A inoculação de sementes com estirpes bacterianas fixadoras de nitrogênio é uma prática consagrada no Brasil para a cultura da soja. Para outras culturas de grãos, no entanto, está longe de atingir um patamar significativo, o que é amplificado nas áreas de agricultura familiar. A intenção desta pesquisa foi desenvolver uma prática para inoculação de sementes de feijão comum e de feijão-caupi a partir do extrato de nódulos de raízes disponíveis nas unidades produtivas.
O uso desse extrato, capaz de promover a fixação biológica de nitrogênio (FBN) e contribuir para a produtividade dessas culturas, facilita a produção do inoculante pelo próprio agricultor, trazendo ainda outras vantagens, como uma maior eficácia – por utilizar estirpes bacterianas bem adaptadas às condições de clima e solo locais – e a eliminação de etapas críticas ligadas à produção em maior escala e à distribuição de inoculantes comerciais.
Os extratos de nódulos têm sido obtidos a partir de raízes de plantas cultivadas em solo com histórico de boa nodulação. É recomendável que a aplicação restrinja-se à unidade produtiva em que foram retirados, para evitar uma possível, embora remota, disseminação de microrganismos potencialmente patogênicos e sementes de ervas espontâneas. A produção de “bancos de nódulos” obtidos por meio de plantas de feijão envasadas e originadas de sementes inoculadas com extratos de nódulos em substrato comercial garantidamente livre de propágulos, busca eliminar quaisquer riscos dessa natureza.
Este projeto fez testes de campo visando à padronização da prática, validados em unidades de produção de base familiar. Além disso, buscou o avanço do conhecimento a respeito das comunidades bacterianas presentes nos extratos. Também foram avaliadas diferentes condições para estocagem de substratos aptos a produzir bancos de nódulos, de forma que fiquem disponíveis para o agricultor sempre que sejam necessários.
Multiplicadores receberam treinamento na implantação da prática alternativa de inoculação nas unidades familiares e também em metodologias para dimensionar a percepção e a adoção da prática pelos agricultores, avaliar os indicadores de sustentabilidade e os potenciais impactos de natureza sócio-econômica e ambiental. Os multiplicadores foram treinados, ainda, no reconhecimento de doenças parasitárias dos feijões, incluindo aquelas específicas do sistema radicular, bem como aos procedimentos a serem adotados para a seleção de áreas aptas à produção de bancos de nódulos. A prática alternativa de inoculação foi avaliada em experimentos de campo e validada em unidades de agricultores familiares.