua apresentação em embalagem pronta para ir ao forno.
Sobre a feira
A Anuga Select Brazil é organizada pela Koelnmesse Brasil em parceria com duas unidades da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a FGV Europe e a GV Agro, dedicada a atividades relacionadas ao agronegócio e à indústria alimentícia e de bebidas. O evento ocorre de 9 a 11 de abril de 2024, no Distrito Anhembi, em São Paulo.
Verônica Freire (MTb 01125/JP)
Embrapa Agroindústria Tropical
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