O estudo visa o pedido de Indicação Geográfica da tainha pescada na região Em evento realizado no dia 26 de março, na sede da Associação de pesca da Praia da Pitória, em São Pedro da Aldeia/RJ, a zootecnista Fabíola Fogaça, pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, apresentou aos pescadores alguns dados do estudo que termina em junho. “Já podemos afirmar que a tainha da Lagoa de Araruama tem um percentual diferenciado de nutrientes que a diferenciam dos demais locais do país”, disse Fabíola. Liderado pela pesquisadora, o projeto da Indicação Geográfica da Tainha da Lagoa de Araruama é financiado pela Faperj e está em fase de elaboração de relatório final (Caderno de Informações Técnicas), para submissão do pedido de IG do pescado ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial-INPI. Com base nas informações coletadas nestes dois anos de estudos, é possível afirmar que as características geográficas e a forma de pescar a tainha são determinantes para o seu sabor e a sua composição nutricional. Como parte das pesquisas, a Embrapa Agroindústria de Alimentos vem realizando diversas análises nutricionais e microbiológicas, tanto da tainha de Araruama como de pescados da mesma espécie de outras regiões do país. Além disso, outras instituições estão envolvidas com o levantamento de informações históricas, ambientais e geográficas. Se aprovada, a IG da tainha da Lagoa de Araruama vai beneficiar diretamente cerca de 700 famílias que vivem da pesca na localidade. “A gente está ansioso para conseguir a IG porque além de ter como mostrar que o pescado daqui é diferenciado, vamos poder melhorar a renda das famílias, com um produto mais valorizado”, comenta Francisco da Rocha Guimarães Neto, o Chico Pescador. A IG foi idealizada com base nos relatos de moradores, pescadores e consumidores que afirmam o diferencial do sabor e textura do pescado. Mas para garantir o selo, é necessário comprovar cientificamente o que a população do entorno da lagoa já afirma há muito tempo, ou seja, que as águas hipersalinas (com uma alta concentração de sais dissolvidos) proporcionam um sabor diferenciado à tainha. “A gente não tinha noção dos tipos de nutrientes e o quanto ela é realmente especial”, diz Chico. Enquanto a salinidade do oceano está em torno de 35%, a Lagoa de Araruama apresenta uma salinidade média de 52%, o que faz dela a mais salgada do mundo. São 220 km de extensão que abrangem seis municípios da Região dos Lagos: Araruama, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Iguaba Grande, Saquarema e São Pedro da Aldeia. O projeto, coordenado pela Embrapa Agroindústria de Alimentos, conta com apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Ministério da Agricultura, Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro (Fiperj) Cabo Frio, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade Federal Fluminense (UFF) e prefeituras e secretarias dos municípios.